
O conceito Bonneville Special,
de 1954: um cupê com jeito de Corvette

Em 1958, um dos primeiros
modelos de produção com injeção opcional


A grade bipartida típica da
marca surgiu em 1959 (em preto) e ganhou nova forma em 1962, quando os
quatro faróis já apareciam empilhados |
A
Pontiac sempre foi considerada uma marca-laboratório, a mais criativa
das divisões da General Motors. Fundada por Edward Murphy em 1900 como
Pontiac Spring & Wagon Works, no início fabricava carruagens. Oito anos
depois unia-se à Oakland Motor Company e formou uma empresa comprada por
Willian Durant, em 1909, para fazer parte da GM. Somente em 1926
reaparecia o nome Pontiac, originário do chefe de uma tribo.
O fato de ser criativa ficou evidente com o lançamento do carro-conceito
Bonneville Special no tradicional Motorama de 1954, evento de cenário
futurista onde a GM apresentava novas ideias para os automóveis. O
modelo conversível, cujas linhas lembravam bastante as do primeiro
Chevrolet Corvette, tinha um
teto no formato de bolha. Três anos mais tarde o nome era aplicado a um
conversível de luxo com linhas tradicionais e injeção de combustível no motor —
recurso sofisticado para a época, oferecido
naquele ano pela primeira vez na corporação —, muitos equipamentos de
série e preço comparável ao dos modelos da Cadillac. Em 1958 o Bonneville tornava-se um cupê,
sem grandes alterações de estilo, e seu preço caía graças à remoção de
vários itens, que se tornaram opcionais. A injeção agora era um caro
opcional — 15% do valor do carro — para o motor V8 de 370 pol³ (6,1
litros), com 310 cv e 55 m.kgf. Depois de apenas 400 unidades o sistema
desaparecia do catálogo.
Mas foi em 1959 que o Bonneville realmente se tornou parte da história
da Pontiac ao ganhar a forma de um vistoso sedã. Produzido também nas
versões cupê, conversível e perua, o mais novo representante da classe
topo-de-linha inaugurou aquilo que seria a marca registrada da Pontiac
em todos os tempos: a grade bipartida com o nome do modelo colocado na
lateral. Além disso, o carro trazia toda a pompa e circunstância da
época, com perfil mais baixo, muitos cromados, grade em posição
baixa, faróis duplos e, na lateral traseira, um acabamento em
cor branca. As cores externas e os cromados se repetiam no interior,
desde o painel das portas até os bancos.
Tinha entre-eixos generoso, com
3,15 metros, e media longos 5,48 m de comprimento, 2,05 m de largura e
1,42 m de altura. O peso estava ao redor de duas toneladas.
Impressiona a quantidade de cidades que possuíam fábricas da linha: Lake
Orion, Pontiac, Flint e Ypsilanti, no estado de Michigan, além de
Wentzville, no Missouri. A linha Bonneville era mais luxuosa que os
modelos Catalina e Star Chief e oferecia
várias opções de revestimento, inclusive couro no conversível.
Equipamentos bastante apreciados eram direção assistida,
ar-condicionado, vidros e bancos com controle elétrico, rádio e
controlador de velocidade.
Na mecânica
estavam os populares V8 da marca, todos com
comando de válvulas no bloco. O de 389 pol³ (6,4 litros) recebia
carburador de corpo quádruplo para entregar potência de 304 cv e torque
de 58,1 m.kgf (valores brutos como todos
neste artigo até 1971). Havia como opcional o pacote Tri Power, que
consistia em três carburadores de corpo duplo e resultava em 381 cv. Os
câmbios automáticos podiam ser o Hydramatic, desenvolvido em conjunto
por Cadillac e Oldsmobile, e o Turbo Hydramatic, sempre com tração
traseira.
Para 1962 a Pontiac mudava drasticamente as linhas do Bonneville. O
carro perdia de vez os exageros estéticos da década anterior em prol de
um desenho mais limpo, baixo e largo. A carroceria agora era mais
retilínea; à frente os faróis duplos viam "empilhados", como em nossos
primeiros Galaxies, mas a grade
ainda mantinha o estilo clássico. Na lateral o destaque era a régua com
o nome do carro no para-lama dianteiro. Na traseira uma discreta aleta
ainda estava presente. A plataforma B, sobre a qual era montado, servia
também aos primos Buick LeSabre,
Chevrolet Impala e Bel Air e aos irmãos
Catalina e Laurentian.
Continua
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