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Em 1978 a Alemanha deixava de fazer o sedã, mas a Karmann mantinha seu conversível por mais dois anos

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O Concept 1 de 1994: um estudo do que seria um Fusca moderno, mais tarde concretizado com o New Beetle

De 19 de janeiro de 1978 em diante, o Sedan teria ascendência, mas não passaporte alemão. Nesse dia a fábrica de Emden encerrava a produção do Fusca com o de número 16.255.500, o último feito no país. O conversível alemão durou um pouco mais: em janeiro de 1980 a Karmann concluiria o último dos 330.281 exemplares na cidade de Osnabrück. Um marco da indústria automobilística alemã passava a ser, oficialmente, um produto importado em seu próprio país de origem.

Foi então a unidade mexicana que atingiu a marca de 20 milhões de VW no mundo, em 15 de maio de 1981. A série Silver Bug (besouro de prata) comemorava essa proeza. Depois de abandonar a produção do modelo, a Alemanha finalmente deixou de importá-lo em 1985, quando o Golf já tinha mais de uma década de sucesso comercial para sustentar as vendas do fabricante. Um dos maiores mercados do besouro, o Brasil, deixaria de produzi-lo no ano seguinte.

Pequenos aperfeiçoamentos foram efetuados no Fusca mexicano, que mantinha a produção do maior projeto de Ferdinand Porsche. Em 1988 o motor 1600 trocava a ignição por platinado por um sistema eletrônico, o capô recebia iluminação e o volante ficava igual ao do Golf. O retrovisor interno de 1989 vinha preso ao pára-brisa e o pára-sol do passageiro ganhava articulação. Para 1990, o Sedan evoluía com freios de duplo circuito e ganhava catalisador. Em 1992 o pára-choque vinha na cor do carro e o escapamento saía por um único tubo. O 1600 do ano seguinte trouxe injeção de combustível.

Sucessor com sotaque americano   No Salão de Detroit de 1994, uma curiosa proposta se destacava. Criado pelo projetista americano J. Mays (hoje na Ford) no estúdio californiano da VW em Simi Valley, próximo a Los Angeles, ele se chamava Concept 1. O gracioso carro-conceito parecia um brinquedo. Com pára-lamas arredondados e ressaltados e teto que descrevia um arco perfeito, era evidente — mesmo sendo uma releitura com traços modernos — sua fonte de inspiração: o VW Sedan. Versões posteriores do conceito foram apresentadas em outros salões, como os de Genebra e Tóquio.

Quatro anos depois de sua estréia em Detroit, a proposta virava produto, batizado apropriadamente de New Beetle (novo besouro). Bem, a coerência existia, pelo menos, em termos de estilo. Com motor dianteiro refrigerado a água e plataforma compartilhados com o Golf, ele era quase um traje à parte para este modelo. Todavia, era um traje capaz de despertar doces lembranças e carinho. A acolhida do conceito foi tal que justificou a produção em série, na mesma fábrica de Puebla em que o antigo Sedan mexicano continuava a ser feito. Continua

Nos Estados Unidos
Nenhum outro fabricante estrangeiro teve um impacto cultural maior que o da Volkswagen nos Estados Unidos até hoje. A Toyota é atualmente um fenômeno de produtividade, confiabilidade e vendas, mas nem de longe se compara ao que a marca alemã experimentou na terra do Tio Sam. Se nunca conseguiram criar um carro compacto com a competência e carisma do Beetle, como o Fusca é chamado lá, os americanos colocaram todo seu talento em publicidade e marketing a serviço do mais famoso projeto de Ferdinand Porsche. E isso quando ele já estava bem velhinho.

