Remodelado em 1971 com linhas mais arredondadas, o Charger R/T deixava os faróis à mostra; o motor Magnum 440 continuava em uso nessa versão de topo

Os para-lamas ao estilo "Coca-Cola" estavam mais acentuados em toda a linha; em cima o Charger 500 e embaixo o Super Bee, com motor 383

Janelas Ópera, três em cada coluna traseira, eram aplicadas em 1973

Adeus à esportividade: em 1975 o Charger tornava-se um cupê de luxo com base no Cordoba, com motores de 3,7 a 6,6 litros e menor potência

Tudo que sobe...   Em 1971 estreava um novo estilo para o musculoso da Dodge. A carroceria era toda nova e fugia completamente do aspecto robusto dos modelos anteriores. Com o conceito "fuselagem" da Chrysler, o Charger estava mais arredondado. Os faróis duplos circulares vinham descobertos pela primeira vez, mas não na versão SE; o para-choque que servia também como contorno da dianteira continuava presente. A lateral era lisa com o conceito "garrafa de Coca-Cola" acentuado e a coluna traseira bem mais alongada, para acentuar o estilo fastback. As janelas das portas perdiam o quebra-vento e os retrovisores eram do tipo cônico. Na traseira chamavam a atenção as três lanternas quadradas de cada lado, colocadas juntas ao para-choque e com leve inclinação lateral. Por dentro os bancos tinham encostos de cabeça integrados e o ambiente estava mais arredondado. Media 5,2 m de comprimento e o entre-eixos era de 2,92 m.

Fabricado nas unidades de Detroit e Hamtramck, em Michigan; Los Angeles, Califórnia; e St. Louis, Missouri, o Charger vinha em seis versões: básica, Hardtop, 500, SE, R/T e Super Bee, esta última com o motor V8 383 de 335 cv. O R/T, topo da gama, vinha de série com o 440 Magnum entregando 370 cv. Como opções havia o pacote Six Pack e o motor Hemi 426. Externamente a grande diferença era o uso de duas entradas de ar simuladas nas portas. Nas mãos da revista Car and Driver a versão SE foi apontada como não muito rápida para um carro equipado com um motor enorme — no caso o 440 Magnum. Com caixa automática de três marchas, acelerou de 0 a 96 km/h em 6,5 segundos e completou o quarto de milha (0 a 400 metros) em 14,8 s. "Nosso carro de teste com todos os opcionais pesava mais de duas toneladas e tinha uma distribuição de peso de 58,5% à frente e 41,5% atrás. Com isso era esperado um intenso subesterço. Mas dirigir normalmente não apresenta nenhum problema e o carro é previsível a ponto de ser enfadonho", comentava. Ainda segundo o teste, "um dos aspectos mais apreciáveis da terceira geração do Charger é a impressão de ser compacto. O entre-eixos foi reduzido em 5 cm e o comprimento total em 7,6 cm, mas em compensação a largura cresceu."

E a vida começava a ficar difícil para todos os musculosos. Crise do petróleo, preço da gasolina, pressão das seguradoras e novas leis de emissões poluentes foram dilapidando a potência dos modelos esportivos nos Estados Unidos. Os pacotes R/T e Super Bee desapareciam em 1972, enquanto a taxa de compressão caía por causa da eliminação do chumbo tetraetila do combustível, o que diminuiu sua octanagem. Outra opção, o Rallye Package, tentava trazer de volta o brilho do R/T, mas apenas na aparência evocava esportividade. Os faróis voltavam a ser camuflados nesse ano. Para 1973 o Charger mudava o foco, já que ser esportivo com motores amarrados não era muito adequado. Agora ele estava mais luxuoso — o ápice foi a aplicação de três das chamadas janelas Ópera em cada coluna traseira. As vendas foram muito boas. No ano seguinte ganhava novas cores e para-choques reforçados para suportar impactos de baixa velocidade sem danos, uma novidade obrigatória para todos os fabricantes. O motor 340 saía de cena, sendo substituído pelo 360 (5,9 litros).

Essas particularidades marcavam o fim da era dos carros musculosos, mas o nome Charger ainda se arrastaria durante mais alguns anos. Para os entusiastas, os modelos pós-1975 não são considerados verdadeiros Chargers, pois se tratava apenas de uma versão do Chrysler Cordoba. Essa nova geração, de linhas conservadoras e algo discutíveis, só estava disponível no acabamento SE. O motor de entrada, o 360, entregava 182 cv com o carburador de corpo duplo, mas podia chegar a 202 cv com o de corpo quádruplo (valores líquidos, dentro do padrão usado nos EUA de 1972 em diante). Outro disponível era o V8 400 de 6,6 litros com 192 cv. No ano seguinte, 1976, surgiam as versões básica, Sport, SE e Daytona. Os dois últimos acabamentos tinham carroceria diferente dos demais. O Slant Six de 3,7 litros era oferecido no modelo básico e no Sport, enquanto o Daytona vinha com o V8 318, caixa automática, bancos dianteiros individuais e pneus radiais. Sem grandes novidades o Charger cedia o lugar ao Magnum, modelo que já vendia muito mais. Continua

Nas telas
Um carro tão expressivo como o Charger conseguiu ser imortalizado nas telas do cinema e da TV. Em Bullitt (1968), um Charger R/T é perseguido pelo Mustang 390 do detetive Frank Bullitt em cenas de tirar o fôlego, onde o que mais se ouvem são os sons dos V8 e dos pneus derrapando. Ótima pedida para fãs de perseguição.

