Além da arquitetura geral, o 356 era equipado com a embreagem, suspensão (independente nas quatro rodas) e direção do Volkswagen. A caixa de câmbio de quatro marchas, não sincronizada, era também compartilhada e exigia destreza. A fábrica até testava clientes potenciais para saber se conseguiriam passar as marchas sem muitos transtornos. E, além das calotas, o Porsche também tinha de VW um medidor semelhante a uma régua para que o motorista checasse o nível do combustível. A tração era traseira, e os freios, a tambor.

Em 1950, ano deste cupê, a Porsche retornava às origens em Stuttgart e preparava evoluções para o 356, como o motor de 1,3 litro

De volta para casa   Um total de 50 unidades foram feitas em Gmünd até 1950, ano em que a fábrica do 356 mudava-se para o lar da Porsche, em Zuffenhausen, bairro de Stuttgart. A empresa Reutter ficara encarregada de produzir 500 cupês e a Gläser/Heuer faria alguns poucos conversíveis. Em março de 1951 o 356 de número 500 estava pronto, abrindo caminho para alguns aperfeiçoamentos.

Vinham tambores de alumínio para os freios, novos amortecedores traseiros (telescópicos em vez dos de braço) e coluna de direção ajustável, opcional para quem tinha braços mais curtos. A frenagem também se beneficiava dos dois cilindros de roda na dianteira, de maneira a formar duas sapatas primárias. Mas o chamariz ficava por conta do novo motor apresentado no Salão de Frankfurt daquele ano. Com 1.286 cm³ (80 x 64 mm), 44 cv a 4.200 rpm e 8,2 m.kgf, permitia 145 km/h e 0-100 km/h em 25,6 segundos.

A empresa de carrocerias Heuer fez apenas 15 unidades do American Roadster para os EUA, um modelo que serviria de base para o Speedster mais tarde

As vendas acima do esperado e as vitórias memoráveis nas pistas, em Le Mans e no tour Lüttich-Rom-Lüttich (leia boxe), estabeleciam a reputação do 356. Mas, em meio à crescente euforia em torno do modelo, morria Ferdinand Porsche. Apesar da curta convivência entre criador e criação, o sucesso do carrinho gerava novo estímulo ao time de Stuttgart. Era preciso continuar honrando o nome e a tradição do famoso engenheiro.

Em abril de 1952 chegava a hora de aprimorar o visual e o fôlego do esportivo. O pára-brisa tornava-se inteiriço, a alça do porta-malas dianteiro ficava maior, o velocímetro passava a ser de série e em junho os pára-choques, até então quase embutidos, ficavam mais destacados. Uma exclusiva versão American Roadster (tipo 540), feita pela Heuer para o mercado americano, teria apenas 15 exemplares. Sua linha da cintura era mais baixa que a do conversível, ao estilo do Jaguar XK, e presilhas externas fixavam o capô. A Heuer faliria logo em seguida, mas o America dava pistas do que seria o celebrado Speedster.
Continua

Nas telas
O 356 esbanja esportividade e pedigree nos mais variados tipos de filme desde os anos 1950. Entre os destaques estão a comédia Eu, ela e a outra (Move over, darling, 1963), em que vários 356 contracenam com James Garner e Doris Day. Em 1963 o belo casal Marcello Mastroiani e Claudia Cardinale está ao lado do Porsche no clássico 8 1/2.

Um cupê vermelho leva o casal Warren Beatty e Leslie Caron em A deliciosa viuvinha (Promise her anything) em 1965. Um ano mais tarde era Paul Newman quem guiava um Speedster em Harper, o caçador de aventuras (Harper). No mesmo ano, A morte não manda aviso (The quiller memorandum), trazia George Segal em um 356B conversível. Bullitt (1968) é geralmente lembrado pelo Mustang Fastback GT nas ladeiras de São Francisco, mas Jacqueline Bisset desfila sua beleza ao volante de um 356, também conversível.

Em 1975 um cupê estava no elenco de Shampoo, comédia estrelada por Warren Beatty. No premiado Amargo regresso (Coming home, 1978), Jane Fonda, Jon Voight e Bruce Dern têm excelentes atuações embelezadas pelo Speedster. Woody Allen aparece no "banco traseiro" de um roadster 356, acompanhado de Tony Roberts e Diane Keaton, em Manhattan (1979).
Um Speedster faz dupla com Eddie Murphy em 48 horas (48 hours, 1982). Voltaria na seqüência de 1990 (Another 48 hours). E, em meio aos caças da força aérea americana, em Top Gun (1986), o "avião" Kelly McGillis dirige o modelo enquanto namora Tom Cruise.

No primeiro filme da série Highlander (1986), de todos os carros que sua vida eterna permitiria escolher, Christopher Lambert preferiu um 356 Speedster. A comédia Curso de férias (Summer School, 1987) traz Mark Harmon como o professor que dirige um 356 para combinar com seu jeito garotão.

Roy Scheider tem um 356A Cabriolet em A quarta guerra (The fourth war, 1990). Depois do sucesso da série De volta para o futuro, Michael J. Fox passa um filme inteiro para consertar seu Speedster no interior dos EUA em Dr. Hollywood (Doc Hollywood, 1991). Em Duas vidas (The kid, 2000) Bruce Willis é um executivo que dirige um Speedster negro e tem a chance de se reencontrar com ele mesmo quando criança.

Gwyneth Paltrow tem um 356 cupê em Possessão (Possession, 2002). No ano passado, Woody Allen se colocou em cena mais uma vez ao lado de um 356, um conversível vermelho, em Anything Else.

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