O Mark VII estava 23 cm mais longo e 10 cm mais largo que o V, embora o entreeixos fosse o mesmo. Ainda assim, havia claros indícios de familiaridade entre o novo sedã e o roadster XK 120. Isso podia ser notado, em particular, pelos pára-lamas bojudos bem integrados à carroceria, ainda que ressaltados para lembrar as formas de duas asas fechadas — as saias removíveis sobre as rodas traseiras deixavam essa impressão mais clara. Com o teto encerrado em um contorno curvo como uma gota, ao estilo de "nuca" do Mark V, o maior felino da Jaguar parecia mais uma imponente ave. A limpeza de suas linhas era reforçada pela ausência de moldura cromada na grade dianteira.

O Mark VII trazia um vigoroso motor de 3,4 litros, com duplo comando e 160 cv; sua publicidade destacava a combinação de "conforto de carro familiar americano, construção inglesa e desempenho de modelo esporte"

A melhor notícia, no entanto, ficava por conta do motor do vitorioso XK, o que já havia sido considerado para o Mark V. Com comando duplo no cabeçote e carburação dupla SU, o seis-cilindros do Mark VII tinha 3,4 litros e alcançava 160 cv a 5.200 rpm, potência capaz de empurrar seus 1.740 kg à velocidade máxima de 160 km/h. Era com ele que o Mark V já deveria ter sido fabricado. Os freios Girling do Mark VII vinham com servo-assistência.

Vale notar que o Mark V e o VII foram mantidos à venda em paralelo por um ano, até que o modelo mais antigo fosse abandonado. Esse hábito peculiar seria mantido até a chegada do Mark X, que ainda teria um ano de convivência com o Mark IX. Dessa forma, os apaixonados pela geração anterior ainda tinham chances de se despedir dela a tempo de adquirir um exemplar novo antes que ela fosse aposentada de vez. A receptividade foi tal, já nos primeiros meses em que o Mark VII esteve disponível nas lojas, que a maior demanda exigiu que a fábrica se mudasse em 1951 para Browns Lane, Coventry, onde permanece até hoje. Mas também gerou as divisas necessárias para recuperar a saúde financeira da Jaguar.

Todo o requinte e o conforto do Mark VII eram complementados, em 1953, por uma novidade para atender sobretudo aos americanos: o câmbio automático

O mercado americano ainda demandaria outro aprimoramento ao modelo. A caixa manual de quatro marchas não atrapalhava a boa aceitação do Mark VII nos Estados Unidos, mas os motoristas daquele país deixaram claro que um câmbio automático seria bem-vindo. Em 1953 a Jaguar os atendia com uma caixa Borg Warner de três marchas, opcional acompanhado de banco dianteiro inteiriço. O sistema overdrive para o câmbio manual surgia um ano depois Continua

Nas telas
Se Um Corpo que Cai é a mais célebre aparição de um Jaguar Mark nas telas, não quer dizer que tenha sido a única. Muito pelo contrário: só na série cinematográfica policial alemã Edgar Wallace foram requisitados um Mark V 1948 (Edgar Wallace - Der Rächer, 1960), um Mark VII 1950 (Edgar Wallace - Neues Vom Hexer, 1965), um Mark VIII 1956 (Edgar Wallace - Die Tür Mit Den Sieben Schlössern, 1962) e um Mark IX 1958 (Edgar Wallace - Der Schwarze Abt, 1963).

No francês Rififi (Du Rififi Chez Les Hommes, 1955) pode-se ver um Mark V 1948 e um Mark V 1950. O Mark V também dá as caras no nacional Amei um Bicheiro, de 1952, com Cyl Farney e Eliana. Outro modelo 1950, um VII branco, aparece nitidamente na comédia As Fabulosas Aventuras de um Playboy (Les Tribulations d'un Chinois en Chine, 1965, na foto), com Jean-Paul Belmondo e Ursula Andress.

Da mesma safra são os Mark VII do suspense O Homem que Sabia Demais (The Man who Knew Too Much, 1956), outro clássico de Hitchcock com James Stewart, mas co-estrelado por Doris Day; do drama Sublime Obsessão (Magnificent Obsession, 1954), de Douglas Sirk, com

Jane Wyman e Rock Hudson; de Papai é Nudista (I'm All Right Jack, 1959), comédia com Peter Sellers e Richard Attenborough; e do francês Les Malabars Sont Au Parfum, de 1966.

Podemos ver o Mark VII 1951 em ação numa participação no policial Armadilha a Sangue-Frio (The Criminal, 1960, acima), de Joseph Losey. Um Mark VII 1952 está no drama A Condessa Descalça (The Barefoot Contessa, 1954), com Ava Gardner e Humphrey Bogart. Um outro, de 1953, aparece em Échappement Libre, aventura de 1969 com Belmondo e Jean Seberg. É de 1956 o Mark VIII de Sorcerers, filme de horror de 1967 estrelado por Boris Karloff.

Na TV, um Mark VII 1955 é visto no seriado inglês de ficção científica O Homem Invisível (Invisible Man), que foi ao ar de 1958 a 1960. Há também um Mark que surge em plano bem fechado na abertura da minissérie brasileira de Gilberto Braga Anos Dourados, da Rede Globo, estrelada há mais de duas décadas pelos então estreantes Malu Mader e Felipe Camargo. Uma prova de como o modelo inglês também combinava com o estilo elegante do Rio de Janeiro da época retratada por Braga.

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