Abaixo a apatia   O lançamento do Dyna Z ocorreu em junho de 1953. Era provavelmente o automóvel mais moderno do mercado francês na época, o que deixou a imprensa entusiasmada. Se o Dyna X era um legítimo compacto, o Dyna Z já participava da categoria dos médios, com 4,58 metros de comprimento por 1,67 m de largura, 1,42 m de altura e 2,57 m entre os eixos. A carroceria era produzida pela encarroçadora Chausson e então levada para a fábrica de Ivry para a montagem. Entretanto, as primeiras unidades logo perderiam esse brilho por apresentar vários defeitos de acabamento e qualidade, sendo vazamentos um dos principais.

O Dyna Z estreava em 1953 com carroceria de alumínio, linhas modernas para a época e ótima aerodinâmica

O Dyna Z tinha estrutura de Duralinox, uma liga de alumínio que incluía cobre e magnésio e proporcionava grande leveza. Somente o tubo de apoio à frente do motor e o membro em "X" dianteiro do chassi, os reforços nas soleiras, o eixo traseiro e as rodas eram de aço. Os 710 kg faziam dele 30% mais leve que seus concorrentes, além de ter um centro de gravidade bastante baixo. Lançado como sedã de quarto portas, o modelo também ficou conhecido como Dyna 54 e vinha nas versões Luxe e Luxe Spécial. Seu formato criativo e arredondado era obra de Louis Bionier, autor dos Panoramic e Dynamic de antes da guerra, do Dyna X e do futuro marco da Citroën, o DS.

Além da leveza do Dyna Z, seu desenho ovalado aprimorava a aerodinâmica. Consta que seu Cx ficava entre 0,23 e 0,27, melhor que o da maioria dos automóveis de hoje. Se o estilo não era para todos os gostos, tampouco passava despercebido — era amado ou detestado, sem meias medidas. Sem grade dianteira, o modelo francês tinha uma tomada de ar junto ao pára-choque com um elemento central que, embora não circular, remetia a um estilo já adotado no Dyna X e também no Ford americano de 1949. Mas, diferente destes, o Panhard dava função à forma: trazia ali sua única luz de neblina. Como o DS e graças aos dois faróis isolados no capô, ele também lembrava de certa forma um sapo.

O Panhard por dentro: banco dianteiro inteiriço, painel em semicírculo, alavanca de câmbio na coluna de direção, ampla visibilidade

O pára-brisa e o vidro traseiro eram curvos e ejetáveis em caso de acidente. As portas dianteiras se abriam para trás, ao estilo suicida, uma escolha criticada. O capô englobava boa parte dos pára-lamas dianteiros e as portas tinham um recorte inusitado, deixando nítidas as colunas centrais do assoalho ao teto. Na linha da cintura o carro trazia um friso de alumínio polido em todo seu entorno, que embutia as maçanetas. Atrás, as lanternas eram minúsculas lentes circulares e a iluminação da placa incluía a luz de ré. Continua

Nas telas
Além de obscurecidos pelo tempo, os modelos Panhard aqui abordados não tiveram presença nas telas das mais marcantes. O ator Jean Gabin estrela dois dramas em que um Dyna Z 1956 é usado em cena. Um deles é Le Sang à la Tête (1956), e o outro, Maigret Tend un Piège, de 1958. Ambos são filmes em preto e branco. O primeiro tem um exemplar de cor clara e o segundo mostra um de cor escura, que aparece com mais freqüência que o outro.

Um PL17 de 1960 (acima) e um Dyna Z conversível 1957 são exibidos em Week End, drama de 1967 dirigido pelo aclamado Jean-Luc Godard, com Mireille Darc no elenco.

A comédia em preto e branco Le Tracassin ou Les Plaisirs de la Ville (1961), estrelada por Bourvil, mostra um PL17 de 1960 de cor escura. É de 1980 o filme Inspecteur la Bavure, com Gérard Depardieu, em que um PL17 1961 (abaixo) de um tom bem claro de azul aparece bastante.

Também de 1961 é o PL17 usado em O Perfume de Yvonne (Le Parfum d'Yvonne, 1994), drama romântico de Patrice Leconte que tem Sandra Majani no papel-título. Já em Les Aventures de Michel Vaillant, aventura de 1967 com Henri Grandsire, entre vários carros, a maioria deles de corrida, surge uma perua PL17 Break 1963.

Deutsch et Bonnet
A dupla Charles Deutsch e René Bonnet começou criando um carro de corrida com motor Citroën antes da Segunda Guerra. Com o fim do conflito eles voltaram a utilizar mecânica Citroën em seus carros de competição, mas em 1949 passaram a trabalhar com motores Panhard. Esses primeiros carros ficariam conhecidos como Racer 500, até que uma versão maior, o monoposto Monomille de 750 cm3, passou a ser feita em quantidade suficiente para ter seu próprio campeonato na França.

Além desses modelos de corrida, a Deutsch et Bonnet ainda produziu carros esporte com motores Panhard de 850 a 1.300 cm3 e carrocerias de plástico reforçado com fibra-de-vidro. A associação dos dois terminaria em 1961, quando Deutsch passou a chamar seus carros de CD e o ex-parceiro rebatizou os seus de René Bonnet. Foi assim que surgiu o cupê Panhard CD (foto), vendido de 1963 a 1965 na rede Panhard e criado apenas por Charles Deutsch (leia na última página no texto principal).

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