Três estavam com os números sobre as portas e na frente. O último tinha o provocador número 917. Mas, na verdade, nem todos tinham condições de marcha, embora os motores e câmbios funcionassem. Haveria a imprescindível inspeção da FIA para homologação. Depois desta, todos teriam de ser desmontados e passar por uma revisão mais criteriosa para ser remontados.

Seu chassi, muito leve, pesava apenas 47 kg. Em alumínio, tinha estrutura tubular em treliças sob pressão e era vestido por uma carroceria de plástico reforçado com fibra-de-vidro. E como era bela! Com linhas curvas, pára-brisa muito inclinado, media 4,78 metros na versão de cauda longa, que tinha um aerofólio traseiro móvel, muito útil em circuitos de alta velocidade. Mas no mesmo ano a FIA baniu o recurso. Seu entreeixos era de 2,3 metros e, muito baixo, sua altura ficava em 92 centímetros. Da carroceria ao solo havia apenas 10 cm. E era 200 kg mais pesado que o 908, no total 794 kg. O coeficiente aerodinâmico (Cx) do cauda-longa era 0,33, que piorava para 0,40 no curto, de 4,29 metros de comprimento.

Surge o 917, um belo carro esporte com linhas curvas, duas opções de traseira (a de
"cauda longa" media meio metro a mais) e motor de 12 cilindros opostos e 4,5 litros

O maior e mais potente Porsche até então construído tinha suspensão independente com braços triangulares superpostos. Os pneus dianteiros mediam 4,75/11,30-15 e os traseiros 6,00/13,50-15. Os freios eram a disco nas quatro rodas, estas fixadas com uma só porca central.  O motor, refrigerado a ar, ficava à frente do eixo traseiro. Sua turbina de arrefecimento trabalhando na horizontal estava bem visível, como as belas cornetas de aspiração, abaixo do capô transparente na traseira do bólido.

Com 12 cilindros opostos (boxer), diâmetro e curso de 85 x 66 mm, fora concebido a partir da união de dois seis-cilindros do modelo 911. E era um motor sofisticado, com cilindrada de 4.494 cm³, taxa de compressão de 10,5:1, duplo comando no cabeçote e lubrificação a cárter seco. Despejava potência máxima de 560 cv a 8.300 rpm e torque máximo de 50 m.kgf a 6.800 rpm. Uma usina de força. Continua

Nas telas
Em um dos melhores filmes de corrida já feitos, o 917 foi a estrela máxima. Trata-se de 24 Horas de Le Mans (Le Mans), com Steve McQueen (ator e produtor), produzido em 1971. Excetuando-se o astro americano, o restante do elenco é desconhecido, formado em maioria por atores europeus que não atuaram em grandes produções. Ele dura 104 minutos e o circuito de Sarthe foi alugado durante três meses para as filmagens.

McQueen se inscreveu para a corrida com Jackie Stewart, num Porsche 917 – mas, por questões de seguro, foi impedido de correr. Ele correu na verdade num 908 fantasiado de 917. Várias cenas são reais e foram feitas na corrida de 1970. A produção comprou vários carros (Lola, Matra, 911, Alfa, Chevron etc.), mais cinco 917 e quatro Ferraris 512. Sabendo que no filme os Porsches ganhariam, o comendador Enzo não quis saber de emprestar seus carros...

A produção também contratou Ickx, Jean Pierre Jabouille, Gerard Larrousse e vários outros pilotos que aparecem no filme, logo no início, antes da largada e também no fim. Durante as filmagens, o piloto David Piper sofreu um acidente e teve de amputar uma perna. O fato depois foi reproduzido por um carro controlado a distância.
Os carros-câmera eram um Porsche 908-02 e dois Fords GT 40, mais tarde reproduzidos em miniaturas.

Começa com McQueen (Michael Delaney) chegando a Le Mans em um 911 muito bonito. Ele vai logo para uma das estradas do circuito e relembra um acidente do ano anterior. Na corrida, é o piloto do Porsche 20 da Gulf. Seu arqui-rival é o piloto do 512 M, Erich Stahler, interpretado por Siegfrid Rauch. Antes da prova, os dois mostram suas diferenças nos corredores atrás dos boxes.

A história do filme em si é fraca. Mas as cenas da largada, da corrida, de dentro e fora dos carros são muito bem feitas, os acidentes muito realistas – e as duas atrizes principais, belas. O Porsche da equipe austríaca, cauda-longa, na primeira volta simplesmente pulveriza os concorrentes na reta de Hunaudiéres numa cena muito bonita. O som do motor, no filme, é apaixonante. Disponível em VHS e DVD.

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