Além dessas saias, compridas até o nível do assoalho do carro, a marca registrada do Saloon eram as colunas traseiras largas e arredondadas, que combinavam bem com a curva das janelas laterais e formavam um desnível antes de brotar o ressalto do porta-malas, um desenho que lembrava uma nuca (leia boxe abaixo). A tampa do porta-malas abria-se para baixo e escondia um jogo de ferramentas no lado interno, solução prática para a manutenção do veículo.

O Mark VII era ainda mais longo e imponente, com certa inspiração no estilo do XK

No interior, o destaque eram o revestimento dos bancos em couro e a madeira envernizada no painel e nas portas. Os instrumentos vinham todos centralizados e o volante tinha quatro raios. Para clarear mais e refrescar um pouco os ocupantes, havia também teto solar para o Saloon da linha Mark V. Um ambiente requintado, para nenhum lorde inglês botar defeito. Cerca de 10.500 unidades foram produzidas.

Na medida certa   Já no Salão de Londres de 1950 a Jaguar apresentaria a evolução do projeto para o ano seguinte. O Mark VII não respeitava a seqüência numérica romana para, segundo a lenda, evitar repetir o nome do Bentley Mark VI de 1946. Como se vê, criatividade para nomes não era o forte de alguns fabricantes de carros de luxo ingleses. A versão conversível foi abolida de vez em função do sucesso do XK, um verdadeiro esportivo. A nova geração foi elaborada desde o início com o mercado americano como alvo, o que explica as medidas generosas, comparáveis às de um Rolls-Royce Silver Cloud — que só apareceria meia década depois e com estilo bem semelhante ao do Jaguar até a linha da cintura. Continua

Nas pistas
Para os sedãs grandes como estes da Jaguar, não costuma haver muito campo a se explorar nas competições. Afinal, eles são criados para transportar passageiros com todo o conforto, não pilotos com pressa e a adrenalina a mil. Mas quase sempre há alguma exceção. Em meados dos anos 50, o Mark VII começou a ser utilizado em corridas com sucesso.

Sua maior conquista veio em 1956, quando ganhou o prestigiado Rali de Monte Carlo (foto) pilotado por Ronnie Adams. Com isso, a Jaguar se tornou o primeiro fabricante a vencer, num único ano, tanto em Le Mans (com o D-type de Ron Flockhart e Ninian Sanderson) quanto em Monte Carlo. Mas, como em toda sua história, mesmo no esporte o Mark primou pela discrição. Diferente do D-type, seus pódios e conquistas do esporte não ficaram para a posteridade com a mesma força que suas qualidades como automóvel de luxo.
Outras "nucas"

O estilo peculiar do Jaguar Mark V tinha um precedente bem mais exclusivo que ele para inspiração. O Typ 57 Ventoux (foto superior) era um dos mais atraentes cupês da Bugatti e, além de um pára-brisa bastante inclinado, tinha colunas traseiras de desenho arredondado na parte superior, curvas essas que eram acompanhadas pelas janelas laterais traseiras.

Era um estilo bem próximo ao do Mark V, mas este foi além ao ter a base das colunas também abauladas para dentro. Parecia que o teto estava sendo derramado sobre o carro, o que criou um caráter próprio para os Jaguars de teto rígido. Assim que surgiu o cupê do XK 120, em 1951, essa estética foi reproduzida. O mesmo valeria para os intermediários Mark I e II.

Anos mais tarde, a Chrysler usaria esse estilo — talvez como homenagem — no New Yorker de 1994 (embaixo). O modelo destoava de todo o restante da linha, que seguia o auge do estilo cab forward (de cabine avançada) da marca americana na época.

Essa geração usava a plataforma LH (do Chrysler Concorde, Dodge Intrepid e Eagle Vision) e durou pouco, até 1996. Ela teve uma versão mais requintada chamada LHS, que permaneceu à venda até o modelo 1997 e teve uma segunda geração, já sem esse desenho característico.

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