O cupê de 1956 (em cima) vinha
com maior cilindrada; mudanças mais abrangentes chegavam para o ano
seguinte (em azul, o Sedan DeVille)
Sedã e cupê apareciam com quatro
faróis para 1958; o motor V8 365, de 6,0 litros, chegava a 310 cv e o
interior trazia controlador de velocidade |
A
potência de 160 cv e o torque máximo de 43,1 m.kgf (valores
brutos, padrões neste artigo até 1971) resultavam em desempenho
muito bom para seu tempo: o grande cupê de 1.835 kg acelerava de 0 a 96
km/h em cerca de 13 segundos e alcançava 160 km/h. Não demorou para que
o DeVille chegasse a uma famosa competição na França (leia
boxe). No restante a concepção técnica do cupê nada tinha de
inovadora, com carroceria montada sobre chassi, suspensão dianteira
independente com molas helicoidais, traseira com eixo rígido e molas
semielíticas, freios a tambor, pneus 8,20-15 de construção
diagonal e a opção entre câmbio manual e
automático HydraMatic.
Nos anos seguintes a Cadillac aplicou mudanças de pequena monta à série
62: para-brisa inteiriço e nova grade em 1950, pequenas telas abaixo dos
faróis um ano depois e, em 1953, vidro traseiro inteiriço e para-choque
dianteiro com "dagmars"
— apelido
das garras pontudas que
muitos relacionavam aos fartos seios da atriz e apresentadora Ruth Egnor,
de nome artístico Dagmar. Sem alteração de cilindrada, o motor passava a
190 cv na linha 1952 e 210 na seguinte.
Longo,
largo e baixo
Uma ampla
remodelação vinha em 1954, quando os Cadillacs ficavam mais longos,
largos e baixos, dentro da tendência de dimensões cada vez mais
generosas da indústria norte-americana. Na série 62 o entre-eixos
crescia para 3,28 m e o comprimento para 5,67 m. Desde o ano anterior o
DeVille não mais representava o topo dessa linha, papel agora ocupado
pelo conversível Eldorado.
O motor adotava carburador de corpo quádruplo e continuava a ganhar
potência — 230 cv em 1954, 250 no ano subsequente —, adequada ao peso
também crescente, que superava duas toneladas no DeVille. A caixa
automática já equipava 100% da produção da marca. Em 1956 vinha o
primeiro aumento de cilindrada, para 365 pol³ ou 6,0 litros, levando o
rendimento a 285 cv e 55,4 m.kgf, e chegava o Sedan DeVille, um hardtop
de quatro portas.
A revista norte-americana Popular Mechanics publicara em 1954 uma
pesquisa com donos de Cadillacs, que destacaram em seus carros o
prestígio, conforto de rodagem, desempenho e valor de revenda. Deles,
85% comprariam um novo carro da mesma marca. Ao avaliar um dos modelos
da série 62, a revista opinava: "Para um carro grande, sua estabilidade
é excelente. O motor V8 fornece potência suave e sem esforço em qualquer
rotação sem evidência de vibrações. O novo chassi elimina as torções e
torna a estrutura mais rígida. O carro toma ondulações com uma sensação
de segurança".
O ritmo era de rápida renovação para os carros nos Estados Unidos.
Quando o DeVille 1957 apareceu redesenhado, as novidades começavam do
chassi, agora baseado em uma grande estrutura em "X", sem os perfis
laterais usados até então. Embora trouxesse maior rigidez e redução de
peso, não fora adotado por essas razões: o maior objetivo era eliminar
os elementos estruturais que tomavam espaço nas laterais, para que os
bancos pudessem ser montados mais baixos sem prejuízo do espaço para as
pernas. Com isso, a Cadillac pôde tirar 7 cm da altura dos carros
mantendo o conforto dos ocupantes.
Claro que a empresa não perderia a oportunidade de destacar a inovação
com um estilo mais moderno. O capô estava no mesmo patamar dos
para-lamas dianteiros, os traseiros vinham bem integrados ao corpo do
carro, as rodas de trás estavam em parte encobertas e tanto o para-brisa
quanto o vidro posterior vinham bastante envolventes. Saliências nas
laterais, que começavam logo atrás das portas, seguiam até as lanternas
traseiras duplas, montadas na base das grandes aletas.
Por dentro, o velocímetro adotava de vez a linha horizontal e o
freio de estacionamento era acionado por pedal, em vez da alavanca
próxima ao joelho.
Continua
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