Depois dessa ampla renovação, pouco havia a mudar na linha 1958. O 300D trazia apenas novo pára-brisa e a injeção eletrônica de combustível Bendix Electrojector como opção aos carburadores — pela primeira vez em um carro americano. O sistema, desenvolvido desde 1954, utilizava injetores do tipo selenóide e uma unidade central de controle eletrônico. Identificada pelo logotipo Fuel Injection, a novidade levava-o a 390 cv, mas estava longe de ser confiável, exigia constantes regulagens e um preaquecimento de cerca de 40 segundos para que fosse dada a partida. Pouquíssimos arriscaram: só 35 unidades foram vendidas e, com os problemas, a marca acabou convocando-as para trocar pelos velhos carburadores. O motor básico passava a 380 cv, pelo uso de virabrequim, pistões, válvulas e comando especiais, e os freios ganhavam assistência de série.

No 300D de 1958, uma novidade sem êxito: a primeira injeção eletrônica, que só equipou 35 unidades e acabou sendo trocada pelos carburadores

Aquele era o último ano em que a Chrysler oferecia o Hemi. Para 1959 chegava o 300E, com a substituição do 392 pelo chamado Golden Lion de 413 pol³ (6,8 litros), com cabeçote em cunha (wedge head). Apesar da maior cilindrada, era expressivos 46 kg mais leve que o anterior, sobretudo pelo novo cabeçote. A potência permanecia em 380 cv, mas o torque chegava a 62,2 m.kgf e estava disponível em regimes mais baixos. Também novos eram os pneus Goodyear Blue Streak, em medida 9,00-14, com construção em náilon e desenho mais esportivo, e a direção assistida. O câmbio automático passava a ser o Torqueflite, de três marchas.

Na aparência, destacava-se a grade dianteira com frisos horizontais, em vez do estilo "caixa de ovos" dos anos anteriores. Havia entradas de ar para os freios, abaixo dos faróis, e um novo pára-choque traseiro com luzes de ré. O revestimento interno usava um couro perfurado, que trazia ventilação quando quente, e os bancos dianteiros podiam girar em até 60 graus para facilitar o acesso. Apesar do bom desempenho (0 a 96 em 8,3 segundos, na versão sem injeção), o fim do Hemi parece ter desagradado ao público: as vendas foram as mais modestas desde o lançamento, com apenas 690 unidades.
Continua

O fim do Hemi: o modelo de 1959, o 300E, adotava um novo motor de 6,8 litros, mais leve e com maior torque, além de grade e pára-choque redesenhados
Nas telas

A Chrysler fez grande presença na comédia Deu a louca no mundo (It's a mad mad mad mad world). Lançada nos cinemas americanos em 1963, fez muito sucesso em todo o mundo. Até hoje é muito divertida. Reúne nomes famosos em papéis estratégicos, com atores do quilate de Spencer Tracy, Mickey Rooney, Terry-Thomas e Milton Berle.

No princípio do filme, um sedã preto está em alta velocidade nas estradas do deserto de Nevada, quase na divisa com a Califórnia. Ultrapassa perigosamente cinco veículos e cai logo após num penhasco. O motorista, em vez de morrer, revela que existe um tesouro debaixo de um grande "W". Os condutores dos cinco automóveis ultrapassados ouvem com atenção o pobre homem, quase moribundo, e partem. Pouco depois de se reunir, sem chegar a um acordo, seguem em velocidade pela sinuosa estrada.

Milton Berle faz o papel de J. Russell Finch e dirige um Chrysler 300 de 1962, azul claro, conversível (foto). Está acompanhado de sua bela esposa e da terrível sogra, que não pára de importuná-lo. Mas a participação do automóvel termina quando é abalroado por trás pelo caminhão de mudanças. Disponível em VHS, é imperdível para quem gosta de carros e ótima comédia.

Também no filme Alta sociedade (High society), de 1956, estrelado por Grace Kelly, Frank Sinatra, Bing Crosby e Louis Armstrong, um 300 aparece entre vários carros de classe no pátio de estacionamento da casa de Tio Willie (Louis Calhern), para deixar os convidados na festa.

por Francis Castaings

 
Nas pistas
O primeiro 300 não demorou a se destacar em competições. Já em 1955 pilotos como os irmãos Flock (Tim, Fonty e Bob) e Norm Nelson competiram na Stock Car, que então usava carros praticamente iguais aos de rua. E brilharam. Tim Flock foi campeão, ao vencer 18 das 38 provas de que participou; em 32 delas ficou entre os cinco primeiros. Seu irmão Fonty teve outras três vitórias. A Chrysler faturou o título nesse ano e no seguinte.

No circuito de Daytona, obteve o recorde de velocidade na milha lançada (1,6 quilômetro iniciado já em velocidade), com 204,4 km/h (foto). Parece bom? Pois o 300B, no ano seguinte, já fez bem melhor: marcou 224,2 km/h. Dois anos depois, o 300D acelerado por Norm Thatcher atingia 250 km/h nos famosos lagos de sal de Bonneville, Utah.

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade