Baixando o tom   Apresentada em outubro de 1958, a linha Edsel 1959 tentou eliminar os excessos do primeiro ano-modelo, até por uma questão de custos, em função do mau desempenho inicial. O chassi mais longo foi cancelado e as séries simplificadas. Sobraram o Ranger, nas versões cupê e sedã com colunas e hardtop, e o Corsair, que não tinha o sedã de duas portas, mas oferecia o conversível. A única perua era a Villager, de seis ou nove lugares. Outras perdas sentidas foram o V8 E-475 e a caixa Teletouch Drive.

A simplificação da linha deixou apenas o Ranger, o Corsair e a perua Villager

Também por economia, o chassi era o mesmo do Ford Fairlane, as lanternas vinham do Continental 1958 e o painel quase copiava o dos Fords. O V8 E-400 de 303 cv, que em 1958 fora o motor de entrada, agora era o topo de linha, rebatizado de Super Express V8. Logo abaixo dele havia o Express V8, de 332 pol³ (5,45 litros), 225 e 44,8 m.kgf, o motor de série do Corsair e da Villager. Nesse ano o Ranger vinha como padrão com um V8 de 292 pol³ (4,8 litros, o mesmo usado pelo LTD brasileiro), que rendia 200 cv e 39,3 m.kgf.

Além disso, o seis-cilindros Economy Six (chamado na linha Ford de Mileage Maker Six, em alusão ao menor consumo que o dos V8) de 223 pol³ (3,65 litros), 145 cv e 28,6 m.kgf passou a ser opcional para o Ranger e a Villager. O câmbio podia ser manual de três marchas, de série no Ranger ou com o motor seis-cilindros, e automático Mile-O-Matic de duas marchas ou Dual-Power de três, este só para o Express V8. No desenho, a evolução seguia um comedimento necessário e bem executado, que ainda mantinha clara ligação com a identidade do ano anterior. Tradução: a polêmica grade ainda estava lá.

O câmbio Teletouch desaparecia, mas havia quatro motores disponíveis, de 145 a 303 cv

Entretanto, os desenhistas da Edsel trataram de reduzi-la e de fazê-la parte de um conjunto mais coeso, em que o "colarinho de cavalo" se ressaltava da grade horizontal que partia dele e envolvia os faróis. O pára-choque ainda vinha em duas peças, mas a frente estava mais baixa e bem mais discreta. A traseira ainda tinha o desnível que acompanhava as lanternas de 1958, mas o elemento cromado que circundava as lentes circulares triplas também era harmonioso. Nada disso, contudo, evitou que os problemas de 1958 reverberassem na linha Edsel, que ainda estava mais cara que modelos equivalentes da concorrência. Talvez já prevendo o pior, o vice-presidente da Ford, Robert McNamara, não se empenhou o bastante pela divisão.

A Edsel parecia num beco sem saída rumo ao fracasso. Quanto menos seus carros vendiam, mais concessionárias desistiam de representar a marca e mais o público temia comprar seus automóveis. As vendas já tísicas de 1958 pareciam até saudáveis se comparadas aos 44.891 carros da linha 1959 comercializados. Ainda em fevereiro de 1959, a direção da Ford Motor Company enviou uma carta aos concessionários remanescentes garantindo que haveria uma linha 1960 para a divisão Edsel, a ser lançada em outubro, apesar de toda a publicidade negativa.
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Nas telas
O Edsel não é figura fácil nas telas, já que nenhuma reconstituição de época seria lá muito fiel se colocasse vários deles em cena. Contudo, pode-se dizer que ele fez poucas e boas aparições no cinema. Uma delas foi em um dos filmes mais queridos de George Lucas.

Loucuras de Verão

Um Edsel Corsair 1958 aparece em várias cenas de Loucuras de Verão (American Graffiti, 1973), filme emblemático da juventude no início dos anos 60 em uma pequena cidade californiana. Ele faz parte de um lendário elenco automotivo, que ainda incluía um Ford V8 hot rod e um Chevrolet Two-Ten 1955 customizado. No elenco humano estavam Richard Dreyfuss, Ron Howard e Harrison Ford. No filme o carro é dirigido por Laurie (Cindy Williams).

Carros Usados

A comédia Carros Usados (Used Cars, 1980), de Robert Zemeckis e com Kurt Russell, traz dois Edsels. Um deles é um Ranger 1958 e o outro é da mesma série, mas um ano mais novo e usado numa cena de colisão. O atrapalhado Pee-wee Herman do ator Paul Reubens contracena com um Corsair 1959 conversível em As Grandes Aventuras de Pee Wee (Pee-wee's Big Adventure, 1985). Um Edsel Ranger 1959 vermelho é uma das estrelas do thriller Blacktop (2000), com o cantor Meat Loaf e Kristin Davis.

Outro Ranger do mesmo ano aparece na comédia Uma Estrada Muito Louca (Honky Tonk Freeway, 1981). O carro é rosa, cor que não raro vinha de fábrica nos anos 50.

1969

Outro filme que tratou da juventude da década de 60, mas no último ano dela, foi o drama 1969 (de 1988), com Robert Downey Jr., Kiefer Sutherland, Winona Ryder e... um Edsel Corsair 1959. Enquanto o filme de Lucas trata de uma época ainda ingênua, pré-assassinato do Presidente Kennedy e Vietnã, este outro mostra a reviravolta na sociedade americana depois desses eventos.

Peggy Sue – Seu Passado a Espera

Por fim, vale destacar Peggy Sue – Seu Passado a Espera (Peggy Sue Got Married, 1986). No filme, Kathleen Turner vive uma mulher de 43 anos à beira do divórcio, que desmaia numa festa de reunião de turma do colégio e acorda em sua adolescência, ainda que com a consciência da maturidade. Ela tem a chance de curar feridas internas e reviver experiências, como o dia em que seu pai chamou a família para mostrar o Edsel Pacer 1958 que havia acabado de comprar. Peggy não contém o riso, para a decepção do pai. No elenco ainda estão Nicolas Cage, Joan Allen e Jim Carrey. A direção é de Francis Ford Coppola, que como Lucas entende e gosta de carro. É dele também Tucker – O Homem e seu Sonho.

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