No ano seguinte, 1947, aparecia o Fleetwood Brougham, com versões cupê, conversível, sedã quatro-portas e limusine. Ao lado do modelo DeVille, exibia o primeiro estilo hardtop sem coluna central da marca, tanto no cupê quanto no sedã. Para 1948 chegava um novo desenho na série 60 Special, com capô mais baixo, pára-lamas dianteiros integrados à carroceria, pára-brisa maior e sutis aletas na traseira, inspiradas no caça Lockheed P-38 Lightning, que alojavam as lanternas. Na frente, duas pontas no pára-choque davam início ao que se tornaria conhecido como dagmars ou mansfields, em alusão aos volumosos seios das atrizes de TV Dagmar (nome artístico de Ruth Egnor) e de cinema Jayne Mansfield. O Fleetwood da série 75, contudo, manteve seu estilo tradicional por mais dois anos.

O 60 Special Fleetwood de 1948 integrava os pára-lamas dianteiros à carroceria e
adotava pequenas aletas nos traseiros; o motor de 5,4 litros chegava um ano depois

O motor 346 da família monobloco (cabeçotes e bloco fundidos em uma só peça) dava lugar em 1949 ao de 330 pol³ (5,4 litros). Além da construção usual hoje, em peças separadas, era o primeiro V8 com as válvulas nos cabeçotes, solução que melhorava muito o desempenho (outra divisão da GM, a Oldsmobile, lançou na mesma época uma variação com menor cilindrada, 303 pol³ ou 5,0 litros). Com 160 cv, o motor da Cadillac seria a base para futuras versões de 365 e 390 pol³ (6,0 e 6,4 litros, na ordem).

Criador de tendências   Uma remodelação na versão Brougham, em 1950, adotava pára-brisa inteiriço. Três anos mais tarde a Cadillac limitava esse nome a um conversível com detalhes únicos de acabamento. Àquele tempo o Brougham podia ser considerado um criador de tendências de estilo para a indústria americana: o chefe de estilo da GM, Harley Earl, costumava aplicar a ele suas novas idéias, mais tarde estendidas a outros modelos da corporação — e copiados pelas outras marcas. Continua

Em 1949 o Fleetwood da série 75 mantinha o estilo conservador, típico da década de 1940
Nas telas
Automóveis da marca Cadillac não faltam no ótimo Conduzindo Miss Daisy (Driving Miss Daisy), de 1989. O belo filme mistura comédia e drama. Começa na década de 1950 e vai até o final dos anos 80. A atriz Jessica Tandy interpreta Miss Daisy, que já não dirige muito bem. A contragosto, seu filho Boolie (Dan Aykroyd) contrata o motorista Hoke (Morgan Freeman). Começa então uma grande amizade e cumplicidade a bordo de vários Cadillacs, nos quais são trocados diálogos sobre vários assuntos da vida. Em um Fleetwood 1955 quatro-portas preto, patroa e empregado são parados por dois policiais que chegam a humilhar o motorista. Ela o defende com fervor. Este automóvel aparece em várias outras cenas. Até uma concessionária da marca é vista.

Muitos Cadillacs aparecem também em 007 - Viva e deixe morrer (Live and let die), de 1973, quando o agente James Bond é interpretado pela primeira vez por Roger Moore. A trama passa-se quase toda nos EUA e em várias cenas vemos Cadillacs, alguns personalizados com exagero e de gosto duvidoso. Em frente a um bar há um 60 Special Fleetwood 1971 quatro-portas marrom.

Muito boa é a comédia policial americana Prenda-me se for capaz (Catch me if you can), de 2002, baseada em um caso verídico. Dirigida por Steven Spielberg, tem atores do quilate de Leonardo DiCaprio, Tom Hanks, Christopher Walken, Martin Sheene e Nathalie Baye. Frank Abagnale Jr. (DiCaprio) é um jovem falsificador de muita competência. Ele promete dar de presente um belo Cadillac ao pai (Walken). Em várias cenas podemos ver um 60 Special Fleetwood branco, 1964, de quatro portas (acima). É um filme bastante divertido e com belos carros dos anos 60.

O diretor Martin Scorsese fez dois filmes parecidos e com o mesmo propósito: mostrar a violência de gângsteres nos EUA nas décadas de 60 e 70. Os bons companheiros (Goodfellas), de 1990, conta com um grande elenco: Robert de Niro, Ray Liotta, Joe Pesci, a bela Lorraine Bracco. No começo dos anos 60, em Nova York, o adolescente Henry Hill (Liotta) começa a se encantar com o poder dos marginais. Cresce no meio deles e torna-se um. É um filme violento, mas com ótimas cenas de ação e grandes interpretações, que valeram um Oscar de coadjuvante para Pesci. Em uma das cenas podemos ver um sedã 60 Special Fleetwood preto de 1948.

Em Cassino (Casino), de 1995, Martin Scorsese convoca outra vez De Niro e Pesci, além da bela Sharon Stone. No mesmo estilo de Os bons companheiros, não faltam cenas muito realistas e às vezes chocantes. De Niro faz o diretor de um cassino em Las Vegas que enfrenta vários problemas com seus companheiros. Numa das cenas aparece um Fleetwood 1980.

O grande diretor Francis Ford Coppola, amante de carros, sempre gostou de prestigiá-los em filmes como O poderoso chefão (The godfather) e Tucker: The man and his dream (Tucker: um homem e seu sonho), de 1988. Neste, Jeff Bridges interpreta Preston T. Tucker e aparecem 22 dos 46 Tuckers que ainda rodam nos EUA. A fábrica bem reconstituída era uma unidade antiga da Ford na Califórnia. E, numa cena em frente a ela, com vários modelos da década de 1940, aparece em destaque um 60 Special Fleetwood 1941. Para quem gosta de automóveis antigos, um filme imperdível.

A trilogia épica O poderoso chefão (1972, 1974 e 1990) conta a saga da família Corleone desde o início do século 20 em Nova York. Grandes nomes participaram dos três: no primeiro, Marlon Brando; no segundo, Robert de Niro; nos três, Al Pacino; e em dois Robert Duvall. Baseados na obra literária do escritor italiano Mario Puzo, o primeiro e o segundo filme são os melhores. No terceiro podemos ver, numa cena de garagem, um Fleetwood da série 75 modelo 1973. Em todos há automóveis impecáveis de épocas diferentes.

Jamie Foxx ganhou, em 2004, o Oscar de melhor ator ao interpretar o grande cantor e compositor Ray Charles num filme biográfico muito bom. Em Ray, um campeão de bilheterias em todo o mundo, aparecem belos carros de várias épocas. Numa cena, em frente à casa do cantor, está um exuberante 60 Special Fleetwood 1959 (acima) com seus nada discretos rabos-de-peixe. Ótimo filme.

Sucesso em 1975 e até hoje muito lembrado, Tubarão (Jaws) foi estrelado por Roy Scheider, que fazia o chefe de polícia Martin Brody; Robert Shaw, que fazia Quint, um pescador muito rude e valentão; e Richard Dreyfuss, que interpretava Matt Hooper, um ictiologista. Na cidade litorânea de Amity, tudo estava em paz na praia até um enorme tubarão branco começar a aterrorizar os banhistas. Numa das cenas, numa pequena ponte, Chief aparece ao lado de um Fleetwood 1974.

Francis Castaings

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