Alfa Romeo e Giulietta

Como a personagem de Shakespeare, o Giulietta da marca
italiana teve um grande caso de amor — com o público

Texto: Fabiano Pereira – Fotos: divulgação

Entre 1954 e 1962, os admiradores da Alfa Romeo tiveram à disposição uma das mais populares combinações de desempenho esportivo, praticidade, charme e boa relação custo-benefício do pós-guerra. O Giulietta — primeiro carro da marca com um nome próprio, em vez de apenas letras e números — sabiamente associava o nome da empresa à mais célebre história de amor já contada. O carisma da peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare, só ajudou a polir ainda mais o brilho dos méritos desse projeto.

Após a Segunda Guerra Mundial, a Alfa Romeo voltou a produzir os modelos 6C e 8C de antes do conflito em suas instalações ainda avariadas por bombas. Eram belos carros com histórico no automobilismo, mas muito caros, como seu prestígio sugeria. De 1945 a 1950, ano em que o Alfa 1900 foi lançado, apenas 1.600 automóveis foram fabricados pela marca. O 1900 pretendia conquistar a classe média, embora seu preço ainda fosse elevado, pela capacidade limitada de produção da empresa. Cerca de 3.500 deles foram feitos anualmente até 1954, abrindo caminho para demandas mais elevadas. Isso caberia ao Giulietta.

O antecessor: o Alfa 1900 surgiu em 1950 para conquistar a classe média, mas ainda custava caro demais

Ele foi o primeiro Alfa Romeo verdadeiramente feito em grande volume. Assim como nos Estados Unidos o tamanho dos carros era um termômetro da economia do país, as modestas dimensões do Giulietta tinham uma razão de ser. Superando sucessivas crises financeiras, a marca italiana precisava de um carro pequeno de alto volume de venda. Para ajudar nessa empreitada, disponibilizou as primeiras mil unidades para uma loteria. Além do lucro, assim que as vendas se aquecessem, o cliente que comprasse debêntures (títulos de dívida amortizáveis) do projeto teria direito a um Giulietta.

Os títulos tiveram boa aceitação, mas atrasos do projeto colocariam tal estratégia em risco. As ferramentas da nova estrutura monobloco pediam mais tempo para ser concluídas. Inicialmente previsto como um sedã, a ser lançado no Salão de Bruxelas de 1953, na Bélgica, o Giulietta de estréia acabou se tornando um GT, grã-turismo. O projeto já existia na Alfa Romeo, mas ainda carecia de brilho próprio. Mais exclusiva, essa versão cupê poderia ser feita em baixa escala por encarroçadores. Constantes adiamentos na entrega quase geraram uma crise até que, no fim de 1954, começou a desova de Giuliettas.

Em 1954 aparecia o Giulietta Sprint, o primeiro da nova linha: um cupê de linhas harmoniosas e elegantes, considerado o primeiro grã-turismo feito em grande série

Esse Alfa ajudou a criar o conceito do driver-gentleman, algo como piloto-cavalheiro, o homem que dirige seu carro para o trabalho de segunda a sexta-feira e depois o usa numa pista de corridas ou rali no fim de semana. Sua versão Sprint é considerada o primeiro GT produzido em grande série. O cinqüentenário do modelo foi comemorado durante seis semanas pela Alfa Romeo em encontros, ralis, corridas, avaliações, paradas, passeios, um concerto e uma exibição. Mais que isso, um novo modelo revisita esse ícone italiano, o Alfa GT. Continua

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Data de publicação: 5/3/05

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