O Strada é um pouco mais
rápido, mas sofre com aerodinâmica e peso desfavoráveis; os faróis
baixos do tipo elipsoidal são muito eficientes
Rodar suave, menor consumo e
baixa rotação em viagem são pontos positivos no Saveiro, mas seus pneus
de asfalto não servem para lama |
Mecânica,
comportamento e segurança
Há
muitas características técnicas em comum entre os motores (saiba
mais) agora que o Saveiro adotou o da linha EA, deixando de lado o
tradicional AP, enquanto o Strada permanece com a unidade fornecida pela
ex-sócia General Motors. Assim. a diferença de 200 cm³ em cilindrada a
favor do Fiat reflete-se em potência e torque superiores: 112 cv e 17,8
m.kgf com gasolina, 114 cv e 18,5 m.kgf com álcool, ante 101 cv/15,4
m.kgf e 104 cv/15,6 m.kgf do VW. Nos dois casos, o baixo regime de
torque máximo (2.800 e 2.500 rpm, na ordem) indica boa disposição nas
rotações inferiores, o que é bem-vindo sobretudo nesse tipo de veículo.
A vantagem em desempenho é, como se espera, do Strada — mas por pequena
margem. Com 125 kg a mais de peso e pior aerodinâmica, ele supera o
Saveiro por pouco em aceleração e quase empatam em velocidade máxima,
com o Fiat bem na dianteira só nas retomadas. Ele é realmente mais ágil
em qualquer situação — em especial em baixas rotações, nas quais o
Saveiro parece um pouco preguiçoso —, mas não tanto quanto os valores de
torque fariam supor. Os dois motores são relativamente silenciosos, mas
produzem certa vibração em altos giros, dentro do normal para picapes. O
VW mostra-se mais econômico em todas as condições de uso (leia
análise detalhada).
A nova geração do Saveiro compartilha com Gol, Fox, Polo e Golf um
câmbio muito agradável de usar, bastante leve e preciso, dos melhores do
mercado nacional. Deixa para trás o do Strada, que é apenas bom. A Fiat
poderia eliminar o anel-trava para engate da marcha à ré, dispensável
por existir bloqueio interno contra acionamento inadequado. Já a VW
precisa da trava por meio de pressão na alavanca, pois sua ré está na
mesma posição da primeira marcha. Ainda em transmissão, o bloqueio de
diferencial do Strada (saiba
mais) é um bom recurso auxiliar em caminhos difíceis, onde pode
fazer a diferença entre voltar a rodar e ficar atolado com uma roda
dianteira girando em falso.
Os fabricantes seguiram caminhos diferentes para a suspensão traseira (saiba
mais), o que explica os comportamentos distintos. O Saveiro, assim
como o Montana, parece um automóvel com molas e amortecedores mais
firmes na traseira, sem chegar a ser desconfortável. Já o Strada não
nega a origem utilitária de seu conceito de suspensão posterior: é um
tanto duro, apesar de ter capacidade de carga até menor. Com algum peso
na caçamba, naturalmente, ambos se tornam mais confortáveis. Em estradas
de terra eles se saem bem, mas os pneus do Fiat (Pirelli Scorpion ATR)
estão mais aptos a lidar com lama que os do VW (Pirelli P3000) pelos
sulcos maiores.
O comportamento dinâmico do VW também agrada mais, em parte pelos pneus
mais voltados ao asfalto e com perfil mais baixo (205/60 R 15 contra
205/70 R 15), em parte pela própria diferença de suspensão. Mas o Strada
também oferece boa desenvoltura nas curvas, o que pode surpreender que
espera instabilidade por sua altura de rodagem ou perfil de pneus. A
grande distância entre eixos dos dois modelos, 2,75 metros, ajuda nas
curvas de alta. E passam muito bem por lombadas, embora na Strada Locker
os amortecedores dianteiros com sistema Powershock se mostrem muito
duros a partir de certo ponto de seu curso, causando algum desconforto
quando a carroceria se movimenta mais ao passar pelos obstáculos.
Há equilíbrio quanto a direção, que conta com assistência hidráulica bem
acertada nos dois, e a freios, que oferecem opção de sistema
antitravamento (ABS). Os sistemas de iluminação trazem nova semelhança,
com faróis de duplo refletor, unidades de neblina e terceira luz de
freio. Vantagem do Saveiro é a luz traseira para nevoeiro. Já o Strada
adiciona repetidores laterais das luzes de direção, faróis de longo
alcance (que na prática iluminam muito pouco a mais que o facho alto) e
os baixos principais usam a tecnologia elipsoidal, que resulta em grande
eficiência e precisão no corte de facho. Com boa visibilidade em
qualquer direção, eles contam com grandes retrovisores externos, mas só
o Fiat usa espelho convexo no lado
esquerdo, de maior campo visual. Bolsas infláveis frontais como opção
deixam-nos empatados também em segurança
passiva.
Continua
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