O brilho das flechas prateadas

Na disputa com Alfa Romeo e Mercedes-Benz nos anos
30, a Auto Union construiu potentes carros de corrida

Texto: Marcelo Ramos - Fotos: divulgação

Falar sobre a década de 1930 na Alemanha nos remete, quase que imediatamente, à ascensão do Nazismo de Hitler e aos ensaios da Segunda Guerra Mundial. Mas nesse período ocorreu também uma grande efervescência na indústria automobilística alemã, em destaque para os carros de corrida, como os modelos A, C e D da Auto Union, que dominaram as pistas da Europa.

Foi uma década de ouro para o automobilismo, que era feito com coragem, força e certa dose de insanidade. Esses carros podiam ultrapassar 300 km/h, velocidade muito alta para a época, e os pilotos não contavam com nenhuma proteção. Eram máquinas desprovidas de cintos de segurança, célula de sobrevivência, reforços estruturais e outros recursos hoje exigidos nos carros de competição. Entre os pilotos que levaram os Auto Unions ao sucesso, destaque para Bernd Rosemeyer e Tazio Novulari, que já havia consagrado a Alfa Romeo e conquistou as temporadas de 1938 e 1939. Ambos foram homenageados pela Audi, em tempos recentes, nos carros-conceito Rosemeyer e Nuvolari.

Com seu formato peculiar (frente curta, traseira longa) e motores muito potentes, os Auto Union Type A, C e D colecionaram vitórias nas provas de Grande Prêmio antes da Segunda Guerra Mundial

O início   Entre a década de 1920 e o início dos anos 30, os carros italianos detinham a supremacia nas provas de Grande Prêmio, categoria equivalente à atual Fórmula 1, com destaque para a Alfa Romeo e a Bugatti. O domínio italiano era tamanho que, entre 1924 e 1927, os lendários Bugattis 35 somaram mais de 1.800 vitórias, o que deixava os demais fabricantes a ver navios. Essa vantagem foi mantida até o início de 1931, quando a Mercedes apresentou o SSKL, que trazia um enorme motor de seis cilindros em linha auxiliado por um compressor e desenvolvia 200 cv de potência.

Em 1932 era fundada a Auto Union, um conglomerado de quatro empresas que tentavam se reerguer depois da quebra da bolsa de Nova York, em 1929: Audi, DKW, Horch e Wanderer. Quase em simultâneo era criado o departamento esportivo da marca, que daria visibilidade à nova companhia e resultaria no Auto Union Type A. O interesse pelas pistas, porém, surgira antes mesmo da fundação da empresa. Em 1931, durante o Salão de Paris, um acordo fora firmado entre a Wanderer e a recém-criada Dr. Ing. h. c. F. Porsche GmbH, para desenvolver um modelo Wanderer de corrida.

Em 2001 a Audi, única sobrevivente das quatro marcas que formavam a Auto Union, colocou os clássicos Flechas de Prata para correr em Donington Park, na Inglaterra, onde brilharam no passado

Com a formação da Auto Union, o departamento de corridas da Wanderer foi também incorporado ao grupo. Ferdinand Porsche, que conhecia muito bem os regulamentos de competição e como deveria ser um carro de fórmula, foi um dos principais autores da criação e do sucesso dos Silver Arrows, os "Flechas de Prata". Assim que passou a trabalhar para a nova empresa, o engenheiro apresentou um projeto, baseado no Tropfenwagen de 1923, que se enquadrava ao regulamento publicado em 1932 para a temporada de 1934. O carro possuía um propulsor de 16 cilindros em "V" e 4,4 litros de cilindrada, sobrealimentado por compressores. Fez com que a direção da empresa ficasse boquiaberta. Extremamente sofisticado, era capaz de desbancar qualquer adversário, inclusive o poderoso Alfa Romeo P3 (primeiro carro de corridas em configuração monoposto) e o SSKL. Continua

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Data de publicação: 3/9/05

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