Nos anos 60 a publicidade da VW criou algumas das mais criativas campanhas para sensibilizar o público a respeito do modelo. As três grandes já tinham seus carros menores — Chevrolet Corvair, Ford Falcon e Plymouth Valiant — e havia de se destacar a singularidade e a simpatia do carrinho alemão. Quem cuidava dos anúncios da marca era a Doyle Dane Bernbach (DDB), que criou alguns dos anúncios mais marcantes da indústria naquela época, a maior parte em preto e branco e com uma abordagem honesta, inteligente, espirituosa e bem-humorada.

Eleito personagem de filme da Disney e o segundo carro mais querido pelos jovens que aderiam ao movimento hippie — o primeiro era a VW Bus, a Kombi para os americanos —, o Fusca viu impulsionar sua imagem junto ao público que estava começando a dirigir e os que dali a alguns anos começariam. Mais que reforçar a reputação e o carinho dessa parcela do mercado americano, esses eventos pegaram carona nas transformações sem precedentes nem registros posteriores da América da década de 1960.

Ainda assim, mesmo com a simplicidade que agradava à geração "flower power" e o poder de encantamento exercido por Hollywood, o Beetle mantinha a integridade de um automóvel que se estabelecia pela resistência e credibilidade para os mais diversos consumidores. Uma frase atribuída à revista Time dizia que o Fusca era como um membro da família, mas dormia na garagem. Uma feliz definição... Agregar valor cultural a um produto por si só único, e espalhar essa imagem para todo o mundo, foi o que de melhor a América fez pelo Fusca. Algo semelhante só foi visto antes com o Ford Modelo T. Depois do Fusca, nunca mais.
Herbie
A filmografia do Fusca pode ser tão extensa quanto diversificada, mas nada se compara ao efeito causado por seu mais famoso papel, o de Herbie. Haveria melhor maneira de desassociar o modelo de seu vínculo com o nazismo que colocá-lo numa galerinha de personagens infantis que inclui Mickey Mouse, Pato Donald e Pateta? Mesmo sem que essa fosse a intenção, foi o que os estúdios Disney fizeram com Se Meu Fusca Falasse (The Love Bug, 1968).

Mais que um filme, as aventuras de Herbie tornaram a popularidade e o carisma do Sedan ainda maiores, fazendo dele não só um carro, como um astro de cinema, um ícone da cultura pop. Herbie não é apenas um automóvel usado pelos personagens do filme: ele tem vida própria, pensa, sente, se expressa através de sua buzina. Enfim, uma tradução exata do afeto que muitos proprietários de Fusca já sentiam por ele, melhor até que um cão de estimação em alguns sentidos.

Pintado com o número 53 e uma faixa vermelha e azul de pára-choque a pára-choque sobre sua carroceria branca, o Sedan 1963 com teto solar do filme ajuda um piloto decadente a conquistar vitórias consecutivas nas pistas. O sucesso do filme levou a Disney a criar continuações para as aventuras de Herbie.
A primeira foi As Novas Aventuras do Fusca (Herbie Rides Again, Movie, 1974), seguida por Um Fusca em Monte Carlo (Herbie goes to Monte-Carlo, 1977) e A Última Cruzada do Fusca (Herbie Goes Bananas, 1980).

Uma espécie de versão cartoon do personagem foi o protagonista do desenho animado Carangos e Motocas (Wheelie and The Chopper Bunch), produzido pela Hanna-Barbera para a rede americana NBC em 1974 e 1975, mas reprisado até hoje. Embora sua namorada Rota e as atrapalhadas motos do desenho falassem, como na recente animação Carros, o herói Wheelie só se expressava pela buzina nas divertidas confusões em que se metia, a exemplo de Herbie.

Vinte e cinco anos depois de a série inicial do Fusquinha da Disney terminar, o estúdio revitalizou seu herói com a ajuda da atriz em ascensão Linday Lohan em Herbie: Meu Fusca Turbinado (Herbie: Fully Loaded, 2005). O besouro ganhava um visual modificado, mas, pelo menos, não era substituído por um New Beetle. Assim como o Fusca no mundo real, na sétima arte Herbie já se tornara um clássico para crianças de todas as idades.

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