Faróis retangulares, nova grade e mais itens de conveniência vinham durante a década de 1970, quando o 2CV rompia a barreira de 100 km/h

O painel estava maior em 1978 e o volante de um raio era típico Citroën, mas o interior do 2CV continuava um exemplo de construção espartana

Entrava a década de 1970 com duas versões: 2CV 4, com um novo motor de 435 cm³ (68,5 x 59 mm) e 26 cv a 4.000 rpm, e 2CV 6, de 602 cm³ (74 x 70 mm) e 33 cv a 5.750 rpm. Pela primeira vez o 2CV rompia a barreira dos 100 km/h. Uma grande emoção a bordo do carrinho, que contava ainda com circuito elétrico de 12 volts e, para maior conforto do motorista, pedais suspensos e mais leves de operar. Reforços internos nas colunas, para fixação de novos cintos, vinham em 1972 junto de assoalho e tanque de gasolina que atendiam a normas de segurança européias. Na época a lista de automóveis com preço e proposta similar já era grande: os alemães Ford Escort L, VW 1200 L e Opel Kadett de Luxe; os conterrâneos Simca 1000 LS, Renault 4 Export e Renault 5 L; os italianos Autobianchi A 112 e Fiat 126; o Mini inglês e o holandês DAF 44.

Em 1974, uma das maiores identificações da marca chegava ao interior do 2CV: o volante com um raio e desenho mais moderno. Combinava com o velocímetro graduado até 120 km/h e os demais melhoramentos no interior. Algumas cores oferecidas, como o verde, o vermelho e o amarelo, tinham o teto de lona na mesma cor. O 2CV 4 trazia grade plástica, faróis retangulares, duas janelas laterais a mais que a versão básica (renomeada Spécial), bancos de curvim com desenho mais moderno e cinzeiro.

Um ano depois, em abril, vinha a primeira série especial: a Spot, que numa tradução livre quer dizer um ponto iluminado. Tinha o capô e as laterais pintados num tom forte de laranja. O teto de lona era listrado em branco e no mesmo tom. Ainda tinha uma faixa lateral laranja e calotas cromadas. Os faróis retangulares acompanhavam o modelo, que teve edição limitada a 1.800 exemplares — vendidos em apenas seis dias! Sucesso num piscar de olhos.

Outra versão de muito sucesso foi a Charleston, lançada em 1980, que misturava as cores vinho escuro e preto numa reverência aos anos 20 da Europa. Em princípio seria limitada a 8.000 exemplares, mas o sucesso foi tanto que no Salão de Paris foram fechados pedidos em mais da metade desse número, levando a Citroën a ampliar a série. O 2CV voltava a decolar em vendas — até uma alta patente do governo francês havia comprado um exemplar para ir ao trabalho. Funcionou a proposta bizarra. Continua

Nas pistas
Nas décadas de 1960 e 1970, o famoso tricampeão mundial escocês Jackie Stewart disse "No money, no race", ou seja, sem dinheiro, sem corridas. Mas uma fórmula muito acessível de competir apareceu com o 2CV. Era o 2CV Cross, uma fórmula inventada pelo diretor de relações públicas da casa nos anos 70, Jacques Wolgensinger. As pistas eram feitas por tratores em lotes que tinham muita terra, lama e neve. O regulamento obrigava a tirar todos os vidros, o teto de lona e as portas de trás e recomendava um arco de proteção. As provas eram muito disputadas. Foi copiada em vários países — em Portugal chamou-se Pop Cross e também fez tremendo sucesso.

A empresa de Javel organizou o Raid Paris-Kaboul-Paris em 1970, envolvendo 494 modelos 2CV, Dyane e Mehari, com 1.300 pessoas e 16.500 km. Foi uma prova dificílima para carros e pilotos. No mesmo ano acontecia o Reid Wembley-México (acima). Em 1973 foi organizado o Rali Raid África, com cerca de 60 carros em severas condições do continente. Foram 8.000 km entre Tunísia, Nigéria, Argélia e Costa do Marfim. Um dos carros está desde dezembro de 2007 na exposição C_42 da Citroën.

Duas epopéias foram marcantes. Uma, transportou em 1960 uma família do Laos até a França sem sofrer nenhuma pane. Outra foi bater recorde mundial de altitude em 1953, de 5.420 metros, quando atingiu o monte Chacaltaya na Bolívia.

Oficialmente a Michelin impedia que a Citroën entrasse em competições, mas em 1953 o empresário Pierre Barbot, especializado em mecânica de precisão, transformou um 2CV em um spider de duas portas. Também equipou-o com escapamento especial, dupla carburação e cabeçote retrabalhado. Ganhou em sua categoria a famosa competição Bol D’Or na França. Junto com a empresa de lubrificantes e combustíveis Yacco, foi ao Circuito de Montlhéry com seu Barbot Spécial bater recordes. Foram nove internacionais, sendo um deles de 12 horas a 90,96 km/h de média.

Em 1988 o 2CV foi tentar o Paris-Dakar, um pouco transfigurado (acima). A dupla Philippe Petre-Christian Polat manteve a carroceria original, mas os pneus eram enormes, tinha chassi trabalhado e motor do Mitsubishi Pajero turbodiesel de 140 cv. Indiretamente estavam festejando os 50 anos do 2CV.

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