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Em desempenho, a C3 Picasso e seu motor de 113 cv equivalem-se à Idea; a suspensão confortável sofre mais com os pneus de perfil baixo

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Com a melhor relação peso-potência, a Fiat é líder em aceleração; seu rodar é macio e bem controlado, embora transmita muito os impactos

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Bom torque e menor peso favorecem a SpaceFox em baixas rotações, mas não em alta; a suspensão dura e sem maior estabilidade incomoda

Mecânica, comportamento e segurança

O motor da C3 Picasso equivale-se em arquitetura ao novo E-Torq da Idea, com as quatro válvulas por cilindro que a SpaceFox não tem. No restante são similares os três, sem recursos de variação do tempo de abertura das válvulas ou do coletor de admissão. Assim, em parte pela maior taxa de compressão, a Fiat obtém os maiores torque e potência: 16,2/16,8 m.kgf e 115/117 cv (gasolina e álcool, na ordem), contra 14,5/15,8 m.kgf e 110/113 cv da Citroën, ficando a VW para trás em potência, com 101/104 cv, mas equilibrada em torque, 15,4/15,6 m.kgf.

O que compensa em parte a menor potência da SpaceFox é o regime bem mais baixo do torque máximo, 2.500 rpm, ante 4.000 a 4.500 rpm das outras. E isso explica a diferença de comportamentos: a VW mostra desenvoltura já nas baixas rotações, mas parece perder o fôlego quanto o ponteiro do conta-giros sobe, enquanto as outras parecem fracas nos menores regimes e ganham ímpeto da faixa média para cima — característica que chega ao exagero na Idea, cujo motor incomoda pela falta de respostas abaixo de 2.000 rpm.

Em desempenho absoluto, porém, elas ficam muito próximas, seja em velocidade máxima, aceleração ou retomada, como indicou a simulação do Best Cars. Também há equilíbrio em consumo nos ciclos urbano e rodoviário (veja os resultados e a análise detalhada).

Dos motores, o da C3 Picasso mostra-se o mais suave em funcionamento, com certa equivalência entre os outros, enquanto o isolamento de ruídos é adequado nas três. O que incomoda na Citroën é o câmbio muito curto, que dá a sensação de "pedir marcha" no uso rodoviário, enquanto as concorrentes trabalham em rotação mais baixa e confortável. Uma revisão nesse aspecto, além de deixar a C3 mais silenciosa, traria benefício ao consumo.

A SpaceFox sai à frente quando o assunto é câmbio: seus engates muito leves e precisos fazem dele, ao lado das caixas da Honda, uma referência na produção nacional. Além disso, a alavanca está em posição mais adequada que nas adversárias. Na C3 Picasso, a pouca altura e a montagem algo recuada remetem à adaptação da plataforma do C3 a uma minivan e, em parte por isso, o bom câmbio não agrada tanto pelo comando nesse modelo, assim como o da Idea parecia "enroscar" em algumas mudanças. O que a Citroën tem de melhor é o engate da ré, sem o anel-trava desnecessário da Fiat (na VW ele é essencial pela posição dessa marcha, junto à primeira).

Embora os conceitos de suspensão sejam iguais, os resultados diferem pelos métodos de calibração. Comportamento dinâmico e conforto pareceram-nos melhores na C3 Picasso e na Idea, que mostram fácil controle em qualquer condição e rodam com relativa suavidade. A Citroën melhoraria com pneus de perfil mais alto, para melhor absorção de impactos, aspecto em que a Idea avaliada também não agradou (seria efeito do pneu adotado, o mesmo Pirelli P7 nas três?). A SpaceFox fica para trás em ambos os quesitos: o rodar é desconfortável, mas o carro não transmite tanta confiança em curvas, indicação de que a VW precisa rever o acerto de suspensão.

Nas três a direção conta com assistência hidráulica, que está bem calibrada para deixar o volante leve em manobras e preciso em velocidade. A C3 Picasso recebeu relação de caixa mais baixa que a da Aircross, para respostas mais rápidas, o que trouxe bom resultado sem que ficasse pesada para estacionar. Os freios de todas contam com sistema antitravamento (ABS) de série, potência e calibração de assistência adequadas.

Há equilíbrio nos sistemas de iluminação, com faróis de duplo refletor (os da Idea agora usam o tipo elipsoidal no facho baixo, mais eficiente) e unidades de neblina à frente e atrás (esta ausente da Fiat). Faltam à C3 Picasso os repetidores laterais de luzes de direção, que as outras trazem nos retrovisores. Por falar neles, os espelhos são convexos em ambos os lados nos três modelos.

A Idea é um dos piores carros do mercado em visibilidade dianteira: as colunas duplas e muito largas criam amplos pontos cegos, capazes de encobrir até um carro que venha em ângulo pela esquerda — chega a espantar que um projeto tão malfeito tenha sido aprovado para produção. Na SpaceFox há uma só coluna por lado, mas larga, avançada e com um ponto cego importante na região dos retrovisores. Nesse campo, quem acertou foi a Citroën: das duas colunas por lado, a mais avançada é bastante estreita e a visão como um todo é bem mais ampla que nas oponentes.

A dotação de segurança passiva de série é similar nos três modelos, que vêm com bolsas infláveis frontais e encostos de cabeça para os cinco ocupantes (o central não equipava a SpaceFox avaliada, modelo 2011). A Fiat sobressai ao oferecer bolsas laterais dianteiras, opção que a unidade avaliada trazia. Faltas comuns a todas são as do cinto de três pontos para o passageiro central atrás e de fixações Isofix para cadeiras infantis, falha lamentável em carros tão voltados ao uso familiar. Continua

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Bons faróis duplos e unidades de neblina equipam os três modelos, mas à C3 Picasso (à esquerda) faltam repetidores laterais de luzes de direção

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