Apesar de suas raízes teatrais, de vez em quando o Giulietta
também dá o ar da graça nas telas da sétima arte — de preferência
no cinema francês. Não há muitos registros, mas é razoável supor
que nas produções de Cinecittá ele também tenha figurado mais de
uma vez. Entretanto, sabe-se que o filme O desprezo (Le Mépris),
do aclamado diretor franco-suíço Jean-Luc Godard, mostra Michel
Piccoli, o mito Brigitte Bardot e Jack Palance envolvidos numa
releitura cinematográfica da Odisséia de Homero, tendo a sempre
charmosa participação de um Spider. O franco-italiano Gângsters
de casaca (Melodie en sous-sol, de Henri Verneuil,
1963) tinha no elenco Alain Delon e um Giulietta Sprint.
Em 1965, o francês As coisas da vida (Les choses de la vie),
de Claude Sautet, trazia a lindíssima Romy Schneider e Michel
Piccoli, que bate e capota com seu Sprint para então reviver
alguns episódios de sua vida. A cena do carro capotando com
Piccoli sendo visto, em câmera lenta, jogado de um lado para o
outro (não havia cintos ainda), cigarros caindo do maço, é
antológica. No italiano Banditi a Roma (1968), de Alberto De
Martino e com John Cassavetes, um Giulietta Sprint branco é
perseguido por Alfas Giulia e um raro
Ferrari 250 GTE de polícia.
Em Viaggio con Anita, dirigido por Mario Monicelli em 1979,
Goldie Hawn contracena com Giancarlo Giannini e pode-se ver um
Giulietta em cena. La 7ème cible, filme policial francês de
Claude Pinoteau rodado em 1984, conta com um Sprint. No mesmo ano
o também francês Feliz Páscoa (Joyeuses Pâques), de
Georges Lautner, estrelando Sophie Marceau e Jean-Paul Belmondo,
também exibe um Giulietta.
Patrice Leconte dirigiu o francês Une chance sur deux em
1999, filme estrelado pela bela cantora Vanessa Paradis e também
os monstros sagrados do cinema Alain Delon e Jean-Paul Belmondo.
Também de 1999 é o americano O talentoso Ripley (The Talented
Mr. Ripley), de Anthony Minghella, com Matt Damon, Gwyneth
Paltrow e Jude Law. Numa cena, o sortudo Philip Seymour Hoffman
pula de dentro de um Spider vermelho para encontrar o amigo
interpretado por Law. A ambientação da Itália em seu auge no
século 20 é perfeita para se entender o quanto o Giulietta
simbolizava a prosperidade e o charme daquele momento. |
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A imagem de prosperidade da Itália no final dos anos 50 e início
dos 60 ficava evidente nas grandes cidades do país. Esse apogeu
econômico e cultural se refletia no charmoso estilo de vida
cosmopolita italiano, que mesclava elegância e irreverência. O
luxo, o status e a esportividade compacta do Giulietta traduziam
esse espírito com exatidão.
Antes um símbolo de prestígio restrito à elite, a marca Alfa Romeo
já era um sonho mais próximo, possível e compartilhado com muitos.
Além de estrelar em vários filmes da época, o Giulietta também
transportava estrelas de cinema longe das câmeras. Sophia Loren,
Gina Lollobrigida, Vittorio Gassman, a americana Esther Williams e
a inglesa Diana Dors estavam entre os fãs do modelo.
A reputação do Giulietta era tal que servia para dar mais
credibilidade a outros produtos em comerciais de TV. Num deles, o
festejado cantor Domenico Modugno gritava With API you flyyyyy!
(com API você pode voaaar!), após abastecer seu Giulietta Spider e
sair a toda a velocidade. Até o Rei Hussein da Jordânia apresentou
os prêmios aos competidores de uma corrida especialmente
organizada para o Giulietta Sprint na África, em 1956. Na
Inglaterra e nos Estados Unidos eram criados clubes que
congregavam admiradores da marca, mais uma prova de que o fenômeno
Alfa Romeo ultrapassava as fronteiras da Itália para ganhar o
mundo. |
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