Mais curto e leve, o Continental 1980 atendia à necessidade de reduzir o consumo, mas não aos anseios do consumidor -- as vendas despencaram em mais de 60%

O painel digital era um dos recursos eletrônicos do novo Lincoln, que na versão Town Coupe (acima) tinha parte do teto revestida em vinil

"Continentinho": em 1982 ele estava ainda mais curto e com traseira que imitava a do Cadillac Seville, inspirada em enchimento de vestidos

Agora na plataforma Panther, o entre-eixos foi encurtado de 3,23 para 2,98 metros. O comprimento de 5,57 m do cupê era 36 cm inferior ao do modelo 1979 e, de 2,03 m, a largura foi reduzida para 1,98 m. O tamanho menor aliviou cerca de 360 kg do peso, de 2.092 para 1.755 kg. O Continental Mark era, na prática, uma série do mesmo projeto, com faróis escamoteáveis, tomadas de ar nos para-lamas dianteiros, desenho diferenciado das colunas traseiras (onde ficavam as janelas Opera) e o tradicional ressalto para estepe na traseira. As vendas foram bem mais reduzidas que suas medidas — caíram para um terço do registrado em 1979. O Versailles também saía de linha e a Lincoln demonstrou preocupação com a baixa adesão aos novos produtos.

Em 1981, o marketing da divisão achou melhor transformar o nome das versões Town Car e Town Coupe no nome do modelo. Nascia o novo topo de linha da Lincoln, o que até hoje vigora. O nome Continental continuava só como prenome do Mark VI, o que até era mais adequado, se observadas as origens desse nome. Um Continental “não Mark” voltaria à linha Lincoln em 1982. Menor, com 5,11 metros de comprimento e 2,76 m entre os eixos, e só disponível na versão sedã de quatro portas, o novo Continental substituía o Versailles. Alarmada com o fracasso deste, a Lincoln decidiu batizar o novo concorrente do Seville com o nome mais forte da casa, com padrões de acabamento básico, Signature Series e Givenchy Designer Series.
 
Era a Detroit dos anos 80. Boas idéias surgiam, algumas vingavam, outras se perdiam por falhas de qualidade ou de estratégia. No primeiro grupo houve o Ford Taurus e as minivans Chrysler; no segundo, o Chevrolet Citation, o Pontiac Fiero, os Cadillacs Cimarron e Allanté, o Buick Reatta e o Chrysler TC. Além disso, alguns clássicos se perdiam de seus propósitos iniciais. O Continental 1982 foi um exemplo, assim como seria o Cadillac Eldorado 1985. Ele estava a anos-luz de um Continental 1940, 1956 ou 1961. A Lincoln incorria no mesmo erro do Versailles e não havia nome de peso que escondesse isso. Novamente, ela adotava uma plataforma compacta de tração traseira, a Fox, já com quatro anos na ativa sob o Ford Fairmont e o Mercury Zephyr.

Era uma base sensata, mas humilde para um produto de luxo. Se beleza depende do gosto de cada um, é difícil negar que lhe faltava o carisma associado a seu nome. Levando-se em conta o legado por trás do batismo, foi uma decisão oportunista para um carro aquém da história que representava. Esse “Continentinho” exemplificava bem a decadência de Detroit em termos de desenho automotivo. O estilo de traços retos que ele adotava tivera seu auge na metade dos anos 70, mas modelos europeus e japoneses já tinham ido além, com frentes em cunha e cantos arredondados em prol da aerodinâmica. Prova dessa evolução estava no próprio grupo Ford. O Sierra estava longe da pretensão de status do novo Continental e, ainda assim, dava um banho de modernidade, algo como o Lincoln de 1961 havia alcançado em sua época.

