Um recurso peculiar do sedã, ausente do modelo nacional, era o banco traseiro rebatível, que formava um assoalho plano para bagagem. Só que a divisória atrás do encosto permanecia, de modo que o compartimento interno não se comunicava com o porta-malas. O motor de seis cilindros estava maior, com 240 pol³ (3,95 litros) e 150 cv. Os V8 de 289, 352, 390 e 427 pol³ continuavam, mas o segundo estava mais potente (250 cv) e o terceiro oferecia três versões (275, 300 e 315 cv). Deixava de existir a caixa automática Fordomatic e a suspensão traseira adotava molas helicoidais.

O mais potente motor da história do Galaxie saiu em poucas unidades de
rua: o "Cammer" 427, um V8 projetado para competição com até 657 cv

Foi também nesse ano que o Galaxie recebeu o motor mais potente de sua história, conhecido como Cammer, que ao menos em teoria estava disponível nas concessionárias por exigência da Nascar para homologação. Era uma versão do V8 427 com comando nos cabeçotes (origem do apelido), câmaras de combustão hemisféricas e válvulas de escapamento refrigeradas com sódio. Com um carburador quádruplo entregava 616 cv, e com dois, sensacionais 657 cv!

Era um motor caro de produzir, pelas reduzidas tolerâncias para uso em competição, e com uma distribuição de potência que o deixava inadequado ao uso em rua. Além disso, não previa a instalação de acessórios como direção assistida e ar-condicionado. Não se sabe quantos Galaxies de rua o tiveram, mas foram certamente poucos. Para o ano seguinte, as regras da categoria mudavam: em vez de centenas, deveriam ser oferecidas ao público milhares de unidades para que o motor pudesse ser levado às pistas.
Continua

Nas telas
Belos automóveis não faltam no ótimo filme Conduzindo Miss Daisy (Driving Miss Daisy), de 1989. A mistura de comédia e drama vai da década de 1950 e ao final dos anos 80. Jessica Tandy interpreta Miss Daisy, que já não dirige muito bem. A contragosto, seu filho Boolie (Dan Aykroyd) contrata o motorista Hoke (Morgan Freeman). Numa cena há um Galaxie 1962 de quatro portas na cor bege.

O modelo também fez parte de vários filmes do agente britânico 007. O primeiro e talvez mais famoso, O satânico Dr. No (Dr. No), de 1962, é estrelado por Sean Connery, que pela primeira vez fazia o papel, e pela linda e inesquecível Ursula Andress, que faz Honey Ryder. Há também Jack Lord como o agente do FBI Felix Leiter. Boa parte das filmagens acontece no Caribe e numa das cenas num estacionamento de um hotel, numa ação que envolve policiais e bandidos, surge um Galaxie branco 1960.

Em 1971, em Os diamantes são eternos (Diamonds are forever), também com Connery e a bela Jill St. John, que faz Tiffany Case, as cenas são no deserto perto de Las Vegas, EUA. Numa perseguição um Galaxie verde 1971 é maltratado em meio a saltos e buracos (acima).

Em Viva e deixe morrer (Live and let die), de 1973, Bond é interpretado pela primeira vez pelo inglês Roger Moore. Quase todo o filme se passa nos EUA. Numa cena em Nova Orleans, perto do aeroporto internacional, vemos um Galaxie quatro-portas táxi, bordô e branco, 1967.

Muito boa é a comédia policial baseada em um caso verídico Prenda-me se for capaz (Catch me if you can), de 2003. Dirigida por Steven Spielberg, tem atores brilhantes como Leonardo DiCaprio, Tom Hanks, Christopher Walken, Martin Sheene e Nathalie Baye. Frank Abagnale Jr. (DiCaprio) é um jovem falsificador de muita competência que vive fugindo. Neste filme interessante e divertido, com belos carros dos anos 60, um Galaxie preto 1963 aparece em várias cenas. A bordo está o incansável agente do FBI Carl Hanratty (Hanks), sempre tentando prender Abagnale.

O policial Risco duplo (Double jeopardy), de 1999, tem Ashley Judd, Tommy Lee Jones e Bruce Greenwood. Elizabeth Parsons (Ashley) é condenada pelo assassinato de seu marido Nicholas e, na prisão, descobre que o marido tramou tudo para ficar com a fortuna do seguro de vida. Anos depois consegue a condicional. Numa cena onde é presa pelo policial Travis Lehman (Lee Jones), os dois embarcam numa balsa a bordo de um surrado Galaxie XL cupê 1964. Ela fica algemada dentro do carro com a algema presa à maçaneta, enquanto Travis vai tomar um gole, só que ele esquece a chave no contato. Ela liga o Ford, engata o câmbio automático e pisa fundo no acelerador, batendo em outros carros. Joga um automóvel na água, sai em disparada e cai também no lago. Uma cena muito bem feita num ótimo filme.

