O Celica (na foto o modelo 1977)
havia conquistado boa imagem, mas a Toyota via espaço para um cupê
esportivo mais potente e sofisticado
O Celica Supra de 1980: três
portas, linhas retas e imponentes, motores de 2,0 e 2,6 litros com seis
cilindros em linha, fartos itens de conforto |
Não
há orgulho maior para um pai que perceber que seu filho, criado com
tanto carinho, cresceu, amadureceu, tornou-se independente e se saiu
melhor que o esperado, mostrando ao mundo sua capacidade e
responsabilidade. Esse deve ser o mesmo sentimento da japonesa Toyota ao
ver que um de seus filhos, o Supra, que começou como uma versão de outro
carro mais experiente, ganhou responsabilidade, vida própria e tornou-se
um grande e respeitado esportivo.
Fundada em 1937, a Toyota Motor Co. Ltd. produziu seu primeiro carro — o
modelo AA — baseada nas linhas do
Chrysler Airflow. Foi só em 1955 que a marca
produziu algo com estilo próprio, o Crown.
A Toyota até hoje carrega a fama de produzir veículos coerentes, seguros
e duráveis. Naquela época não era diferente. Mas o Japão do pós-guerra
se reorganizava e crescia a passos largos e os japoneses já nutriam um
desejo de dirigir algo mais emocionante. Em 1967 os anseios do público
eram ouvidos pela marca. Surgia o 2000 GT,
modelo esportivo construído em parceria com a Yamaha que até mesmo deu o
ar de sua graça em um filme de James Bond. Esse carro se tornaria, mais
adiante, a inspiração do Supra.
A história do Supra também começou na esteira de outro modelo, desta vez
o Celica, lançado em 1970.
Batizado de Celica Supra, o esportivo da Toyota chegava às ruas em 1979
com boas soluções técnicas, como o primeiro motor da marca equipado com
injeção eletrônica. O Celica já vinha com uma imagem esportiva
consolidada, no mercado americano inclusive, quando o nome Supra foi
acrescentado à estirpe. O carro exibia linhas tradicionais da época para
o segmento: frente longa e baixa e traseira em estilo
fastback. À frente os faróis duplos
retangulares eram separados por uma grade que lembrava a do 2000 GT.
Embora baseado no Celica, o novo Toyota possuía peças da carroceria
diferentes, em especial da coluna central para trás. Além disso, seu
comprimento era 13 cm maior que o do original, passando para 4,61
metros. O entreeixos era de 2,62 m. O interior não deixava dúvidas sobre
o intuito de crescer no mercado americano: com acabamento adequado à
proposta do modelo, recebia equipamentos de conforto como vidros e
travas com acionamento elétrico, controlador
de velocidade e teto solar como opcional. Além disso, os passageiros
contavam com luz de leitura e apoio de braço retrátil com porta-objetos.
No painel surgiam um imponente (para a época) rádio estéreo e um relógio
analógico.
Nos Estados Unidos o Celica Supra oferecia um propulsor de seis
cilindros em linha e 2,6 litros, com comando
de válvulas no cabeçote, que desenvolvia potência de 111 cv e torque
de 18,7 m.kgf. No Japão os carros mantinham o rendimento, mas extraído
de um 2,0-litros, também seis-em-linha. Esses valores davam desenvoltura
aos 1.270 kg do carro. Além do câmbio manual de cinco marchas havia o
automático de quatro, bastante apreciado pelos motoristas da terra do
Tio Sam; a tração era traseira. À frente o Supra trazia suspensão do
tipo McPherson e o eixo traseiro era rígido, nos dois casos com molas
helicoidais. Havia como opcional diferencial
autobloqueante e os freios recebiam discos nas quatro rodas.
Com esses predicados a Toyota não escondia seus planos de tirar
compradores do Datsun Z, um
dos principais oponentes; outro era o
Mazda RX-7. Um ano após o lançamento, mais uma primazia: o
primeiro turbocompressor da Toyota
equipava a unidade japonesa de 2,0 litros, que passava a desenvolver 146
cv e 21,5 m.kgf. Da marca Garrett, o equipamento ainda não usava
resfriador de ar.
Continua
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