Quando o conceito — construído ainda na fábrica de tratores, em Cento,
pois a de carros não estava pronta — foi apresentado, havia um fato que
ninguém da Lamborghini seria capaz de admitir naquele momento: ele nada
trazia sob o capô. É que o motor ainda não estava pronto quando a
Bertone desenhou a carroceria. No momento da instalação, descobriu-se
que o volumoso V12, com carburadores verticais por cima, não cabia no
compartimento a ele reservado... A solução foi colocar o motor ao lado,
no estande do Salão de Turim, e pôr tijolos no carro para baixar a
frente. Ninguém percebeu.
Mesmo sem o motor, o GTV impressionava pela técnica: suspensão
independente nas quatro rodas com braços sobrepostos e molas helicoidais
(Ferraris usavam eixo traseiro rígido), freios a disco Girling com
servo-assistência, câmbio ZF de cinco marchas
sincronizadas, diferencial
autobloqueante e embreagem com comando
hidráulico. O motor tinha velas de platina, de longa durabilidade. Mas
Ferruccio já sabia que aquele desenho não seria viável e, tão logo o
salão se encerrou, passava a conversar com Carlo Anderloni, da
Carrozzeria Touring, de Milão, responsável por alguns belos carros da
Alfa Romeo.
Continua
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