O Alfa para ver as estrelas

Símbolo de descontração e tempero esportivo ao ser lançado, o Spider
envelheceu com dignidade e deixou fãs ao desaparecer, aos 28 anos

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

A Anonima Lombarda Fabbrica di Automobili (Alfa) foi fundada em 1910 para produzir carros baseados nos franceses Darracq. Cinco anos depois, em crise financeira, era adquirida por Nicola Romeo, que adicionava seu sobrenome à marca, dando origem à hoje tão famosa Alfa Romeo. Em 1920 surgia o primeiro carro projetado na nova fase, o grande G1. A ele se seguiram modelos notáveis, como as séries 6C, 8C e o Giulia.

Em meados da década de 1960, com o Giulietta Spider já envelhecido, a Alfa precisava de um sucessor para o importante segmento de conversíveis esportivos. Esses carros sempre foram muito apreciados pelos europeus, que valorizam o sol tão escasso em alguns países. O estúdio Pininfarina foi selecionado para desenhar (com a colaboração do centro de estilo da fábrica) e também construir o automóvel, que surgia em março de 1966 no Salão de Genebra.

O primeiro Spider, de início chamado de Duetto: um belo conversível de formas arredondadas

O chassi do Giulia 105 fora usado como base, mas com entreeixos reduzido de 2,35 para 2,25 metros. era um típico spider – termo usado pelos italianos para o que outros chamam de roadster – de dois lugares e tração traseira. O nome com que ficaria conhecido, escolhido em um concurso que teve como prêmio a primeira unidade produzida, era Duetto. No entanto, descobriu-se mais tarde que outra empresa (há fontes que dizem ser a Volvo) detinha os direitos de uso dessa denominação. Assim, foi divulgado apenas como 1600 Spider. Com o tempo, o nome Duetto sairia do uso comum.

Suas linhas eram muito harmoniosas, com uma linha curva que nascia no escudo da marca na frente e terminava em uma "cauda" em declínio. Os pára-lamas dianteiros eram mais altos que o capô, como nos Porsches 356 e 911, e alojavam os faróis com carenagens plásticas translúcidas. Notavam-se alguns elementos de desenho dos modelos conceituais Superflow 1 e 2 da metade dos anos 1950. Dos pára-choques sutis à capota que quase desaparecia quando recolhida, tudo parecia concebido para dar ao Duetto uma aparência leve, bem cuidada.

Pininfarina desenhou e construiu o Spider, que usava a plataforma do Giulia encurtada

A maior parte do carro era construída nas oficinas de Pininfarina: carroceria, interior, acabamento, parte elétrica, pintura. Os automóveis assim montados eram então enviados à Alfa Romeo para receber motor, câmbio, suspensão, direção e freios.

Luxo e conforto não eram prioridades nesse Alfa: sua proposta envolvia um acabamento simples, mas com tempero esportivo. Este aspecto ficava evidente em elementos habituais dos grandes carros italianos, como o volante de três raios, a alavanca de câmbio bem próxima a ele (que reduz o tempo com a mão fora do volante para mudança de marcha) e o painel com dois grandes instrumentos, ladeado por três outros menores.
Continua

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos - Envie por e-mail

Data de publicação: 30/10/04

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade