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De cima para baixo, seis versões do Bel Air 1956: sedã quatro-portas, o novo e elegante Sport Sedan, cupê, conversível, a perua Deauville de nove lugares e a Nomad

Os pára-lamas traseiros sem ressaltos destacavam o perfil mais retilíneo do modelo 1955, que estava mais longo, largo e baixo. A traseira e boa parte da área superior de seus pára-lamas eram pintadas em outra cor nos modelos saia-e-blusa, geralmente de branco. A divisão se dava logo atrás das portas dianteiras, devidamente demarcadas por frisos cromados que, mesmo assim, vinham em quantidade comedida para a totalidade da carroceria.

Havia um novo membro na linha Bel Air. Na tentativa de adaptar o conceito hardtop a uma perua, a Chevrolet criou a Nomad de três portas. As colunas centrais eram largas e inclinadas, mas as traseiras (C e D) eram estreitas e cromadas para dar a impressão de não estar ali. Surgia um clássico americano que só não foi maior por já fazer parte da linha de um grande clássico. O interior do Bel Air tinha no painel o detalhe mais interessante, o velocímetro em forma de leque aberto. Esse formato era repetido do outro lado com o alto-falante do rádio.

Em 23 de novembro de 1954, o qüinquagésimo milionésimo Chevrolet era fabricado com grande comemoração. Era um Bel Air hardtop com acabamento dourado. Um conversível da mesma linha foi carro-madrinha da 500 Milhas de Indianápolis naquele ano, dirigido por Thomas H. Keating, que dirigia também a divisão Chevrolet da GM. Os americanos adoraram as novidades da marca: o modelo 1955 deixou a Chevrolet no topo do ranking do mercado americano, com 1.704.667 carros, contra 1.451.157 da Ford.

A linha 1956 teve seu aspecto retilíneo reforçado. A frente recebeu grade retangular embutindo as luzes de direção e transbordando as duas extremidades, com uma faixa cromada que acompanhava o pára-choque até as aberturas das rodas. A divisão das cores dos modelos saia-e-blusa agora começava por uma fina faixa pontiaguda, sobre as rodas da frente, até chegar com suave curvatura ao pára-choque traseiro. O bocal do tanque vinha atrás da lanterna esquerda. A perua de quatro portas para até nove ocupantes foi batizada de Beauville.

Surgiu outra chance de explorar o estilo hardtop, desta vez com quatro portas. Assim como no cupê, faltavam ao Sport Sedan as colunas centrais. Mas, ao contrário deste e a exemplo do Bel Air cupê hardtop anterior a 1955, as colunas traseiras tinham a forma de "V" para que o vidro traseiro fosse envolvente. Típico dos anos 50, o resultado ficou bem mais harmonioso que o sedã convencional de quatro portas, que de repente ficou com certo aspecto de táxi. Continua

A verdadeira obra-prima de Earl
Pode-se dizer que o projetista americano Harley Earl foi o pai da estética automotiva de Detroit nos prósperos anos 50. Sob sua tutela, as equipes de estilo da GM criaram o rabo-de-peixe e os cupês hardtop em 1949, os "dagmars" em 1951, os pára-brisas panorâmicos em 1953... Praticamente todo o léxico visual dos carros americanos daquele período surgiu nos carros da GM, sendo então usado por outros fabricantes americanos. Eles influenciam até carros nobres europeus como Mercedes-Benz Fintail, Rolls-Royce Silver Cloud III "Chinese Eye", Facel-Vega HK 500, Daimler SP 250 e Lancia Aurelia B24 S e Flaminia.

Oriundo da Califórnia, onde fazia customizações para celebridades de Hollywood, Earl sempre será lembrado pelo exagero do Cadillac 1959, sua obra máxima e derradeira — bem além do que se define como bom senso e bom gosto, até pelos padrões americanos então vigentes. Mas, se o Eldorado Biarritz daquele ano se tornaria o símbolo máximo de um estilo inspirado na tecnologia aeronáutica e nos foguetes espaciais, o Bel Air 1957 é o trabalho mais adorado desse desenhista na posteridade. Não é difícil entender por quê.

A grande maioria dos americanos não vivia sob a perspectiva de artistas de cinema, por mais que os admirasse. Para essa minoria os Cadillacs serviam com adequação, mas eram os Chevrolets e Fords que vendiam aos montes pelo país. Ficavam perfeitos estacionados na entrada da garagem daquelas casas dos
subúrbios residenciais, onde a vida familiar era o paraíso na terra para os soldados que haviam voltado da Segunda Guerra Mundial ou da Guerra da Coréia e suas esposas. Poder levar um pouco de sofisticação a esse universo, só um pouco do luxo hollywoodiano dos Cadillacs ao Chevrolet de família, sem excessos, na medida certa, uma satisfação para poder compartilhar sem constrangimento com os vizinhos: isso sim preenchia os sonhos de multidões. Com aqueles novos V8 então... E o melhor era que esses sonhos eram bem acessíveis de se alcançar.

É bem possível que Earl não tivesse pelo Bel Air 1957 o mesmo apreço que ele despertou em tantos. A linha 1958 deixa poucas dúvidas a esse respeito. Ele era um artista inspirado, aparentemente sem rédeas na imaginação ou na execução de suas idéias. Ele era exceção. Se no universo automotivo o Cadillac 1959 foi a expressão máxima do American way of life (o estilo de vida americano) dos anos dourados, o Bel Air 1957 foi sua mais exata tradução.

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