Imenso, imponente e com soluções como faróis escamoteáveis, a geração lançada em 1970 era um símbolo do que a indústria norte-americana podia fazer àquele tempo

Grade e seção central do capô protuberantes davam um ar intimidador ao Continental, que trazia as muitas lanternas traseiras no para-choque

Os para-choques cresciam em 1973 e havia o pacote Town Car; no cupê de 1976 havia pequenas janelas e o motor era menor, de 6,6 litros

O sedã de 1978 e o Town Coupe do ano seguinte mostram alterações de estilo que não mudaram muito o aspecto dessa geração do Continental

Era a primeira vez em que a Lincoln dividia o Continental em dois modelos distintos. O Mark só se tornaria independente de forma oficial na geração VII de 1984, mas na prática era assim desde 1968, quando já usava uma plataforma com entre-eixos de 2,98 m, ou 22 cm a menos que a do Continental. Enquanto a novidade era o centro das atenções da imprensa, um sedã da linha 1968 protagonizou a histórica marca de um milhão de Lincolns produzidos. Agora sem a versão conversível, o modelo voltava a ter luzes de direção não só nas extremidades da dianteira, mas na traseira também. O cupê hardtop mudava mais, com o teto mais próximo ao do Mark III na parte traseira. No meio do ano-modelo o motor 462 foi substituído por um V8 de 460 pol³ (7,5 litros) e 365 cv de nova série.

Para 1969 a grade estava mais elevada que os faróis. Já desgastada, em especial depois da chegada do Mark III, essa foi a última safra do clássico projeto de 1961. A linha 1970 marcou a chegada de uma nova geração. Ainda que sem a surpresa causada pela anterior, mostrava-se um perfeito exemplo do jeito norte-americano de fazer carros de luxo na época: imenso, grandiloquente, imponente, elegante, ainda que num estilo discreto. Agora a carroceria era montada sobre chassi. A ruptura mais perceptível no estilo eram as portas traseiras do sedã, que voltavam a ser articuladas pela coluna central. Saias sobre as rodas traseiras também eram novidade. Com um ressalto central que prosseguia pelo capô, a grade parecia continuar por cima dos faróis, que eram escamoteáveis a vácuo e direcionais. No cupê, a inclinação do teto sugeria o estilo fastback. Um solenoide elétrico opcional podia soltar os encostos dianteiros quando da abertura das portas, eliminando mais uma tarefa dos ocupantes. Nas duas versões, as lanternas continuavam a ser parte do para-choque. Por dentro o modelo estava mais espaçoso e o volante era algo ovalado.
 
Na mecânica, nada muito relevante foi alterado por conta da recente atualização do motor. Os freios traseiros podiam ter o Sure-Track Brake, sistema computadorizado que prevenia o travamento das rodas em condições de baixa aderência — chuva, neve ou gelo —, como uma espécie de ABS. Para 1971, a mudanças continuaram privilegiando a estética. A grade não mais parecia se prolongar. Ar-condicionado automático passava a ser item de série e podia até derreter gelo do para-brisa. Um novo desenho para o desnível na linha da cintura do sedã marcou a linha 1972. O Town Car era a versão mais chique do sedã. Como os fabricantes de Detroit precisaram começar a divulgar a potência de seus carros em valores líquidos, a do V8 460 passou a ser de 224 cv. Outra mudança de legislação vinha em 1973, quando para-choques maiores e mais robustos exigidos pelo governo caíram como uma luva para as formas quadradas e generosas do Continental.

Dentro do pacote Town Car, além de ter o teto em vinil, o dono podia gravar suas iniciais nas portas, o que se estendia ao novo Town Coupe. Um ano depois as luzes de direção foram parar verticalmente nas bordas ressaltadas da dianteira. Ficou para 1975 um redesenho mais profundo no cupê, com novas colunas traseiras mais retas e, em especial, colunas centrais, até então ausentes. Além do perfil menos inclinado do teto, o sedã ganhava uma graciosa vigia oval nas colunas traseiras, a janela Opera. Na tendência de carros menos poluentes e mais econômicos pós-crise do petróleo, em 1976 o V8 460 já rendia só 202 cv. Um ano depois ele tornou-se opcional, exceto na Califórnia, onde as leis de emissões sempre foram mais rígidas, exigindo maior cilindrada para não penalizar tanto o desempenho. O novo motor de entrada era um V8 de 402 pol³ (6,6 litros) com bloco pequeno e 179 cv. Desenhado a partir do 351 (5,8 litros) da série Cleveland, assim conhecida por seu local de produção, era da mesma família do 302 de 4,95 litros usado no Brasil por Maverick e Galaxie.

A linha Lincoln voltou a se expandir com o compacto (na época; hoje médio) Versailles. Feito para enfrentar o bem-sucedido Cadillac Seville, era apenas um Ford Granada/Mercury Monarch de acabamento mais sofisticado — até com ressalto para estepe na traseira — e amargou vendas minguadas. Para a linha 1978 o painel do Continental foi redesenhado, com a discrição de formas retangulares, e as rodas traseiras ficaram expostas. A versão Williamsburg Town Car tinha pintura em dois tons da mesma cor. Um teto panorâmico, ao estilo do Ford Fairlane Crown Victoria 1955, era opcional do cupê. Equipada de série com itens opcionais de acabamento para os demais modelos Continental, a Collector’s Series de 1979 já prenunciava o fim dessa geração, a última de tamanho grande para os padrões norte-americanos. Demorou, mas finalmente a Lincoln se adaptava aos tempos de maior comedimento e eficiência entre os carros de Detroit. Para 1980 o Continental voltaria bem menor, o que tornou um desafio para a divisão de luxo da Ford tentar manter a essência do modelo, sempre associada à abundância. Dessa vez, porém, a evolução iria além da estética.
 
Lincoln "Continentinho"   O motor V8 de 302 pol³ e 129 cv era equipado com injeção eletrônica e permitia ao motorista monitorar seu funcionamento, por meio de um computador de bordo no painel de instrumentos digitais. Quem quisesse mais vigor podia optar pelo de 351 pol³ e seus 140 cv. A caixa de quatro marchas contava com sobremarcha automática. Na era da eletrônica, a abertura das portas dispensava chaves e só operava mediante a senha de cinco dígitos do proprietário digitada junto ao vidro. De cara, notavam-se tanto as principais semelhanças quanto as diferenças de estilo. Entre a grade centralizada de aletas verticais e as luzes de direção nos ressaltos das extremidades na dianteira, estavam faróis duplos retangulares e expostos. Fora a abertura das rodas, tudo era reto. As lanternas faziam parte de um conjunto que ia de lado a lado do carro. De alguma maneira, a Lincoln conseguiu deixar o porta-malas ainda maior. A pintura em dois tons era opcional para qualquer Continental. Eram mantidas as versões sedã e cupê. Continua

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