C4: linhas mais arredondadas e soluções próprias de estilo em uma carroceria ainda bastante atual, apesar dos quatro anos de Europa

Focus: formas mais angulosas em uma segunda geração lançada no mercado europeu em 2004, mas amplamente remodelado na linha 2008

Concepção e estilo

O Focus foi lançado na Europa em 1998 e chegou ao mercado nacional dois anos mais tarde (leia história). Já em 2004 aparecia por lá a segunda geração, cujo desenho sem grande inspiração pode ter motivado a Ford — ao lado do fator custo, é claro — a não a trazer à produção argentina. Preferiu aguardar que em 2007 fosse apresentada aos europeus uma ampla re-estilização (apenas o teto foi mantido), que no ano passado chegou ao país vizinho. Já o C4 hatch surgiu na França ao mesmo tempo que o segundo Focus como sucessor do Xsara de 1998. O VTR de três portas não demorou muito a chegar aqui como importado, em 2006, mas foi preciso esperar mais dois anos e meio pelo de cinco portas, agora fabricado na Argentina.

Os dois carros transmitem modernidade, cada um a seu modo. O Focus recorre a formas mais angulosas, que passam impressão de solidez, sobretudo quando visto por trás; o C4 é mais arredondado, com destaque para a linha contínua da base do parabrisa até o parachoque traseiro. Em ambos os faróis têm formas ousadas e as lanternas posteriores usam as colunas. E tanto um quanto outro conseguiram ampla aprovação das pessoas que o viram durante a avaliação.

A Citroën local informa o ótimo coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,29 para o C4 hatch, mas esse é o da versão francesa de 1,4 litro com pneus mais estreitos. Os materiais europeu e argentino atribuem à versão de 2,0 litros o valor 0,31 (na prática deve ser maior no modelo sul-americano por causa da suspensão mais alta), por isso adotado pelo Best Cars. É pouco melhor que o do Focus (0,324), mas o C4 se beneficia ainda de menor área frontal, o que resulta em valor bem melhor na multiplicação: 0,74 ante 0,82 (considerando áreas frontais estimadas).

Conforto e conveniência

Se o aspecto interno do Focus é atual, o do C4 chega a ser futurista. Além de formas mais criativas em praticamente todos os elementos, traz painel digital com as principais informações em mostrador central elevado, contagiros sobre a coluna de direção e volante com cubo central fixo, dotado de comandos para áudio, limitador e controlador de velocidade, entre outros. Diante de tanta ousadia, o interior do concorrente parece bem mais antigo — sobretudo em detalhes como as maçanetas e painéis de porta, que perderam o desenho inspirado da geração anterior. É verdade que há quem prefira algo mais tradicional, com instrumentos analógicos e tudo no lugar habitual, mas o Citroën é também superior no acabamento.

Se os dois carros usam plástico de bom padrão no painel, esta geração do Ford decaiu em qualidade no restante dos materiais, caso da faixa superior das portas e do volante algo ásperos (o do C4 também, mas só numa faixa inferior). No revestimento de bancos a marca francesa usa tecido aveludado, mais suave e elegante que o da norte-americana, embora este último pareça esquentar menos em nosso clima. O Focus evoluiu em posição de dirigir com os novos bancos, em que o encosto acompanha o ajuste de altura do assento. Como ambos os modelos oferecem ampla gama de regulagens, bancos de boa conformação e posição correta de volante e pedais, estão equilibrados em conforto. A favor do Ford, o volante de quatro raios ante apenas dois do Citroën, embora este tenha apoios adequados aos polegares no local onde estariam os raios superiores. Continua

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