Viva a diferença!

Amados ou odiados, os nada convencionais Dyna Z e PL17
perderam parte da ousadia com a decadência da Panhard

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Não era uma novidade na história da Panhard surpreender o mercado, como ela conseguiu ao lançar o Dyna Z em 1954. Em seus primórdios — que coincidem com os da própria história do automóvel —, quando ainda era conhecida como Panhard et Levassor, ela já havia sido a primeira empresa francesa a produzir um motor de combustão interna, em 1876. René Panhard e Émile Levassor administravam o negócio.

O invento que os alemães Karl Benz e Gottlieb Daimler em separado conseguiram afinal fazer funcionar, no mesmo ano de 1886, despertou maior interesse desde que Benz começou a produzir seus protótipos de três rodas, em 1888. O parisiense Emile Roger, que obteve a licença para produzir o veículo do alemão na França, acabou fabricando mais carros que o próprio Benz. Daimler só produziria carros na mesma época que a dupla francesa, em 1890.

Os Panhards da década de 1930, como este Panoramique, impressionavam pelo requinte e pela técnica, com motores de seis cilindros sem válvulas

O primeiro Panhard et Levassor tinha motor central de dois cilindros em "V" e era licenciado do pioneiro projeto de Daimler. Isso foi um ano antes da chegada do segundo modelo da marca, que muitos consideram o primeiro a apresentar a arquitetura básica do carro moderno: motor montado na frente, a embreagem entre ele e a caixa de marchas, que acionava a tração no eixo traseiro.

Até a Segunda Guerra Mundial, os Panhards eram carros grandes e sofisticados, a exemplo dos luxuosos Panoramique de 1934 e Dynamic de 1936. Seus motores de seis cilindros, com cilindrada entre 2,6 e 2,9 litros, usavam um desenho licenciado pela Knight que dispensava as válvulas. Depois do conflito, a palavra de ordem era reconstrução. Com os parcos recursos disponíveis na Europa da época, o governo francês estabeleceu que os fabricantes de automóveis só receberiam os suprimentos necessários se investissem em veículos pequenos ou médios.

O Dyna X de 1946: um carro pequeno e arredondado, com motor de dois cilindros e 610 cm3, para atender aos requisitos do governo francês

Foi assim que surgiram ou ganharam impulso Citroën 2CV, Renault 4CV, Peugeot 202, Simca 8. A resposta da Panhard veio em 1946 com o Dyna X, um carro compacto e, a exemplo dos outros aqui citados, muito peculiar. Seu nome era uma abreviatura de Dynamic. Tanto a carroceria quanto o motor de dois cilindros opostos (boxer), 610 cm³ e 22 cv, com refrigeração a ar e capaz de alta rotação para a época, eram feitos em grande parte com alumínio. O propulsor usava câmaras de combustão hemisféricas e as válvulas eram abertas e fechadas por molas de torção, em vez do tipo helicoidal mais comum. As vendas começaram no ano seguinte.

Mais confortável e com melhor desempenho que seus concorrentes, o Dyna X ainda era mais sofisticado que os demais modelos do segmento. Isso acarretava preços mais altos e problemas de confiabilidade, o que dificultou as vendas, mesmo com aumentos na cilindrada e na potência do motor. Na tentativa de salvar o ousado projeto, a Panhard preparou uma drástica renovação para 1954, com aspectos de estilo que seriam vistos, não por acaso, no ano seguinte com o lendário Citroën DS.
Continua

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Data de publicação: 31/3/07

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