Segundo ato   Ao final dos anos 50, a Itália finalmente vivia o auge da prosperidade que vinha se construindo ao longo da década. Roma e, em especial, sua Via Veneto eram o epicentro de um mundo de riqueza econômica e cultural. A juventude em seus carros esportivos, Lambrettas e Vespas tomava de assalto as ruas e lançava moda. A música italiana era celebrada no Festival de San Remo. Os filmes made in Cinecittá davam brilho a esse momento, com Sophia Loren já conquistando Hollywood. Federico Fellini se estabelecia não só como um inovador cineasta, mas também como grande artista nos anos de ouro da Itália no século 20.

A Série II, lançada em 1959: retoques de estilo elaborados por Giugiaro e aumento de potência no Sprint

O entusiasmo, o glamour, a classe, a jovialidade — enfim, a dolce vitta — desse período combinavam à perfeição com determinados produtos e, no caso dos carros, um dos nomes mais fortes era Alfa Romeo Giulietta. Já com alguns anos de mercado, incorporaria novidades para 1959. Era a chamada Série II ou Série 101, apresentada em junho de 1958 no Autódromo de Monza. Logo foi apelidada de "o protótipo de Monza".

O estilo tem interesse particular quando se descobre que foi assinado por um jovem desenhista do estúdio Bertone: Giorgetto Giugiaro. Ele fez mudanças discretas ao conjunto, como grades mais unidas, faróis maiores e novas luzes de direção. As lanternas com refletores separados e a luz da placa traseira vinham atender ao código de trânsito concluído naquele ano. Mas a Série II era mais que alguns retoques de estilo: o motor 1,3-litro agora alcançava 80 cv a 6.300 rpm, levando-o a 170 km/h. Para tal melhora foram alterados escapamento e válvulas. A caixa de câmbio passava a contar com sincronizadores tipo Porsche (anéis de aço em vez de bronze).

No Sprint Veloce agora eram 100 cv, para máxima de 175 km/h; a fabricação das carrocerias pela Bertone já estava automatizada

A Sprint Veloce Série II levava além o ganho de ânimo, marcando 100 cv a 6.500 rpm e 175 km/h. Outra boa surpresa era a inclusão do câmbio de cinco marchas do SS para o novo SV. Em meados de 1960, com a fábrica Bertone em Grugliasco em funcionamento, a fabricação das chapas de carroceria era toda automatizada. Esposa de Fellini, a atriz e homônima do carro Giulietta Masina até apareceu na linha de montagem como madrinha do carro, para um comercial celebrando a produção do Giulietta de número 100.001.

Grand finale   Assistindo de camarote, o fabricante de carrocerias Zagato voltaria aos holofotes desse espetáculo: a Alfa o incumbiu de elaborar um carro de corrida mais radical com base no SS de 1959. O Salão de Genebra de 1960 seria o palco da apresentação do Giulietta SZ, iniciais de Sprint Zagato. Com chassi de aço, painéis da carroceria em alumínio, janelas laterais em acrílico e interior espartano, seu foco era a leveza. Esse Giulietta feito para correr era bem nervoso, apesar da aparência dócil. Seus 115 cv deixavam claro que não estava para brincadeira. Só 210 foram feitos para permitir sua homologação.

O primeiro SZ, ou Sprint Zagato: carroceria de alumínio, traseira arredondada e motor de 115 cv em um Alfa de rua pensado para as pistas

Ironicamente, mesmo sendo mais atlético, o SZ aparentava comportamento mais ameno que o SS. Com um jeito de Porsche 356, tinha linhas arredondadas e colunas estreitas, o que facilitava a visibilidade. O elemento central da grade era mais uma vez destacado das duas partes que o ladeavam. Em 1961 a versão era revisada na busca por melhor aerodinâmica. A empreitada resultou na "Coda Tronca" ou traseira cortada: com vidro traseiro envolvente, ela se encerrava abruptamente. A tampa do porta-malas mais parecia uma gaveta. Não fosse esse aspecto mal acabado da traseira, o carro seria todo arredondado e harmonioso.

Era mais longo, baixo e estreito. A grade estava mais delgada, os faróis vinham com coberturas transparentes para melhorar a aerodinâmica, o capô avançava um pouco sobre o pára-brisa, as laterais perdiam seus frisos. Entre as alterações mecânicas, a mais marcante era a adoção de freios a disco na frente, os primeiros num Alfa Romeo, nas últimas 30 unidades. Enquanto isso, o Sprint Speciale, mesmo concebido para as pistas e participando de competições, fazia as vezes de um GT luxuoso e bem-equipado. Essas características e o preço inferior elevaram sua demanda: até 1963, quando saíram de linha, foram feitos 1.366 deles. Continua

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