


Faróis e lanternas duplos,
maiores dimensões, chassi em "X" com molas helicoidais: novidades para
1958

O anúncio fala em "recuperar
o orgulho", mas o Bel Air perdia prestígio ao passar ao Impala o topo da
linha |
O
Bel Air contava com as versões sedã de duas e quatro portas, Sport Coupe
e Sport Sedan. As peruas tinham séries próprias e a clássica Nomad, que
vendera pouco nos três anos anteriores, cedia seu nome a uma das três
peruas de cinco portas da marca. De qualquer modo, toda a trajetória do
Bel Air daquele ano para a frente seria paralela à do Impala, que
estaria sempre acima dele na escala de luxo da marca.
O novo desenho dos Chevrolets os fez maiores em todos os sentidos —
menos na altura, que diminuía quase 13 centímetros. O comprimento
crescia nada menos que 22,9 cm, sendo 6,3 cm no entreeixos, e o peso
aumentava de 90 a 135 kg. Agora o Bel Air já era o que se convencionaria
chamar de modelo full-size (grande) na década de 60. De cara, notava-se
que ele e seus irmãos traziam os primeiros faróis duplos da divisão. O
padrão se repetia nas lanternas traseiras, que no caso do Impala eram
triplas e se tornariam um traço típico seu na década seguinte. Os
círculos duplos das lanternas do Bel Air seriam adotados por outros
modelos da marca em anos futuros, até mesmo pelo Corvette, que faria
deles traços facilmente reconhecíveis. Tanto o pára-brisa quanto o vidro
traseiro eram panorâmicos.
Na parte mecânica, o chassi vinha com estrutura em "X" e a suspensão
passava a ter molas helicoidais em todas as rodas, em substituição ao
feixe de molas semi-elíticas usadas na traseira até o modelo 1957. Mais
destaque mereceu, entretanto, o primeiro V8 de bloco grande da
Chevrolet, de 348 pol³ (5,7 litros). Podia vir com carburação de corpo
quádruplo e 250 cv ou três carburadores de corpo duplo — neste caso,
dependendo da taxa de compressão, fornecia 280 ou 315 cv.
O seis-cilindros rendia 5 cv a mais e o V8 283 produzia 10 cv adicionais
(230 cv) na versão básica com carburação quádrupla, que passava a 250 cv
com duplo sistema de exaustão. Prosseguiam também o 283 de entrada com
185 cv e o Fuelie de 250 cv. Todo esse arsenal de novidades não duraria
mais que um ano, visto que a linha 1959 continuou o padrão de
atualizações anuais: estreava uma geração toda nova, em que o Impala
passou a ser uma série completa e o Bel Air desceu de vez um degrau para
se tornar a série intermediária.
Asas
da imaginação
Se as portas abertas do
Mercedes-Benz SL de 1954
lembravam uma gaivota voando, o mesmo podia ser dito da traseira dos
Chevrolets 1959. Também associada às asas de um morcego, ela era um
livro aberto — inclusive pela forma — a interpretações. Foi um dos
desenhos mais curiosos de Harley Earl e, sem exageros, de toda a
história da indústria americana. Earl se aposentou logo após o
lançamento daquele ano-modelo.
Continua
|