O motor de 1.290 cm³ é um capítulo à parte. Desenvolvido por Giuseppe Busso, que vinha da indústria aeronáutica, trazia bloco e cabeçote de alumínio, uma inovação em escala mundial. Os carros mais apreciados na época tinham motores de até 1,1 litro ou de 1,5 litro para cima. Puliga preferiu não desafiar com um motor semelhante o esportivo Fiat 1100 TV: criou com Busso uma classe própria no mercado. O 1,3-litro usava duplo comando de válvulas no cabeçote (único na época para sua cilindrada). Os 65 cv de potência a 6.000 rpm e 11 m.kgf de torque a 4.000 rpm levavam o pequena Alfa a 165 km/h — o carro mais rápido da categoria. A tração era traseira, como em todo modelo da empresa àquele tempo.

Tamanho não é mesmo documento: com apenas 1,3 litro, o motor do Giulietta impressionava pela técnica moderna, tendo sido o primeiro no mundo com bloco e cabeçote de alumínio

Romântico mas não enfadonho, o Giulietta tinha fome de asfalto comparável à do 1900, mas a maior vantagem era o preço mais acessível. Na busca por um peso baixo para manter os brios esportivos da marca, as carcaças do câmbio e a do diferencial eram de alumínio. A alavanca de marchas vinha na coluna de direção. O freio de estacionamento ficava sob a área esquerda do volante e o de serviço usava tambores. A suspensão de molas helicoidais era independente por braços sobrepostos na dianteira e de eixo rígido na traseira.

A Alfa planejava lançar o Sprint apenas como um aperitivo do Giulietta sedã, que apareceria no ano seguinte. Isso implicava uma produção limitada a poucas unidades para 1954, mas ninguém contava com tão calorosa acolhida ao modelo. Nuccio Bertone sabia que sua fábrica em Corso Peschiera, Turim, não conseguiria atender à demanda. Para dar conta dos pedidos, chamou artesãos locais de pequenas oficinas para fornecer os painéis da carroceria. Alguns painéis eram feitos à mão, outros com prensa. Cada um dos 12 Giuliettas Sprint produzidos naquele ano teria características próprias por essa razão. Mas a procura cresceu tanto que o preço da mão-de-obra artesanal tornou-se impraticável.

O Sprint era um aperitivo para o Giulietta Berlina, um quatro-portas de linhas simples e bom desempenho

Uma das conseqüências disso seria a abertura da fábrica da Bertone em Grugliasco, nos arredores de Turim, em 1960. O Giulietta também serviu para que o estúdio se despedisse do artesanato e se tornasse uma indústria. Levaria meses para o carro engrenar comercialmente a ponto de estar em condições de ser lançado nos Estados Unidos. Para esse mercado, além do velocímetro em milhas, era identificado com bordas cromadas nos "bigodes" dianteiros e nos conjuntos de lanternas.

Novos Capuletos em cena   Em 1955 o Giulietta tornava-se uma linha de modelos. Essa geração inicialmente era conhecida como 750. Primeiro chegou o sedã (Berlina), em abril, com quatro portas, quatro lugares e desempenho mais esportivo que seus concorrentes. Mais alto e com maior entreeixos que o Sprint, era um carro prático para uma pequena família, sem abdicar da agilidade de um cupê. Apostando na desenvoltura nas pistas da nova versão, a campanha publicitária do Berlina lembrava essa ambivalência com o mote "mamãe também poderia dirigi-lo".

"Mamãe também pode dirigi-lo": a publicidade do pequeno sedã indicava a pretensão de conquistar um público familiar, apesar do apelo esportivo da marca

Mais uma vez a Alfa expandia o leque de seu público. A atração do carro era mesmo restrita ao temperamento forte, mesmo que a potência do motor 1,3 tivesse sido reduzida a 53 cv. A carroceria era típica da época, com um bloco indo do capô ao porta-malas e outro para o teto, com cantos bem arredondados. Apenas a frente muito próxima à do Sprint dava um traço da personalidade e do herança genética Alfa Romeo.

Mas foi em outubro que a linha magnetizou atenções novamente. Nascia o Giulietta Spider, precursor da famoso Alfa Spider dos anos 60. Dessa vez o desenho era completamente distinto e assinado por Gian Battista Farina. Embora nitidamente um membro da família Alfa e da linha Giulietta, a carroceria do Spider tinha entreeixos 50 mm menor e era mais fluida, baixa e esportiva. Até a frente era distinta: a grade central dividia o pára-choque e os "bigodes" eram mais afunilados para fora. Continua

Para ler
Alfa Romeo Giulietta Sprint (Le Vetture Che Hanno Fatto La Storia) - por Giancarlo Catarsi, Giorgio Nada Editore. Todas as variantes do Giulietta Sprint são mostradas nesse livro por sua história, desenvolvimento e dicas de restauração, com 95 páginas em italiano.

Alfa Romeo Giulietta
- por Angelo Tito Anselmi e Lorenzo Boscarelli, Giorgio Nada Editore. Com 192 páginas, em italiano ou inglês, traz muitas fotos, descrições de versões e especificações técnicas. Ainda oferece detalhes da trajetória do Giulietta nas pistas, de 1955 a 1965. Perfeito para os giuliettisti, os ardorosos fãs deste que é um dos mais queridos carros da Alfa Romeo.

Alfa Romeo Giulietta Gold Portfolio, 1954-65 - por R.M. Clarke, Brooklands Books. Esta compilação reúne matérias de apresentação e testes de vários modelos da linha Giulietta, realizados por revistas especializadas. São 180 páginas em inglês.
Alfa Romeo All-Alloy Twin Cam Companion, 1954-1994 — Four-Cylinder History, Care, and Restoration; Giulietta, Giulia, and Alfetta Families - por Pat Braden, Bentley Publishers. Bela publicação, que trata de 40 anos dos modelos Alfa Romeo com motor construído em alumínio, o que caracterizou a linha Giulietta. Braden foi um entusiasta e colecionador da marca, o que o ajudou a escrever um livro completo no que se refere a história e técnica desses carros. Em inglês.

Alfa Romeo Sports Coupés 1954-1989 - por Graham Robson, Motorbooks International. A capa já dá o recado que importa aqui. Além de outros apaixonantes cupês desenvolvidos pela Alfa, o Giulietta Sprint dá a partida numa série de clássicos desse fabricante que vai até o Alfasud Sprint e o Alfetta dos anos 80. Bem ilustrado e com dados técnicos, é ótima opção para restauradores. Tem 200 páginas, em inglês.

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