"Importado nacional"   A proibição em definitivo das importações de automóveis, em 1976, abriu novos mercados para o 2300, que de repente destacava-se como a opção mais próxima dos agora inacessíveis carros europeus. A empresa não demoraria a aproveitar a situação, adotando o mote "o primeiro importado feito no Brasil".

O 2300 ti aproveitava o fim das importações para se promover como um nacional atualizado aos europeus; o motor recebia dois carburadores de corpo duplo e passava a 149 cv

No Salão do Automóvel daquele ano a Alfa apresentava o 2300 B, que assumia o lugar do modelo básico. A tônica era adequar o carro a um leque variado de clientes, que não mais precisariam ser aficionados pela marca e tolerar seus problemas. O interior estava mais luxuoso e agradável, com revestimento aveludado, nova posição dos comandos, painel mais atual com iluminação esverdeada e volante de plástico com ajuste de altura, mais uma primazia. Por fora, as maçanetas vinham embutidas nas portas (seriam usadas por numerosos modelos fora-de-série e adaptadas por proprietários de carros os mais diversos) e a altura de rodagem era reduzida na traseira, com fins apenas estéticos.

Na mecânica, o destaque era a adaptação do motor à gasolina comum ("amarela"), de menor octanagem, embora a taxa de compressão não mudasse. Com mudanças nos comandos de válvulas e coletores, conseguia manter o desempenho original — ou mesmo melhorá-lo, pois passava a 141 cv e 21,5 m.kgf. A suspensão tornava-se mais macia e silenciosa, com novas molas, amortecedores e buchas, e os braços de direção modificados deixavam o volante menos pesado em manobras, atendendo a uma antiga reclamação.

O quadrifoglio -- logotipo com um trevo de quatro folhas -- nas colunas traseiras era um dos elementos estéticos do 2300 ti

Meses depois, já em 1977, era adicionado à linha o 2300 ti (sigla para turismo internacional, comum na linha européia da Alfa). Essa versão mais refinada tinha pequenas diferenças externas, como garras de borracha nos pára-choques, luzes de direção no dianteiro (em vez de abaixo dele), frisos cromados na grade e um emblema nas colunas traseiras com o quadrifoglio, o trevo de quatro folhas da marca italiana. No interior, o painel revestido de mogno legítimo trazia um quadro de instrumentos completo, com a adição de manômetro de óleo e voltímetro, e havia luzes-piloto em redundância a quatro dos mostradores. O rádio/toca-fitas ganhava antena elétrica.

Dois dos passageiros do banco traseiro agora contavam com encostos de cabeça, cinto de três pontos (mais pioneirismos), luzes de leitura e cortinas no vidro de trás para proteção solar. Como antes, o ar-condicionado (de série) tinha uma extensão para esses ocupantes. Na mecânica, o destaque ficava para os dois carburadores Solex de corpo duplo e fluxo horizontal — o B contava com um único de corpo duplo e fluxo vertical —, que trazia mais 8 cv e 1,5 m.kgf. Agora havia, portanto, 149 cv e 23 m.kgf, suficientes para chegar a 175 km/h e fazer de 0 a 100 em 10,8 s, de acordo com o fabricante.

Um destaque lançado na versão ti que se manteria até o fim: painel completo, com manômetro de óleo, voltímetro e luzes-piloto redundantes para quatro dos mostradores

Era um bom desempenho, mas ainda não se entendia a insistência da Alfa em usar gasolina comum, se uma superior estava disponível nos postos brasileiros. A resposta vinha no começo de 1978: um motor com taxa mais alta (9:1), a mesma das versões de exportação à Europa, passava a ser oferecido como opcional no mercado interno. Com 163 cv e 24,4 m.kgf, o carro tornava-se mais rápido e bem mais econômico, a ponto de compensar o maior preço da "azul" — o que, de qualquer modo, não era primordial em seu segmento de mercado. Continua

Para ler
Alguns aspectos da história do automóvel no Brasil – por Fabio Steinbruch, editora Tempo e Memória. Lançada no fim de 2005 com versões em português e inglês, a ótima obra traz 408 páginas ricamente ilustradas com a história dos fabricantes brasileiros e de vários estrangeiros em nosso mercado. A Alfa Romeo mereceu 20 páginas, metade dedicada à série FNM 2000/2150 e ao 2300. Alfa Romeo: Always with passion – por David Owen, editora Haynes Publishing. O 2300 não aparece em livros estrangeiros, mas a trajetória da marca pode ser conferida nas 176 páginas em inglês desta obra, cuja segunda edição é de 2005. O autor aborda toda a produção da Alfa desde a Segunda Guerra Mundial, do antigo 1900 ao recente GT. Inclui dados técnicos, impressões ao dirigir e dicas para aquisição.

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