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A nobre virtude da discrição

Do modelo V ao IX, a série Mark representou com dignidade a
vertente mais luxuosa da Jaguar em seu apogeu esportivo

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

A intenção era que ele fosse algo mais radical. Mas quando o Mark V foi apresentado, em setembro de 1948, a Jaguar ainda se recuperava da guerra, o que impôs limitações a um projeto que traria chassi, motor e carroceria novos. Era demais para uma renovação que não podia esperar, mas nem por isso faltavam inovações técnicas e de estilo no novo topo de linha da marca inglesa. Como já acontecera antes da história da fábrica, William Lyons, seu proprietário, esperava mais do que o carro conseguia entregar — uma relativa frustração inversamente proporcional à acolhida do mercado a seu trabalho.

Além de ter um estilo inconfundível mesmo numa época tão fértil para a criatividade dos projetistas, o primeiro modelo da série Mark, também conhecido apenas como Jaguar MK, recebeu as benesses técnicas dos esportivos XK em seus dias de glória. Essa linhagem de modelos grandes da marca inglesa será tratada aqui do Mark V até o IX. São carros com uma presença tão marcante que um Mark VIII foi escolhido por Alfred Hitchcock, o aclamado diretor e mestre do suspense e compatriota destes carros, para "estrelar" um de seus mais cultuados filmes, Vertigo, chamado no Brasil de Um Corpo que Cai (leia boxe).

O antecessor: projetado antes da guerra, o "Mark IV" -- nome não oficial -- esteve outra vez no mercado entre 1946 e 1947

O nome Swallow Sidecar Company pouco ou nada diz para a maior parte dos entusiastas do automóvel. Pois foi com essa nada atraente denominação que o jovem Lyons fundou em 1922 sua fábrica de carros laterais (sidecars) de alumínio para motos. Já em 1927 ela fabricava carrocerias para automóveis e viria a se tornar a SS Jaguar em 1935. À esta época já tinha um departamento de engenharia, liderado por William Heynes, que trabalhava com a mecânica fornecida por outro fabricante, a Standard. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a empresa foi finalmente rebatizada de Jaguar Cars.

Essa decisão ajudou a torná-la um dos mais admirados fabricantes de carros esportivos e de luxo — e também a afastar a então inevitável associação da empresa com a unidade de elite "SS" nazista. Além da mudança no nome, o pós-guerra representaria uma fase de grande evolução no desenho dos carros da marca — e, em conseqüência, em sua identidade —, que seria atrelada a uma forte imagem de esportividade com o XK. A Jaguar atingiria seu auge de prestígio nos anos 50 e 60.

Pára-brisa mais inclinado, rodas traseiras encobertas e faróis mais integrados
 eram novidades do Mark V, um Jaguar dos tempos de maior brilho da marca

O ano de 1948 também marcou a apresentação do lendário Jaguar XK 120. Menos evidente que a ala esportiva da marca nessa fase, a linha Mark estabeleceu-se discreta, mas decisivamente, entre os melhores automóveis de luxo europeus. O Mark V substituiu o "Mark IV", nome não oficial de um projeto de antes da guerra (então vendido como SS Jaguar 1½ Litre, 2½ Litre e 3½ Litre, de 1937 a 1939) que foi novamente oferecido entre 1946 e 1947.

Às vésperas dos melhores dias   Das inovações adotadas no modelo definitivo estavam a suspensão dianteira independente elaborada por Heynes. Um novo motor de seis cilindros em linha e 3.442 cm³, com comando de válvulas no cabeçote e potência de 160 cv, deveria estrear no modelo. No entanto, a direção da Jaguar julgou que o Mark V era um pouco conservador demais para a tarefa. Foram mantidos os propulsores do 2½ Litre e do 3½ Litre sobre um novo chassi. O motor inédito, chamado de XK, seria guardado para um carro esporte. Foi com essa incumbência que surgiu o XK 120. Continua

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Data de publicação: 17/2/07

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