Mas o Callaway seria suplantado pelo novo Corvette ZR1 de fábrica, lançado em 1990. O motor dessa versão, chamado de LT5, fora encomendado à inglesa Lotus (então parte do império GM) para ser um small-block com duplo comando nos cabeçotes multiválvula, mas acabou mantendo apenas a cilindrada próxima à do tradicional motor: 5,7 litros. Apesar de potente (385 cv, depois 405), o V8 era caríssimo — como o Callaway, praticamente dobrava o preço do carro —, mais pesado e complexo que o dos demais Corvettes. Em 1992, os engenheiros da GM, quase como uma vingança ao motor "estrangeiro", equipariam o modelo normal com um novo e mais potente small-block, que acabaria com o ZR1 e inauguraria outra fase de ouro para o lendário motor.

Um Corvette peculiar, o ZR1 adotava um motor de duplo comando e 32 válvulas desenvolvido pela Lotus -- complexo, caro e, mais tarde, igualado em potência pelo V8 de comando no bloco

A segunda geração   No final dos anos 80 a GM Powertrain Division começou a desenvolver um substituto para o small-block. Uma tarefa importante e assustadora, pois esse V8 equipava grande parte dos picapes e utilitários esporte grandes da companhia, os veículos mais vendidos da GM. O desenvolvimento iniciou-se a partir da primeira geração do motor e progrediu durante até o início da década de 1990. Mas, apesar dos ótimos resultados, logo se percebeu que a arquitetura básica de 1955 tinha limites que só seriam transpostos com um motor totalmente novo.

A decisão foi tomada então para se projetar um V8 a partir do zero, mas mantendo as características básicas que fizeram famoso seu antecessor: baixo preço (para ser fabricado aos milhões) tanto em custo variável quanto em investimento, alta durabilidade, baixo peso e alta potência. Acredita-se que a decisão tenha sido tomada quando o motor baseado no antigo já estava pronto. E este é o V8 que conhecemos como small-block GEN II, ou segunda geração, lançado em 1992 no Corvette com um nome que evocava suas melhores tradições: LT1. Isto explica inclusive o famoso atraso no aparecimento do Corvette C5, que só aconteceu em 1997.

A adoção do V8 de segunda geração pelos grandes sedãs da corporação deu novo desempenho a modelos sóbrios, como o Cadillac Freetwood

O novo LT1, apesar de parecer similar por fora, ter as mesmas dimensões gerais e até usar algumas partes comuns ao small-block original, era todo redesenhado e com poucas peças intercambiáveis. Comparado ao 350 L98 de 1991, tinha potência 20% maior (300 contra 245 cv), era mais econômico e tinha uma curva de torque muito mais plana: 90% dos 47 m.kgf máximos estavam disponíveis de 1.000 até quase 6.000 rpm. Concorria para isso uma taxa de compressão bem maior (10,4:1), que foi possível graças a uma estranha e muito conhecida característica do V8 GEN II.

O fluxo do líquido de arrefecimento do motor era invertido, entrando pelo cabeçote e saindo pelo bloco, por baixo. Como o posterior LS1 voltou a usar o fluxo convencional, é justo supor que a reversão no LT1 destinava-se apenas a conseguir alta taxa no antigo desenho de cabeçote, sem riscos de detonação. O motor tinha cabeçotes de alumínio, como o L98 anterior, mas mantinha o bloco em ferro fundido, o diâmetro e o curso do 350 lançado no Camaro de 1969. Outra novidade é que a injeção de combustível agora era seqüencial.

O Impala SS lembrava um marco do passado, com um ar de carro de Darth Vader e 260 cv no motor 350

Em 1993 o LT1 ganhava morada debaixo do capô dos novos Camaro e Firebird, numa versão de 275 cv, o que tornava o desempenho desses carros comparável ao de um Ferrari, pelo preço do seguro anual do exótico italiano... No ano seguinte, o gigantesco Chevrolet Caprice recebia motores GEN II em substituição ao antigo 305 que ainda usava. O V8 básico era uma volta ao passado: um 265 (4.342 cm³) com diâmetro e curso idênticos aos do primeiro small-block de 1955. Esse "míni-LT1" oferecia mais potência que o de 5,0 litros antigo e era mais econômico. Como opcional, o Caprice podia vir com uma versão mais mansa do LT1 350, com cabeçotes em ferro fundido e 260 cv. Como este motor conferia desempenho de gente grande à banheirona, foi criado um modelo especial para chamar atenção ao fato, revivendo outro nome famoso do passado: Impala SS.

O Impala vinha com rodas de 17 pol com pneus de perfil baixo e, para garantir o ar de carro de Darth Vader (o vilão do filme Guerra nas Estrelas), era oferecido só no mais escuro preto disponível na GM. Com o V8 reverberando por escapamentos duplos, parecia assustador o suficiente para flores murcharem por onde passava... O LT1 foi oferecido também nos tradicionais Buick Roadmaster e Cadillac Fleetwood, dando a seus conservadores motoristas um arsenal de cavalos sem precedentes. Apesar disso, e estranhamente, os picapes da série C/K da Chevrolet e da GMC permaneceram com o small-block original, chamado agora de Vortec, até o aparecimento da GEN III em 1997. Continua

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