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Depois da breve importação do modelo belga (primeira foto), a GM passou a produzir aqui o segundo Astra em 1997, nas versões GL 1,8 (última foto) e GLS 2,0, de início com três portas e depois com quatro no sedã

Eis que, em setembro, o então Ministro da Fazenda Ciro Gomes reduzia da noite para o dia o Imposto de Importação de 35% para 20%, passando por cima do planejamento de queda gradual que fora firmado anos antes. Para a indústria, a medida subitamente tornou desinteressante produzir novos produtos a partir do segmento médio: saía mais barato importar. E foi o que a GM rapidamente passou a fazer com o Astra, que começava a vir da Bélgica em dezembro daquele ano.

Como a marca havia introduzido em 1993 o primeiro Vectra, o Astra de três volumes não seria boa opção. A escolha recaiu no hatch e na perua, ambos de cinco portas, que substituíam a versão GLS do Kadett e da Ipanema e o esportivo GSi. Só que a Opel não usava o motor que a GM considerava ideal para esse carro mais pesado que o Kadett: o 2,0-litros de duas válvulas por cilindro e 116 cv, o mesmo dos Vectras GLS e CD. Então, um esquema foi firmado com os europeus de modo que os propulsores, fabricados aqui, seguiam para a Bélgica e voltavam dentro do Astra.

Bem-equipado, ele vinha de série com direção assistida, ar-condicionado e controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores, além da opção de bolsas infláveis frontais. Curiosamente, a grade do carro era a mesma do Vauxhall inglês e não a da versão Opel, pois seu formato facilitava a adoção do emblema da gravata-borboleta. Um cuidado que não incluiu a almofada do volante em versões com bolsa inflável, nas quais ela mantinha o símbolo do raio da marca alemã.

De forma tão repentina quanto na redução do imposto, o governo brasileiro voltava a tumultuar o planejamento dos fabricantes em fevereiro de 1995, com a súbita elevação da alíquota para... 70%! Isso encareceu bastante o Astra e esfriou o apetite da GM por sua importação, que terminou logo em 1996. A essa altura, porém, já avançava o desenvolvimento da segunda geração do modelo, a ser fabricada em São Caetano do Sul, SP a partir do final de 1998.

O novo Astra   O cenário não poderia ser mais quente. A indústria vivia tempos de euforia, com grandes lançamentos em preparo e a instalação de novas fábricas, tanto as que nunca produziram no Brasil (como Renault, Peugeot e Citroën) quanto aquelas que só faziam jipes (Toyota), caminhões e ônibus (Mercedes-Benz) ou motos (Honda). No segmento médio, enquanto a segunda geração do Vectra brilhava, as concorrentes da GM mostravam novidades entre 1997 e 1998 como o novo Golf — que logo seria nacionalizado —, Renault Mégane, Citroën Xsara e as versões brasileiras de Civic e Corolla.

Em setembro de 1998 fazia sua estréia o Astra de segunda geração, apenas um ano depois do lançamento europeu — os tempos de atualidade de nossa indústria estavam de volta. Vinha nas versões GL, com motor 1,8 de 110 cv, e GLS com o 2,0 de 112 cv, ambos da conhecida Família II, com duas válvulas por cilindro e injeção multiponto. No entanto, a GM repetia a estratégia do Kadett ao oferecer somente a carroceria hatch de três portas, uma decisão que já não fazia o menor sentido, dada a clara preferência dos brasileiros por modelos com quatro portas laterais. Nunca se entendeu as razões da escolha, que acabaria sendo revertida anos depois. Continua

Nas telas

O ótimo policial A identidade de Bourne (The Bourne identity) de 2002, dirigido por Doug Liman, tem como atores principais Matt Damon (Jason Bourne) e Franka Potente (Marie Helena Kreutz). A maior parte das cenas se passa na Europa. Primeiro em Marselha, na França; depois Jason, que é um agente secreto da CIA, perde a memória e parte para a Suíça para recuperar pertences em um banco. Ao sair deste carregando uma sacola, antes de conhecer Marie, atravessa a rua onde está estacionado um Astra sedã quatro-portas, de cor azul, da primeira geração.

No Brasil, uma das melhores cenas onde podemos ver o Astra foi feita pela Rede Globo para a novela Belíssima. Exibida há pouco tempo, no dia 11 de maio, mostrou a competência da emissora em cenas de efeitos especiais. O novelista Silvio de Abreu precisava arrumar um modo de fazer a personagem Érica (Letícia Birkheuer)

perder um suposto filho do marido de sua própria mãe. Descontrolada, a personagem perseguia com um Astra de três portas o Ford EcoSport 2,0 de Vitória (Cláudia Abreu). As duas também eram perseguidas por André (Marcello Antony).

Em certo momento Érica perdeu o controle do carro e, depois de rodar muito, capotou-o de forma pouco verossímil em uma avenida (acima). As cenas, gravadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, consumiram várias horas de gravação e envolveram vários profissionais, incluindo dublês, mas não tiram o mérito dos atores. E causaram muita emoção ao público que assistiu às gravações antes de irem ao ar.

Francis Castaings/Thiago Mariz

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