


Oferecido apenas em versões
abertas, o S ostentava seu potencial nos escapamentos à direita: com 6,8
litros e 180 cv, chegava a 160 km/h
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A glória dos pódios
A tecnologia
estava lá, pronta para se destacar. Pois foi o que fez o Mercedes-Benz
S
logo na sua prova de estréia. Desenvolvido desde fevereiro de 1927 nas
instalações de Untertürkheim, bairro de Stuttgart, sua primeira aparição
pública foi na corrida de abertura no circuito alemão de Nürburgring em
19 de junho. Obteve os dois primeiros lugares. Ele havia sido anunciado
como o substituto do 630 K na posição de mais rápido carro de
passageiros da época — e a promessa foi cumprida. Dizia-se que nenhum
outro carro de rua era tão veloz, robusto, confiável e durável quanto
ele. Porsche tinha um motivo de orgulho.
O projeto era baseado no 630 K. Com chassi rebaixado e um seis-cilindros
em linha de 6,8 litros com comando de
válvulas no cabeçote, o S superou seu predecessor com folga. Sua
cilindrada também o fez conhecido como 680 S. Se no estado original o
motor já era capaz de
produzir 120 cv, com o acelerador premido até
o fim o compressor Roots entrava em ação e levava 180 cv às rodas
traseiras. Não era sem razão que o S de seu nome era a inicial de Sport.
As corridas seriam o melhor palco para seus talentos (leia boxe
abaixo).
O bloco e o cárter eram confeccionados em liga leve, com cilindros de
ferro fundido. À frente do bloco, o compressor era movido pelo
virabrequim, com pressão máxima de 0,8 bar, impulsionando ar para dentro
do carburador de fluxo horizontal. Porsche pensou em tudo. Em vez de usar
uma junta entre o bloco e o cárter, tratou de fazê-los tão exatos que
essa peça pudesse ser dispensada. A refrigeração e a lubrificação também
mereceram todo cuidado, o que nem sempre ocorria com carros de
competição. Afinal, o engenheiro sabia que, se esses carros deveriam
vencer corridas, antes eles precisavam completá-las.
O esportivo chegava a 160 km/h. O câmbio manual dispunha de quatro
marchas e a suspensão de eixo rígido, com feixe de molas semi-elípticas,
podia ser vista ladeando a grade dianteira. A traseira seguia o mesmo
conceito, comum na época em que sistemas independentes ainda eram raros.
O carro combinava peças robustas a baixo peso. As partes motrizes eram
maiores que na maioria dos carros da época, caso das juntas universais e
do diferencial.
Continua
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