

Um estudo de carroceria do Série
8, já com linhas próximas das finais, e um teste de colisão: a BMW
estabeleceu padrões severos para ele


Em 1989 era apresentado o cupê
850i, com formas imponentes e um interior bem-equipado e desenhado para
o motorista, sem ostentação |
Cupês grã-turismo, em que o conforto e a capacidade de viajar por horas
em alta velocidade são mais importantes que as reações esportivas, têm
sido um segmento explorado por décadas pela Fábrica de Motores da
Bavária — a Bayerische Motoren Werke ou BMW. Já em 1955 era lançado o
503, de quatro lugares e motor V8 de 3,2
litros. Ele deu lugar em 1962 ao 3200 CS e este aos
2000 C e CS, parte de uma linha
que incluiu os mais potentes 2800 CS (1968), 3000 CS e CSi (1971). A
linha Série 6 viria em 1975 para modernizar a
oferta da marca nesse segmento de carros charmosos e desejados.
Contudo, em meados da década de 1980, após 10 anos de mercado, o Série 6
começava a apresentar os sinais da idade. A empresa de Munique estudava
desde 1981 o projeto de um cupê de 2+2
lugares com maiores dimensões, mais potência e luxo para enfrentar
nomes de peso como
Mercedes-Benz SL, Porsche 928,
Jaguar XJ-S,
Aston Martin V8 e os Ferraris
de motor 12-cilindros (à época o 512 BBi,
em fim de carreira). Não um carro esporte para competir em estradas
sinuosas com Porsche 911 e os
Ferraris V8 de motor central,
mas um grande estradeiro destinado a cruzar com rapidez, conforto e
segurança as autobahnen, as autoestradas alemãs sem limite de
velocidade.
Em 1984 era dado o sinal verde para o projeto E31 — designado como
sempre com a letra E, para Entwicklung ou evolução em alemão. O
desenvolvimento contou com auxílio de computador no desenho (CAD na
sigla em inglês), recurso não usual na época. Mais tarde, protótipos
começaram a rodar em testes com a carroceria do Série 6 alargada na
região dos paralamas, um meio de não chamar tanta atenção. Outros testes
eram feitos em máquinas que submetiam a carroceria a esforços extremos
para verificar sua resistência à torção e à flexão. Na fase final, o
exigente circuito Nordschleife em Nürburgring foi usado para calibração
de chassi. Os 8.000 quilômetros rodados ali representam cerca de 150.000
em uso normal. Os Estados Unidos, um dos principais mercados almejados
pela BMW, também foram usados em testes de alta temperatura.
Ainda não concluído para entrada em produção, o E31 ou Série 8 foi
apresentado com êxito no Salão de Frankfurt no início de setembro de
1989. Durante os oito dias do evento foram feitas 5.000 encomendas à
BMW, que só o colocaria em fabricação em fevereiro seguinte na unidade
de Dingolfing, Alemanha. Na época, a fila de espera superava três anos.
Imponente é uma palavra que define bem o estilo do Série 8. Longo (4,78
metros), largo (1,85 m), com grande distância entre eixos (2,68 m) e
baixo (1,33 m), ele transmitia força e solidez à primeira vista. A
cabine era compacta e recuada, típica de grandes GTs de motor dianteiro.
Na frente, o uso de faróis escamoteáveis — tendência na época, mas que
não demoraria a cair em desuso — permitia um capô bastante baixo. Essas
grandes unidades traziam modernos refletores do tipo
elipsoidal separados para os fachos
baixo e alto e para as luzes de neblina.
No centro, o "duplo rim" característico da marca estava mais baixo e
largo que o usual, como que apontando a tendência a ser seguida nos anos
90 por toda sua linha. O ressalto no centro do capô, que nascia nos
"rins", era acompanhado por vincos nos quatro paralamas que destacavam
as rodas largas, sem usar os tradicionais arcos salientes. Vidros
nivelados à carroceria (sem coluna central) e maçanetas embutidas
contribuíam para o Cx 0,29, dos melhores
na época — e enorme
avanço sobre o 0,39 do Série 6.
Continua
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