Com motor de 2,4 litros e cabeçote Cosworth de 16 válvulas, que permitiam 275 cv na versão de corrida, o Manta 400 brilhava nas ruas e teve boa atuação em ralis

Depois da versão de 1981 (primeira foto), a Opel deixou o 400 bastante imponente com para-lamas e rodas mais largos e um defletor traseiro

Alterações como para-choques tentavam dar um aspecto moderno ao Manta em 1981; o motor de 1,8 litro e menor peso era uma boa novidade

O GT/J tornava-se versão normal de linha em 1981, mesmo ano em que todo Manta recebia ignição eletrônica — não ainda injeção — e o SR Berlinetta passava a vir com defletor frontal. A série Manta Magic vinha em preto, branco ou prata com faixas em três tons, volante esportivo e o motor 2,0. Foi seguida pela Sport, que combinava faixas laterais, motores 1,3 e 2,0, bancos da renomada Recaro, pneus especiais e diferencial autobloqueante. Apenas esses dois propulsores restavam na linha Manta em 1981, mas algo especial estava por chegar.

Pronto para os ralis   O Ascona 400 de segunda geração elaborado pela "preparadora de casa" Irmscher, havia feito bom trabalho em ralis, mas a Opel não pretendia retomar a série quando lançasse o novo sedã, cuja tração dianteira não teria competitividade nesse tipo de prova. Assim, o já veterano Manta foi incumbido de representar a marca de Rüsselsheim nas pistas de poeira, pedras, lama e neve (leia boxe abaixo). No Salão de Genebra em março de 1981 era apresentado um estudo do Manta 400, versão de ralis com previsão de 400 unidades construídas para uso em rua, necessário para sua homologação. Depois de nova aparição em setembro no evento de Frankfurt, a série entrava em linha no mês seguinte.

A intenção era acoplar ao motor CIH de 2,0 litros um cabeçote com duplo comando e quatro válvulas por cilindro elaborado pela inglesa Cosworth, que prestava serviços a várias marcas (como a Ford e, mais tarde, a Mercedes-Benz com o 190 E 2.3-16). Contudo, não se obteve o patamar de potência desejado. Como os cabeçotes já estavam prontos, a solução foi retrabalhar os blocos para que tivessem a cilindrada aumentada, tanto por maior diâmetro de cilindros quanto pelo virabrequim de maior curso, cedido pelo motor a diesel de 2,3 litros do Rekord. A curiosa combinação levou a cilindrada a 2,4 litros e permitiu obter 144 cv e 21,4 m.kgf na condição original, com os quais o cupê acelerava de 0 a 100 km/h em 7,5 segundos e chegava a 210 km/h — e ainda podia ganhar 40 cv com acessórios originais Opel.

As primeiras unidades de rua — todas em branco — saíram como versões de luxo do Manta, dotadas de bancos Recaro com o logotipo Opel nos encostos, volante Irmscher revestido de couro e rodas Ronal de 7 x 15 pol com pneus 205/50. Outros ingredientes da receita eram câmbio de cinco marchas, freios a disco nas quatro rodas, suspensão dianteira revista. Na versão para competir, o motor passava para 275 cv e o peso era muito baixo (960 kg ante 1.095 do carro de rua), obtido com uso de portas, capô, tampa traseira e para-lamas mais leves, com uso de carbono e fibra de aramida (kevlar), e de policarbonato no lugar de parte dos vidros.

Ao contrário do Ascona, que em 1981 passara à terceira geração (nosso Monza), o Manta foi mantido na segunda por mais um longo tempo, o que o levaria a alcançar 13 anos de produção com o mesmo desenho básico. Em maio de 1982 a Opel apresentava uma reforma parcial para o cupê e o hatchback, em que novos para-choques e defletores dianteiro e traseiro melhoravam o coeficiente aerodinâmico (Cx) — agora 0,36 no cupê e 0,37 no hatch — e tentavam lhe dar o aspecto da nova década. Como costuma acontecer nesses casos, era apenas uma tentativa: a idade manifestava-se com clareza no desenho da carroceria. Sua produção agora concentrava-se na fábrica de Antuérpia, na Bélgica.

