Embora o carro estivesse a essa altura bem mais robusto que o americano, ainda havia dúvidas entre o público, notadamente os frotistas. O diretor Bill Bourke lançou então a XP Durability Run, a corrida de durabilidade do XP: cinco Falcons originais foram colocados nas mãos de pilotos de competição, no campo de provas de You Yangs, com o objetivo de correr 112 mil quilômetros cada um à velocidade média de 112 km/h. Depois de oito dias e meio a meta era atingida, com uma média de 114 km/h por veículo.

Na série XP, de 1965, já se notava a inspiração no estilo do Mustang, em especial nesta versão de duas portas

A estréia do V8   Em 1966 era construído na Austrália o primeiro Falcon com motor V8, ainda não original de fábrica. Bill Warner, um preparador de Sidney, aplicava os propulsores de 260 e 289 pol³ (4,3 e 4,75 litros, na ordem) aos carros novos, enviados pela Ford, e recebia do fabricante créditos pela devolução dos seis-cilindros que chegavam dentro deles. Denominado Sprint V8, esse Falcon fez sucesso com sua qualidade típica de produto oficial.

Um ano depois chegava a série XR, com linhas mais ao gosto dos australianos e o primeiro motor V8 de fábrica na versão de alto desempenho GT, que dava início a uma dinastia de sucesso. Bill Bourke, então gerente geral da Ford australiana, via ali uma grande oportunidade de promover o Falcon na prova 500 Milhas de Bathurst (leia boxe abaixo), onde muitos competidores privados inscreviam carros nacionais e importados de variadas marcas. O esportivo combinava uma exclusiva cor dourada — a GT Gold —, bancos dianteiros individuais, volante com aro de madeira e instrumentos adicionais da marca Stewart-Warner.

Em 1967, o primeiro esportivo GT: motor V8 de 4,7 litros, 225 cv brutos, suspensão com peças do Falcon policial e a cor única dourada

O motor 289 de 4,7 litros, o mesmo do Mustang, tinha o primeiro carburador de corpo quádruplo em um carro australiano, potência de 225 cv e torque de 42 m.kgf, transmitidos ao câmbio manual de quatro marchas. O GT acelerava de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos e alcançava 195 km/h. As rodas de 14 pol usavam pneus radiais 185 R 14 e a suspensão tomava emprestados componentes do pacote Police Interceptor, o Falcon de especificação policial. Seu conceito — um amplo quatro-portas muito rápido — fez sucesso a ponto de ser seguido pela concorrência, a Holden com o Monaro GTS e a Chrysler com o Valiant Charger. Continua

Nas pistas
A estréia do Falcon em competições deu-se na segunda metade da década de 1960. Depois de correr na famosa prova 1.000 Quilômetros de Bathurst — iniciada em 1963 com metade dessa distância total —, em 1968 ele brilhava na Maratona London-Sydney, da Inglaterra à Austrália, ficando em 3º, 5º e 8º lugares, à frente de carros bem mais famosos nas pistas. O êxito estimulou as vendas das versões esportivas de rua, ao melhor estilo win on Sunday, sell on Monday (vença no domingo, venda na segunda-feira).

O Falcon saiu-se bem também em competições de carros de turismo na Austrália. Durante as últimas décadas ele tem-se digladiado com os grandes sedãs da Holden, mas em desvantagem: até 2005, a subsidiária da GM acumulou 25 títulos, e a Ford, 14, incluindo os modelos Falcon, Cortina e Sierra RS 500.

O piloto australiano Allan Moffat é uma das lendas que levaram o nome Falcon ao pódio várias vezes em Bathurst. Correndo pela Ford desde o final dos anos 60, ele venceu três vezes, em 1970, 1971 e 1973, e ganhou o Campeonato Australiano de Carros de Turismo nesse último ano. Depois que a Ford saiu oficialmente das competições, Moffat ainda levou dois títulos do campeonato, em 1976 e 1977 — ano em que formou, com Colin Bond, uma dobradinha inesquecível de sua equipe em Bathurst com os Falcons da série XC.

Na foto, Moffat com o Falcon Cobra na edição de 1978 da prova de Bathurst.

O modelo da Ford e o Commodore têm travado boas disputas no campeonato V8 Supercar Australia, herdeiro do Turismo australiano: desde seu surgimento, em 1993, a Holden acumula sete campeonatos, e a Ford, seis. Formado apenas pelos dois sedãs, usa motores V8 de 5,0 litros e mais de 600 cv, fornecidos pelas fábricas dos EUA, e estabelece peso mínimo de 1.355 kg sem o piloto. Ao contrário da Nascar americana ou do DTM alemão, os carros são mesmo derivados dos modelos de rua, não meros chassis tubulares com carrocerias inspiradas neles. O que, sem dúvida, ajuda a vender as versões esportivas.

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