A traseira do Continental 1982 imitava o estilo “bustleback” do Seville, mas com um ressalto para o estepe. Esse desenho se inspirava em um enchimento traseiro de vestidos, logo abaixo da cintura — usado, acredita-se, desde o fim do século XVII. Nos carros, o “bustleback”, conhecido pelo Daimler DS 420, lembrava os porta-malas integrados à carroceria nos anos 30, verdadeiros ressaltos na traseira. O resultado do Lincoln, porém, não possuía a elegância, a imponência ou o ar de novidade do já controverso Cadillac. Continua

Nas telas
Com uma história que passa por sete décadas e uma presença que rouba a cena durante a maior parte delas, não surpreende que o Continental tenha um currículo no cinema tão digno de seu nome. Eis uma lista com as dados básicos de filmes em que ele aparece como, pelo menos, carro de um personagem, para cada um buscar mais informações conforme seu gosto.
 
Da primeira geração, há um cupê 1941 no drama O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972), um conversível no policial Curva do Destino (Detour, 1945) e outro no drama Diário de Uma Paixão (The Notebook, 2004). No drama Bugsy (1991) vemos um cupê negro 1946, um ano mais velho que o conversível do suspense O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (What Ever Happened to Baby Jane?, 1962) e o do drama Deus Sabe Quanto Amei (Some Came Running, 1958). São de 1948 os exemplares do suspense O Perigoso Adeus (The Long Goodbye, 1973) e o do drama Mamãezinha Querida (Mommie Dearest, 1981).
 
O melhor filme para ver um raro Continental Mark II 1956 é o musical Alta Sociedade (High Society, 1956). Há poucas opções a mais para o Mark III 1958. Entre elas, o suspense Intriga Internacional (North by Northwest, 1959), a comédia francesa Sale Temps Pour Les Mouches (1966), a inglesa Do Outro Lado, o Pecado (The Grass Is Greener, 1960) e a co-produção italiana e norte-americana Espiões por Acaso (Nati con la Camicia, 1983). Um sedã 1959 aparece em Um Drink no Inferno 2 – Texas Sangrento (From Dusk Till Dawn 2: Texas Blood Money, 1999).

Cada ano da quarta geração parece ter mais créditos cinematográficos que toda a terceira. Pode-se observar o modelo 1961 nas comédias francesas Caça ao Homem (La Chasse à l'Homme, 1964) e O Diabo e os Dez Mandamentos (Le Diable et les Dix Commandements, 1962), na comédia Mocinho Encrenqueiro (The Errand Boy, 1961), no drama Faces (1968), nas aventuras O Último Grande Herói (Last Action Hero, 1993) e Waterworld - O Segredo das Águas (Waterworld, 1995) e no drama The Intruder (1962). Na lista do Continental 1962 constam o policial francês O Grande Perdão (Le Grand Pardon, 1982), a ficção Matrix Revolutions (The Matrix Revolutions, 2003), os dramas Crash - Estranhos Prazeres (Crash, 1996) e JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar (JFK, 1991) e o suspense Mente Diabólica (Lying in Wait, 2000).
 
No filme de ação Grand Theft Auto (1977) o Continental 1963 faz parte do elenco automotivo, assim como no suspense psicológico Marnie (1964), na ficção O Homem dos Olhos de Raio-X (X, 1963), no policial Kalifornia (1993), na aventura Topkapi (1964), na comédia Pintou Sujeira (Things Are Tough All Over, 1982), na comédia italiana Innamorato Pazzo (1981) e no drama O Sentido da Vida (Homer and Eddie, 1989). O modelo 1964 é visto na comédia Clube dos Cafajestes (Animal House, 1978), na comédia dramática Depois do Sexo (After Sex, 2007), na comédia Inspetor Bugiganga (Inspector Gadget, 1999) e sua continuação Inspetor Bugiganga 2 (Inspector Gadget 2, 2003), na comédia Como Matar Sua Esposa (How to Murder Your Wife, 1965) e na aventura 007 Contra Goldfinger (Goldfinger, 1964).
 
