Os motores do 2½ Litre (de 2,6 litros) e do 3½ Litre (de 3,5 litros) tinham a mesma configuração básica do usado no XK, do número e disposição de cilindros ao tipo de comando, e usavam carburação dupla SU. O primeiro rendia 104 cv a 4.600 rpm, enquanto o 3½ Litre chegava a 125 cv a 4.250 rpm, com torque máximo de 24,8 m.kgf a 2.300 rpm. Segundo o teste da revista Autocar de julho de 1949 com essa versão, o Mark V acelerava de 0 a 96 km/h em 18,9 segundos e alcançava 145 km/h, mas outras fontes falam em 139 km/h para o 2½ Litre (que pesava 1.642 kg) e 155 km/h para o 3½ Litre (de 1.665 kg).

A mesma classe com um toque descontraído: a versão Drophead Coupe do Mark V

O câmbio manual operava quatro marchas a partir de uma alavanca localizada no assoalho, sendo que a primeira não era sincronizada. O sistema de suspensão independente para as rodas dianteiras usava braços duplos e barra de torção. O eixo rígido traseiro recorria a feixe de molas semi-elíticas, mais macias que no projeto anterior. Os pneus mediam 6,70-16 e a frenagem ficava por conta de tambores da Girling.

A mesma plataforma sustentou todo Jaguar com carroceria sobre chassi até 1961. E foi uma versão encurtada dela que o XK 120 usou. Apesar da relativa semelhança com o "Mark IV", o desenho era todo novo. O Mark V vinha nas versões Saloon e Drophead Coupe, ou sedã e cupê conversível. Sua carroceria mantinha um forte vínculo com o estilo dos anos 30, mas com uma personalidade bem própria no caso do Saloon. Ele media 4,76 metros de comprimento, 3,05 m de entreeixos, 1,76 m de largura e 1,59 m de altura. Era um carro grande para os padrões europeus da época, mas a meta era mesmo levar o Mark V ao mercado americano — até por incentivo do governo para que as divisas pudessem viabilizar a importação de aço, matéria-prima então escassa.

Impedido de usar o motor do esportivo XK 120, o pesado sedã não esbanjava desempenho: de 0 a 100 km/h exigia cerca de 19 segundos

A inclinação do pára-brisa era bem mais acentuada que a do "Mark IV". O capô afunilava-se em direção à grade do radiador de cantos arredondados. Sua abertura era dividida em duas partes, uma para cada lado do carro. Faróis duplos, ainda que não paralelos, ficavam no vão entre a grade e os pára-lamas dianteiros, não embutidos. Estes cobriam as rodas, bem próximas da grade, como uma onda que nascia nos pára-lamas de trás. As rodas traseiras eram cobertas por saias até a altura do assoalho, o que colaborava muito para as feições tão peculiares do modelo. Continua

Vertiginosa atração
O Volkswagen Sedan de Herbie, Se Meu Fusca Falasse, o De Lorean DMC de De Volta para o Futuro, o Aston Martin DB da série 007, o Mustang GT de Bullit, o Plymouth Fury de Christine. Todos carros ilustres do cinema, eles são ou acabam por se tornar verdadeiros personagens nas histórias que ajudam a contar. Mas esses são filmes marcados pela ação, às vezes com pitadas de humor, ficção científica ou terror. Poucos carros podem se dar ao luxo de ter sua imagem fortemente atrelada a um clássico da sétima arte, cultuado de modo quase unânime pelos críticos, ainda que seu reconhecimento e consagração tenham vindo anos depois do lançamento do filme. Pois esse é o caso do Jaguar Mark VIII.

Graças a Um Corpo que Cai (Vertigo, 1958), dirigido pelo aclamado diretor inglês e mestre do suspense Alfred Hitchcock, passamos boa parte da primeira metade do filme assistindo a um detetive que sofre de vertigem (James Stewart) seguir o Mark VIII verde metálico da bela esposa de seu cliente (Kim Novak). Ela parece estar possuída pelo espírito de sua bisavó, que se suicidou ainda jovem, e tudo indica que logo seguirá o mesmo rumo. A jovem sai em freqüentes passeios de carro pelas ruas de São Francisco e a câmera leva o espectador em um belo tour pela cidade californiana, ao som da primorosa partitura de Bernard Herrmann.

O sedã verde torna-se uma espécie de cúmplice, enquanto nos conduz pelos vertiginosos caminhos da cada vez mais acentuada perturbação dessa mulher — e do amor que nasce entre ela o detetive. Trata-se de um belo filme em que a obsessão pela morte, a angústia de salvar dela quem se ama, a tentativa desesperada de trazer de volta quem se foi criam um enredo fascinante. Hitchcock surpreende por revelar a trama na metade da história, mas nos leva a acompanhar seu protagonista até que ele descubra o que já sabemos. Tudo isso sem mostrar uma gota de sangue sequer.

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