Na TV a presença maciça veio com o seriado Os Gatões (The Dukes of Hazzard, 1979-1985). A história contava as aventuras de uma turma (Bo, Luke e Tio Jesse) envolvida em confusões com um xerife (Rosco) na cidade de Hazzard. A estrela do filme é o General Lee, um Charger 1969 laranja. Dois filmes surgiram a partir do seriado: The Dukes of Hazzard: Reunion, em 1997, e Os Gatões (The Dukes of Hazzard), em 2005, com Johnny Knoxville, Seann William Scott, Jessica Simpson, Burt Reynolds e Willie Nelson no elenco.

Muitos modelos 1968 aparecem em outros filmes, como é o caso de Blade (1998) e Blade II (2002), onde o belo Charger preto surge em algumas sequências. Em Christine, o Carro Assassino (Christine, 1983), que tem um Plymouth Fury em destaque, o melhor amigo de Arnie possui um belo Charger azul que aparece em algumas cenas. Ele é um dos que ajudam a acabar com o possuído carro vermelho. Em Velozes e Furiosos (The Fast and the Furious, 2001) o ator Vin Diesel pilota um Charger 1968 muito preparado, capaz até de empinar durante uma saída vigorosa. O carro, que pertenceu ao pai do personagem de Diesel, disputa uma arrancada com um Toyota Supra no fim do filme.

Um belo modelo vermelho R/T aparece também no terror A Casa de Cera (House of Wax, 2005), longa que mostra um psicopata de uma cidadezinha que coloca suas vítimas imortalizadas em bonecos de cera de um museu macabro. No filme para TV Rodas da Morte (Wheels of Terror, 1990), um Charger 1974 com uma frente mais intimidadora que a original tem como motorista um maníaco sexual. A alegria do meliante dura pouco com a audácia de uma mulher que, dirigindo um ônibus escolar, resolve caçá-lo pelas estradas. Presença marcante também no seriado O Renegado (Renegade, 1992-1997). O ex-policial Reno Raines (Lorenzo Lamas) cai numa cilada rocambolesca e vai parar atrás das grades. Consegue fugir, muda de nome, arruma um amigo inseparável e juntos correm atrás da verdade corrupta da polícia onde servia. Em um dos episódios uma perseguição acaba mal para o Charger, que cai dentro de um lago.

Embora apareça em algumas cenas da ótima comédia Minha Super Ex-Namorada (My Super Ex-Girlfriend, 2006) com Uma Thurman, a geração atual gosta mesmo é do terreno dos seriados. Os carros podem ser vistos em episódios de CSI (Crime Scene Investigation, 2000-2010), CSI: Miami (2002-2010), NCIS (2003-2010), Ghost Whisperer (2005-2010), Medium (2005-2010), Criminal Minds (2005-2010) e até no desenho Os Simpsons (The Simpsons, 1989-2010).
Bullitt Os Gatões
Blade Christine, o Carro Assassino
Velozes e Furiosos A Casa de Cera
Criminal Minds Minha Super Ex-Namorada
Para ler
Charger, Road Runner and Super Bee (Muscle Car Color History) - por Paul Herd e Mike Mueller, editora Motorbooks. Em 128 páginas, os autores fazem um verdadeiro tributo a alguns dos mais importantes musculosos dos EUA. O livro mostra detalhes como especificações técnicas, carrocerias, motores e entrevistas com projetistas e engenheiros da Chrysler.

Chrysler, Dodge and Plymouth Muscle - por Tony Young, editora Motorbooks. Young leva ao leitor nesta obra de 192 páginas algumas crônicas ilustradas com grandes esportivos da Chrysler. Entram nas páginas modelos como Charger, Viper e 300C.
Supercars: The Story of the Dodge Charger Daytona and Plymouth Superbird - por Frank Moriarty, editora Howell Press. Com 160 páginas e 90 fotos coloridas, o autor conta a história dos "guerreiros aerodinâmicos" que fizeram tanto sucesso nas pistas, principalmente da Nascar.

Project Charger: The Step-by-Step Restoration of a Popular Vintage Car - por Larry Lyles, editora BowTie Press. Com 160 páginas, a obra de um especialista em restauração automotiva faz um apanhado geral do passo-a-passo até um Charger novinho em folha. São cerca de 200 fotos explicativas sobre a restauração de um modelo 1970, mas cujas ideias podem ser aplicadas a qualquer versão.

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