Com ótimas perseguições do começo ao fim, The driver (de 1978) é estrelado por Ryan O'Neal, Bruce Dern e pela bela francesa Isabelle Adjani. Há pegas muito bons e arrojadas manobras em Los Angeles. O'Neal mostra suas habilidades ao volante em ruas, becos e estacionamentos a bordo de um Galaxie 500 quatro-portas azul 1973. Recomendável para quem gosta de ver gente competente dirigindo.

Outro bom policial, de 1993, é Um mundo perfeito (A perfect world), com Kevin Costner, Clint Eastwood e Laura Dern. Dirigido com competência por Eastwood, o drama policial narra a história de um presidiário (Costner) que se apega muito a um menino (T. J. Lowther).

Este é seqüestrado, mas aos poucos passa a gostar muito de Costner. Vários modelos americanos dos anos 50 e 60 aparecem, como um Galaxie 1963 da polícia.

Um drama famoso do final dos anos 60 é Perdidos na noite (Midnight cowboy), de 1969, com Dustin Hoffman (no papel de Enrico Salvatore 'Ratso' Rizzo) e Jon Voight (Joe Buck). Com grandes atuações e belíssima trilha sonora, foi vencedor de três Oscars. Um caipira parte para Nova York e encontra um marginal de pequenos golpes (Hoffman). No final do filme, quando os dois partem para a Flórida na tentativa de uma vida melhor, vemos um Galaxie 1966, quase idêntico ao fabricado aqui, na frente do ônibus em que estão viajando.

O grande Alfred Hitchcock dirigiu o drama Marnie, de 1964. Atuaram Sean Connery (como Mark Rutland), Diane Baker (Lil Mainwaring) e Alan Napier (Mr. Rutland), este o mordomo Alfred do Batman. Em várias cenas de suspense podemos ver um Galaxie 1963.

Outro bom policial de Eastwood é Sobre meninos e lobos (Mystic river), de 2003. No elenco estão Sean Penn, Tim Robbins, Kevin Bacon, Laurence Fishburne e Marcia Gay Harden. Um drama policial muito competente, conta a história de três amigos de infância que se reencontram 25 anos depois, para desvendar o mistério da morte da filha de Jimmy (Penn). A trama se passa em Boston, Massachusetts, e logo no começo um policial em um Galaxie 1972 preto repreende os três amigos, ainda pequenos.

Serpico, de 1973, é um drama policial muito bom com Al Pacino no papel principal. Ele faz Frank Serpico, um policial que, logo ao sair da academia de polícia, se depara com um mundo bem diferente. Ele começa a descobrir uma corporação muito corrupta em Nova York e não entra no jogo dos colegas. Baseado num livro que conta uma história real, o filme tem diversas cenas com um Galaxie cupê 1965 preto. Noutra cena vemos outro cupê de 1969.

Os implacáveis (The getaway), de 1972, do diretor Sam Peckinpah, tem estrelas do porte de Steve McQueen e a bela Ali MacGraw. O criminoso Carter Doc McCoy (McQueen) usa a esposa para fugir da prisão. Depois recebe a proposta de um político corrupto para participar de um assalto, mas tudo vai por água abaixo, com muitos erros. O casal assassina então o político e é caçado por seus capangas no estado do Texas. Em várias cenas podemos ver duas peruas Galaxie Ranch Wagon, uma 1970 de cor clara (acima) e outra 1971 dourada. Filme com ação do princípio ao fim. Sua refilmagem em 1994 com Alec Baldwin e Kim Bassinger, então casados, não obteve o mesmo sucesso.

Feitiço havaiano (Blue Hawaii), um ingênuo musical de um dos reis do rock, Elvis Presley, passa-se na ilha do Havaí em 1961. Após prestar o serviço militar, Chad Gates (Elvis) volta para a casa dos pais em Honolulu. Lá começa a trabalhar numa pequena agência de turismo, que leva turistas para a famosa ilha do Pacífico. E é lógico que seduz várias belas louras e morenas, ao som de músicas românticas, e se mete em encrencas de pouca gravidade. Nestas e em outras cenas, vários Galaxies 1961 de polícia aparecem.

O grande Ford também constou em filmes como Operação França II, JFK - A pergunta que não quer calar, Os três dias do condor, Loucuras de verão (American Graffit) e Se meu Fusca falasse. E fez presença maciça em seriados como Os invasores, várias vezes em CHiPs, Starsky & Hutch e Havaí 5-0. E até no desenho animado Os Simpsons.

por Francis Castaings

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