Mesmo sem a pintura em azul e branco que notabilizou o preparador, a versão Gordini era mais interessante: tinha 10 cv a mais e câmbio de quatro marchas

O Gordini   Amédée Gordini foi um homem cujo nome sempre esteve associado aos carros da Renault. Fez monopostos com sua mecânica e com eles competiu em provas famosas de cunho nacional e internacional. Nos modelos de série da marca, aumentava a potência com êxito. E foi o que fez com o Dauphine, cuja versão Gordini (R1091) era lançada em 1958. Dotado de maior taxa de compressão e novo carburador, o motor rendia 37,8 cv e o câmbio ganhava a quarta marcha. Dois anos depois recebia melhor acabamento e bancos mais largos. Pneus com faixa branca, carroceria em dois tons (de 1961 em diante) e teto solar sanfonado faziam parte das opções. Um acabamento mais luxuoso para o Dauphine, o Ondine (R1090A), chegava em setembro de 1960 e logo oferecia também sua versão Gordini.

Para os adeptos de versões esportivas, porém, a grande novidade vinha para 1962: o 1093, número que não indicava a cilindrada, como muitos supõem, e sim o código de projeto, R1093. O motor de mesmos 845 cm³ desenvolvia 49 cv (potência específica de 58 cv/l) com uma preparação que incluía comando de válvulas mais "bravo", coletores de admissão e escapamento especiais, assinados pela competente Autobleu, e carburador Solex de corpo duplo. Suspensão, freios (ainda a tambor), embreagem e radiador eram adequados ao maior desempenho. De frente, os grandes faróis Cibié davam ao 1093 um ar mais imponente e a pintura trazia faixas longitudinais. O velocímetro graduado até 180 km/h causava sensação e, do lado esquerdo do painel, havia um conta-giros.

A cilindrada permanecia em 845 cm3, mas o esportivo 1093 cativava pelo desempenho, com 55 cv, e tinha detalhes próprios de estilo e interior, como o conta-giros no painel

Uma evolução do Dauphine (R1094) estreava em 1964, com freios a disco Lockheed-Bendix nas quatro rodas e a opção de câmbio automático, voltada para a exportação aos Estados Unidos, onde seu sucesso havia durado pouco (leia boxe abaixo). O câmbio todo sincronizado no Gordini (agora R1095), em 1966, foi uma das últimas alterações: em dezembro de 1967, após 2.021.152 exemplares, a produção da linha Dauphine era encerrada, abrindo caminho para os sucessores R8/R10 e R12. Continua

Nos Estados Unidos
Logo em maio de 1957 o Dauphine era lançado no mercado americano, por meio da subsidiária local Renault Incorporated e com distribuição por 900 concessionárias. A previsão inicial, de vender 25 mil unidades por ano, foi logo superada: em 1959 chegaram aos EUA mais de 90 mil. Versões DeLuxe e Gordini chegaram pouco depois, assim como o modelo de propulsão elétrica desenvolvido no próprio país (leia boxe).

Então começaram os problemas. As concessionárias haviam feito pedidos em excesso e, passada a euforia inicial, não mais conseguiam vender os carros, gerando um débito de US$ 23 milhões. Cerca de 45 mil carros passaram a ser estocados em condições precárias, sob clima quente ou frio rigoroso, ou mesmo em áreas passiveis de inundação.

A empresa ainda tentou reduzir o preço, ampliar a garantia e oferecer câmbio automático, mas sem sucesso. Muitos carros foram levados de volta para a Europa, o restante vendido com grandes descontos. Em 1966 a Renault encerrava a venda americana do Dauphine, que nunca se tornou lucrativa.

Pelo mundo
Além da França e do Brasil, outros países fizeram esses pequenos Renaults. Na FASA, empresa espanhola do grupo Renault, a fabricação do Dauphine começou logo em 1958. Era igual ao francês, salvo pelo sistema elétrico de 12 volts, as inscrições no idioma local nos mostradores do painel e os freios, que nunca passaram a usar discos. O Dauphine foi feito no país até 1964; o Gordini, de 1961 a 1967; e o Ondine, de 1962 a 1965.

Pouca gente sabe, mas o Dauphine foi montado na Itália pela Alfa Romeo. A linha de Milão, inaugurada em junho de 1959, fazia parte de uma cooperação entre as marcas de modo a constituir a Renault Itália. Com o mesmo motor, havia opção entre três e quatro marchas. Curioso é que as versões Renault e Alfa Romeo disputavam o mesmo mercado italiano, ficando a francesa com opções de luxo exclusivas, como teto solar, e acabamento superior.

A IKA, Industrias Kaiser Argentina, firmou em 1959 um contrato de licença com a Renault. No ano seguinte iniciava a produção do Dauphine no país, seguido em 1962 pelo Gordini e só em 1969 pelo esportivo 1093. A carreira dos três modelos era encerrada em 1970 mas, ao contrário do Brasil, os Renaults manteriam importante participação naquele mercado.

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