O especial foi veiculado no horário do popularíssimo programa de variedades The Ed Sullivan Show. Num determinado momento, ninguém menos que Frank Sinatra foi abrir a porta de um lustroso Edsel e a maçaneta saiu em sua mão. O programa foi armado com pressa, mas evidenciou algo que seria visto com freqüência maior que a desejada: os problemas de qualidade das primeiras unidades. Tudo indica que os operários das fábricas se confundiam com as especificidades e complicações de ter que lidar com modelos de três marcas distintas, além de haver problemas com fornecedores.

Estilo à parte, havia mais obstáculos ao sucesso: problemas de qualidade, preço alto e o momento do mercado, em que marcas intermediárias já não vendiam tanto

Junte-se a isso a antecipação do lançamento, que já trazia os preços para 1958 — enquanto os concorrentes só lançariam seus novos carros e tabelas em novembro —, e a linha Edsel já não alcançava o nível de interesse que seus anúncios prenunciavam. Pareciam automóveis caros demais, até mesmo porque os preços ficaram muito semelhantes aos da gama Mercury. A prioridade ao Citation nas concessionárias só piorou esse quadro.

Para agravar a situação, a economia americana entrou em recessão em 1957. Modelos menores ganharam força, os de luxo não demonstraram grandes perdas, mas os intermediários, como o Edsel, foram o segmento mais atingido. Esse é talvez o único contratempo enfrentado pelo Edsel que a Ford não poderia prever e nem pelo qual se responsabilizar. O carro foi planejado num momento em que o segmento intermediário cresceu muito nos EUA. Numa tentativa de avivar os predicados da nova linha junto ao consumidor, a empresa até criou uma rápida promoção em que o dono podia ganhar um pônei como brinde. Não adiantou.

No modelo 1959 a grade perdia o elemento interno; o estilo estava mais sóbrio, mas mantinha a identidade com o anterior

O automóvel também não era radicalmente novo, como prometiam os anúncios. Havia na Ford quem acreditasse que a Edsel venderia 200 mil carros em seu primeiro ano. A própria Mercury recuou 48% no mercado em 1958. O mesmo valeu para a concorrência, já que também perderam mercado Buick (-33%), Oldsmobile (-18%), Pontiac (-28%), Dodge (-47%) e De Soto (-54%). Ao fim do ano, apenas 63.107 Edsels foram vendidos. Houve casos isolados de concessionárias bem-sucedidas, mas a meta de vender 400 carros ao dia nas 1.200 lojas da rede jamais foi alcançada. Continua

Em escala

O Edsel rendeu algumas belas e fiéis miniaturas. Este Citation conversível 1958, em escala 1:24, tem pintura saia-e-blusa preta e vermelha. Da Franklin Mint, é um carrinho detalhado ao extremo e de alta qualidade.

A mesma versão existe em 1:18 pela mais acessível Yat Ming, na cor azul clara. O preto e vermelho é outra opção.

Esse fabricante foi um dos raros a oferecer uma outra versão de carroceria em tamanho 1:18, o cupê hardtop, também de 1958.

A coleção Minichamps inclui uma perua Bermuda de 1958 em 1:43, em que se pode observar não só o famoso formato da grade dianteira, como as lanternas  em forma de bumerangue que a Edsel criou para abrigar a abertura bipartida do porta-malas.

Para ler
Disaster in Dearborn: The Story of the Edsel - por Thomas Bonsall, editora Stanford General Books. O melhor deste livro é o material usado na pesquisa: arquivos do centro de estilo da Ford e entrevistas com integrantes da equipe que criou o Edsel. O viés do livro é um exame da política interna na divisão e, claro, os porquês de ela ter resultado num desastre. São 240 páginas em inglês.

Edsel 1957-1960 Road Test Limited Edition - por R.M. Clarke, editora Brooklands Books. Compilação de testes dos Edsel ao longo de seus três anos-modelo. O interessante são os detalhes técnicos e análises de mercado na época, em 92 páginas, além da história do carro. Em inglês.

The Edsel Affair - por C. Gayle Warnock, editora Pro West. Este é um título antigo, de 1980, com 271 páginas em inglês. Warnock conhece o assunto como poucos, pois era o diretor de relações públicas da divisão e o responsável pelo lançamento do carro.
O livro oferece a visão dos bastidores da marca por um de seus principais personagens.

The Rest of the Edsel Affair -
por C. Gayle Warnock, editora AuthorHouse. Segundo livro do autor sobre o Edsel, este título aborda em 256 páginas as razões pela quais a divisão do grupo Ford foi abolida, a criação de clubes do Edsel, a popularidade do carro entre os colecionadores e até as recentes comemorações do jubileu de ouro dele em Dearborn, Michigan, sede da Ford.

Henry and Edsel: The Creation of the Ford Empire - por Richard Bak, editora Wiley. A relação de pai e filho entre Henry e Edsel Ford é o foco deste livro de 320 páginas, que mostra o quanto do estilo de cada um influenciou nos negócios da família. Lançado no ano do centenário da empresa, 2003, retrata Henry como um líder excêntrico e errante, enquanto Edsel é mostrado como o executivo imaginativo que se opôs a Henry Bennett, que seu pai queria no comando da corporação.

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade