

C4: bom acerto de suspensão
deixa o rodar confortável na maioria das situações, mas impactos são
mais transmitidos, até mesmo ao volante


Focus: embora primoroso em
estabilidade e com suspensão traseira independente multibraço, poderia
usar amortecedores menos firmes

Bom recurso no Ford: três
programas de assistência para a direção |
Embora desagradável no
uso cotidiano, o câmbio curto do C4 contribui
— assim como o menor peso, o
maior torque e a melhor aerodinâmica — para lhe dar a vitória em
desempenho, seja em velocidade máxima, aceleração ou retomada. Em alguns
quesitos a vantagem é expressiva, em outros discreta. O Focus, por outro
lado, beneficia-se da caixa longa para consumir menos (veja
os resultados da simulação e a análise detalhada).
Ambos os câmbios têm engates precisos e
fácil colocação da marcha à ré, pela posição de sexta marcha
e sem anel-trava desnecessário. A
sincronizada do Focus é conveniente em manobras frente-trás sucessivas, pois pode ser engatada antes mesmo de parar o
carro, desde que a menos de 10 km/h (acima dessa velocidade um bloqueio
impede o engate). Já era assim nas antigas versões com motor Zetec 2,0,
antes da adoção do Duratec, mas na época havia um anel-trava que
retardava o engate e anulava essa vantagem. Um ponto que a Ford precisa
rever é o peso da embreagem, bem acima do habitual em nossos dias.
Os dois usam assistência de direção
eletroidráulica, mas só no Focus é possível ajustá-la entre os
modos conforto, normal e esporte (saiba
mais). O volante poderia ficar até mais leve em baixa velocidade no
modo conforto, como nas assistências elétricas de C3, Mégane e Stilo,
mas como é já constitui vantagem sobre o do C4. Ambos ganham peso
correto em velocidade. O Citroën é pouco superior em freios por trazer
assistência adicional em emergência, por
sistema mecânico, enquanto discos nas quatro rodas, sistema
antitravamento (ABS) e distribuição
eletrônica entre os eixos equipam os dois.
O Ford volta a mostrar requinte técnico na suspensão traseira
independente do tipo multibraço com
subchassi, cujas vantagens aparecem no
impecável comportamento dinâmico, que convida a tomar curvas com vigor,
e no conforto de marcha beneficiado pela independência entre as rodas.
Um percurso sinuoso ficou ainda mais prazeroso de ser cumprido nesta
geração, em parte pelos pneus mais largos (antes 195/60 R 15, agora
205/55 R 16, mesma medida do C4), em parte pela excelente precisão de
direção. A saída de frente é discreta e transmite confiança a forma como
a traseira permanece estável quando se corta a aceleração, mérito do
sistema multibraço.
No entanto, a carga elevada de amortecedores cobra seu preço no conforto
em algumas situações, como ao rodar devagar por pisos irregulares:
sente-se o carro "amarrado" demais às oscilações pelas quais as rodas
passam. E esta unidade com pneus Pirelli P7 (no sedã Ghia já avaliado
eram Bridgestone Turanza ER30) mostrou aspereza e ruído de rodagem a
ponto de incomodar, um mal que afeta também outros modelos da Ford, como
novo Ka e Fiesta.
O C4, apesar da suspensão traseira mais simples de eixo de torção,
mostra boa calibração, estabilidade correta e relativo conforto, além de
transpor lombadas tão bem quanto o oponente. Os pneus Michelin Energy
não são ásperos e, embora desgarrem antes do que se espera, o limite
ainda assim é alto e traz confiança. Crítica mesmo é a absorção de
impactos, que chegam também ao volante nas curvas. Parece se tratar de
falha de projeto da linha C4 ou de consequência das alterações no chassi
para o mercado local, pois o Pallas padece do mesmo mal e os dois
modelos usam diferentes pneus da Michelin (o inconveniente é percebido
mesmo no C4 VTR, que usa medida 195/65 R 15). Incomodam também alguns
ruídos da suspensão em trechos irregulares.
Os dois modelos estão bem-equipados quanto a iluminação e sinalização:
contam com faróis de duplo refletor de
superfície complexa (o C4 oferece os
elipsoidais com
lâmpadas de xenônio apenas na versão
Exclusive com pacote de opcionais), repetidores laterais das luzes de
direção e terceira luz de freio. Só o Citroën vem com faróis de neblina,
mas a luz traseira para mesmo fim está nos dois. Vantagem do Focus
quanto a visibilidade são os retrovisores
biconvexos — até o direito —, ante os convexos do C4. As colunas
dianteiras, mais avançadas do que o ideal em ambos, prejudicam um pouco
a visão.
Há equilíbrio também em segurança passiva.
Nesta versão GLX, sem a opção de bolsas infláveis laterais e cortinas
(restritas à Exclusive), o C4 empata com o Focus ao oferecer apenas as
frontais, de série, além de cintos de três pontos para todos os
ocupantes. Não há, porém, encosto de cabeça central traseiro em
nenhum deles.
Continua
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