Estilo imponente e proporções harmoniosas para um Maserati memorável; teto e colunas dianteiras eram de aço inoxidável sem pintura

Fotos: RM Auctions

Os bancos do Bora não avançavam, mas havia regulagem para volante e pedais; o motor V8 com quatro carburadores teve entre 300 e 320 cv

Luzes de posição adicionais e um para-choque dianteiro saliente eram aplicados para exportação aos EUA, onde o motor era maior, 4,9 litros

Uma oposição que foi, porém, positiva para o projeto: Bertocchi estava tão interessado em encontrar falhas no Bora, segundo o livro, que "nada que ele achasse inferior ao do Ghibli escapava de críticas. Alfieri não poderia ter um aliado mais competente, apesar de tão oposto à causa" — e assim nasceu o primeiro Maserati de rua com o motor logo atrás do motorista, em posição longitudinal e montado em um subchassi para isolar vibrações.

A disposição dos elementos no chassi tubular colocava entre os eixos quase todos os órgãos mecânicos — o radiador era a exceção — e também o tanque de combustível, a fim de obter insensibilidade de comportamento qualquer que fosse o nível de gasolina. Atrás do motor vinha o estepe, em posição horizontal. Um vidro duplo separava a cabine desse compartimento para isolar ruídos.

Inédita, a unidade motriz em si não era: o V8 com 90 graus entre as bancadas de cilindros e 4.719 cm³ já fora empregado pelo Ghibli, com duplo comando de válvulas nos cabeçotes, duas válvulas por cilindro e alimentação por quatro carburadores Weber 42 de corpo duplo. Um motor respeitável, que fornecia potência de 310 cv e torque de 47 m.kgf e estava associado a uma caixa de câmbio ZF de cinco marchas em transeixo na traseira, com tração também posterior. A velocidade máxima de 280 km/h era uma das mais altas de seu tempo.

A suspensão seguia conceitos tradicionais em carros esporte, mas era a primeira em um Maserati com sistema independente nas quatro rodas, baseado em braços sobrepostos com molas helicoidais. Já os freios recorriam a uma técnica da Citroën, em que um sistema hidráulico de alta pressão (e não a vácuo) produzia assistência e resultava em praticamente nenhuma folga de acionamento — mas nele era usado um pedal convencional, enquanto os modelos franceses adotavam uma espécie de botão. O mesmo sistema prestava assistência à direção e acionava os faróis escamoteáveis. As rodas Campagnolo de 15 pol, com calotas lisas, tinham pneus mais largos atrás que na frente.

"Muito desejável"   A revista inglesa Autocar, ao avaliar o Bora em 1973, considerou-o um carro "rápido, bem-construído, de ótimo comportamento dinâmico e muito desejável". Seu desempenho, com aceleração de 0 a 200 km/h em menos de 30 segundos e velocidade máxima de 261 km/h, foi melhor que o do Jaguar E-type V12 e do Lamborghini Miura P400S. Sobre a estabilidade, a revista disse: "Nunca encontramos o limite de aderência em estradas e acreditamos na declaração da fábrica de que 0,8 g [80% da aceleração da gravidade] possa ser mantido antes que os pneus Michelin o deixem escapar.".

Os pontos fracos apontados foram a capacidade de bagagem e a sensação do pedal de freio, cujo sistema sem folga levava um motorista não habituado a acionamentos bruscos. A conclusão da Autocar: "Começamos o teste impressionados com o Bora. No fim, quando ele provou ser o mais rápido e avançado dos cupês de motor central, tínhamos ainda mais respeito e admiração por sua engenharia e seu comportamento".

O Bora passou por poucas modificações durante seu ciclo de produção. Para alcançar o mercado dos Estados Unidos, para cujas normas de emissões poluentes o motor de 4,7 litros não havia sido homologado, a Maserati lançava em 1973 uma versão com o de 4.930 cm³ do Ghibli, cilindrada essa obtida com curso mais longo de pistões. Potência e torque eram pouco menores (300 cv e 42,8 m.kgf) por causa dos dispositivos de controle. Continua

Nas telas
Talvez pela pequena quantidade produzida, esses Maseratis são bastante raros nas telas do cinema e da TV. Um Bora verde da versão inicial pode ser visto no documentário Mischief Assault (2007).

O Merak apareceu poucas vezes mais. Uma delas é a de um modelo verde claro em Mani di Velluto, comédia italiana de 1979. Outro deles, preto, tem breve presença em Student Bodies (1981), uma comédia norte-americana.
Mani di Velluto Mischief Assault
Para ler
Maserati Bora & Merak: V8 & V6 Giugiaro-Designed, Mid-Engined GT - por Jan P. Norbye, editora Osprey. Livros específicos desses modelos, só usados ou de antigos estoques. Essa edição britânica de 1982, de 136 páginas, é uma das poucas dedicadas aos dois esportivos.

Maserati Cars - Performance Portfolio - 1971-1982 - por R. M. Clarke, editora Brooklands Books. Publicado em 2003, o livro reúne matérias de revistas da época, como testes, comparativos e guias de compra. Isso faz dele uma boa fonte, mas não uma obra atraente aos olhos, já que em geral são cópias em preto e branco. Além de Bora e Merak, estão presentes em suas 136 páginas modelos como Ghibli, Khamsin, Kyalami e Quattroporte.
Maserati: HCMS (Haynes Classic Makes Series) - por Martin Buckley, editora Haynes Publishing. Bastante conhecido no setor de carros antigos, o autor publicou em 2011 essa obra de 176 páginas, em inglês, com os mais marcantes fatos da história da marca do tridente.

Maserati Road Cars (The post war production cars, 1946-1979) - por Richard Crump e Rob de la Rive Box, editora Mercian Manuals. Outro livro genérico sobre a marca, nesse caso dedicado ao período entre o começo de sua produção de carros de rua e o fim dos anos 70. Isso compreende a maior parte da história da dupla Bora/Merak e de outros Maseratis não menos atraentes. São 230 páginas.

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