Se o Capri continuava o concorrente mais direto, havia novos candidatos ao mesmo consumidor como o Renault Fuego, o Lancia Beta cupê e o Alfetta GTV da Alfa Romeo. Na parte técnica, o novo motor OHC de 1,8 litro — este o mesmo de nosso Monza —, com comando no cabeçote de alumínio e fluxo cruzado, fornecia 90 cv e destacava-se pelo torque em baixa rotação: 90% do máximo de 14,6 m.kgf estavam disponíveis já a 2.000 rpm. Além disso, era 40 kg mais leve que o antigo 1,9 de desempenho similar. Equipava a versão GT/J e a Berlinetta, enquanto o 1,3 e o 2,0 com ou sem injeção permaneciam na linha. Em 1983 o câmbio de cinco marchas vinha de série no GT/E e opcional nos demais. Continua

Nas telas
O carisma do Manta na Alemanha foi tal que em 1991, três anos depois de sua despedida, ele foi tema de dois filmes lançados no país quase ao mesmo tempo: Manta - Der Film e Manta, Manta. Ambos são comédias de ação e atraíram grande público, mais de um milhão de pessoas cada um, mantendo-se entre os líderes de audiência nos cinemas germânicos por meses. Não poderiam faltar Mantas inusitados.

No primeiro filme surgem um cupê preto com seis rodas (dois eixos dianteiros), um transformado em picape na cor rosa e, para tentar por ordem na baderna, o branco e verde da Polizei, a polícia alemã — todos da segunda geração. Em Manta, Manta há um GT/E dos anos 80 com carroceria alargada em azul e amarelo e não faltam cenas de ação, em que o cupê da Opel persegue um VW Golf e um Ferrari 308 GTS e compete com um Mercedes-Benz 190 E.

Na série de TV Alarm für Cobra 11 - Die Autobahnpolizei, que passa desde 1996 na Alemanha, os Mantas aparecem com alguma frequência. No episódio 2-06 um cupê vermelho é destruído; no 3-02 é a vez de um hatch azul se acidentar. Um cupê GT/E da segunda geração, dourado, está em Dörte's Dancing, filme alemão feito para TV em 2008. Um carro similar tem aparição breve, mas dramática, com direito a capotagem em Torrente 2: Misión en Marbella, ação espanhola de 2001.

Versões preparadas também têm seu lugar nas telas. Um Irmscher i300 com a decoração característica, de faixas amarelas e cinza sobre carroceria branca, está no filme feito para TV Crazy Race (2003). Uma versão 400 de 1981 aparece em Too Fast to Race, documentário de 1997 sobre carros de rali de altíssimo desempenho, como os do Grupo B de vida curta.
Manta - Der Film
Manta, Manta  Too Fast to Race
Alarm für Cobra 11 - Die Autobahnpolizei
Nas pistas
Só depois que a Opel substituiu o Ascona pelo Manta nos ralis, em 1983, é que sua carreira esportiva teve início oficial. Embora não tenha conseguido enfrentar o Audi Quattro e o Lancia 037 no Campeonato Mundial de Rali (sua melhor colocação foi o segundo lugar no Safári de 1984 pelo finlandês Rauno Aaltonen), a versão 400 obteve êxito em torneios regionais. Guy Fréquelin venceu com ela o Tour de France de 1983 e o Campeonato Francês de Rali nesse ano e em 1985 (na foto, seu carro no evento Race Retro 2008 em Coventry, Inglaterra). Jimmy McRae foi campeão britânico em 1984 e Russell Brookes em 1985. No Rali de Manx, o Manta 400 venceu três vezes nas mãos de Henri Toivonen (1983), McRae (1984) e Brookes (1985).

A Opel chegou a preparar um Manta para competir no Grupo B de ralis, em 1984, com motor de 2,4 litros, suspensão com amortecedores Bilstein e peso de 990 kg. Como outros carros desenvolvidos para a categoria, porém, ele não correu: o Grupo B foi cancelado por causa de graves acidentes.

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