Só com o Continental 1965 existe a comédia Um Tira e Meio (Cop & ½, 1993), a ficção Matrix (The Matrix, 1999), a ação de Acerto Final (Back To Even, 1998), Um Amor e Uma 45 (Love and a .45, 1994), Skates na Pista da Morte (Gleaming the Cube, 1989) ou Truck Turner (1974), fora as limusines do suspense Na Mira da Morte (Targets, 1968) e do drama Frost/Nixon (2008). Exemplares um ano mais novos estão na ação de Double Nickels (1977) e Black Shampoo (1976), na comédia Pegue Seu Emprego e... (Take This Job and Shove It, 1981), as aventuras Homem-Aranha 2 (Spider-Man 2, 2004) e 3.000 Milhas Para o Inferno (3000 Miles to Graceland, 2001) e no musical hippie Hair (1979).
 
Tanto a comédia The Million Dollar Duck (1971), a ação de Black Heat (1976) e Mod Squad – O Filme (The Mod Squad, 1999), o policial Os Impiedosos (Madigan, 1968) e o drama A Rosa (The Rose, 1979) trazem exemplos do Continental 1967. O suspense Trama macabra (Family Plot, 1976) e a ação Bullitt (1968) usam modelos 1968 e a ação Mandando Bala (Shoot 'Em Up, 2007) conta com um de 1969. Há bem menos participações expressivas do Continental dos anos 70.
 
Da safra de 1971 temos os policial O Homem que Burlou a Máfia (Charley Varrick, 1973), a ação de Foxy Brown (1974) e Os Gangsters Não Esquecem (Un Homme Est Mort, 1972). Do modelo 1972, a comédia Um Peixe Chamado Wanda (A Fish Called Wanda, 1988), o terror As Irmãs Diabólicas (Sisters, 1973), o drama Matança em São Francisco (The Laughing Policeman, 1973), a ação Jones, O Faixa-Preta (Black Belt Jones, 1974). No suspense Três Dias do Condor (Three Days of the Condor, 1975) e na ação Assalto à 13ª DP (Assault on Precinct 13, 1976) o Continental já era de 1973.
 
Unidades de 1974 foram usadas nas comédias Golpe Sujo (Foul Play, 1978) e Car Wash - Onde Acontece De Tudo (Car Wash, 1976) e na ação Mitchell (1975). A comédia A Última Loucura de Mel Brooks (Silent Movie, 1976) mostra um modelo do mesmo ano da produção, enquanto os também cômicos Isto É Spinal Tap (This Is Spinal Tap, 1984) e O Céu Continua Esperando (Oh, God! You Devil, 1984) exibem modelos 1977.
O Poderoso Chefão Diário de Uma Paixão
Alta Sociedade Intriga Internacional
Espiões por Acaso JFK
O Homem dos Olhos de Raio-X Inspetor Bugiganga 2
007 Contra Goldfinger Double Nickels
3.000 Milhas para o Inferno Car Wash
The Darwin Awards Entrando Numa Fria

Do fim dos anos 70 é a limusine transformada do drama Os Embalos de Sábado Continuam (Staying Alive, 1983). Por fim, do Continental produzido dos anos 80 em diante, as opções são mais restritas. Vemos um modelo 1982 em Terror em Amityville (Amityville II: The Possession, 1982) e no policial russo Brat (1997). No suspense Morto ao Chegar (D.O.A., 1988) e na comédia De Caso Com a Máfia (Married to the Mob, 1988) aparecem exemplares de 1984, enquanto na comédia Os Fantasmas se Divertem (Beetle Juice, 1988) o Lincoln é de 1987.

Da penúltima geração pode-se ver melhor o Continental 1988 do policial Desejo de Matar V: A Face da Morte (Death Wish V: The Face of Death, 1994) e o 1990 da aventura The Darwin Awards (2006). E da última existem o modelo 1995 vistos da comédia You Kill Me (2007) e os de 1998 do drama Simpático (Simpatico, 1999) e das comédias Entrando Numa Fria (Meet the Parents, 2000) e Grande Coisa (Big Nothing, 2006).

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