

O Turbo, com cilindrada de 3,3
litros, já produzia 330 cv desde 1978


O SC ganhava opção conversível
para 1983 (carro branco), mas logo saía de linha para dar lugar ao
Carrera com motor de 3,2 litros e 231 cv


Tração integral, motor de 3,6
litros e linhas mais "limpas" estreavam no Carrera 4 de 1989; o Targa e
o Speedster acompanharam as mudanças
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No Salão de Genebra em
março de 1982 era apresentado o SC conversível, com capota de lona que,
quando baixada, ficava aparente após o banco traseiro. Limpo e tão
agradável quanto ao modelo de origem, era muito charmoso. O cliente
podia escolher entre as rodas Fuchs de série ou rodas com desenho que
lembrava um disco telefônico, que eram polidas e com cinco grandes furos
triangulares para refrigerar melhor os discos. Fizeram história na
marca.
O conversível mostrava o sucesso que a linha ainda fazia, apesar dos
atrativos tecnológicos do 928. Se havia alguma suspeita de que o 911
deixaria as linhas de produção, esta estava cada vez menos real. No
Salão de Frankfurt em 1983 era apresentado um projeto muito
interessante: o protótipo Gruppe B, que só chegou ao mercado em 1987
como 959. Com carroceria baseada no
911, as principais diferenças eram a parte dianteira e a traseira com
aerofólio envolvente. Apenas 337 unidades foram construídas deste
supercarro que tinha tração nas quatro rodas, suspensão de altura
regulável, freios com sistema antitravamento (ABS) e potência de 450 cv
no motor de 2,85 litros com dois turbos. Uma demonstração de força e
tecnologia.
O 911 já fazia 20 anos de idade, fato raro num esportivo de série. A
fábrica celebrava, pois a produção acumulada já passava de 200.000
unidades. A versão Carrera voltava a fazer parte da gama em 1984 em
substituição à SC. Trazia um motor de 3.164 cm³ (95 x 74,4 mm) com 231
cv e 29 m.kgf, cilindros em Nikasil (nome derivado de níquel e silicone,
um tratamento desenvolvido pela alemã Mahle que resultava em baixo
coeficiente de atrito), pistões forjados e sistema de ignição e injeção
Bosch Motronic. Com a carroceria quase intocada desde seu nascimento,
mas sem rugas, o 911 mostrava longevidade e atingia a maturidade. Por
dentro estava com novo volante de dois raios, bonito e de ótima pega.
Os equipamentos de série no Turbo — pára-lamas e pneus mais largos e
defletor dianteiro — estavam disponíveis para a versão Carrera e, em
1985, também para o Targa e o conversível. No ano seguinte os bancos
recebiam regulagem elétrica e em 1987 era lançada uma versão especial, o
Carrera CS (Club Sport), cuja diferença principal estava no peso
aliviado em 50 kg. Não tinha sistema de áudio nem controles elétricos,
mas isso não importava quando se notava o melhor desempenho em um
percurso sinuoso. Em cores metálicas e com rodas na cor vermelha, o CS
não era nem um pouco discreto. Outra novidade para todos era a nova
caixa Getrag 50 de cinco marchas. A anterior feita pela própria Porsche
era muito robusta, mas esta era bem mais precisa.
A empresa em 1988 tinha muito a comemorar. As vendas cresciam e estava
descartada qualquer interrupção da produção do 911, que atingia 250.000
unidades fabricadas em 25 anos. Para comemorar as bodas do filho mais
ilustre foi lançada a série especial Silver Anniversary.
Caracterizava-se pela cor azul-diamante metálico e os bancos e forrações
num tom azul-prata. Ainda ganhava a exclusiva assinatura de Ferry
Porsche nos encostos de cabeça. Acabamento em couro e teto solar
elétrico eram de série. Foram construídos apenas 875 nas três versões
existentes.
E chegava mais uma versão de carroceria. Juntando-se ao cupê, ao Targa e
ao conversível, a bela e atraente Speedster entrava em cena. As
principais diferenças em relação ao conversível estavam no pára-brisa,
mais baixo e inclinado, e na capota de abertura manual que se alojava
debaixo de uma carenagem em plástico reforçado com fibra-de-vidro. Era
um charme.
Tração integral
Modificações importantes no 911 vinham no modelo 1989, identificado como
projeto 964, com destaque para o lançamento do Carrera 4. Como o nome
indicava, tratava-se de um 911 com tração nas quatro rodas. O sistema de
tração integral havia sido usado pela primeira vez por René Metge, em
sua vitória no Paris-Dakar de 1984, e depois em Le Mans, na França, em
1996.
O
carro estava estável e seguro em qualquer piso — asfalto seco, molhado,
terra ou neve. O novo sistema trazia um diferencial central com
planetárias, que determinava a distribuição de torque do motor de 31%
para as rodas dianteiras e 69% para as traseiras, a fim de manter as
reações de um carro de tração posterior. Caso fosse desejado pelo
motorista, o destravamento manual da tração integral era possível abaixo
dos 40 km/h. A suspensão traseira trocava a barra de torção por molas
helicoidais e as rodas de 15 pol davam lugar às de 16, com pneus 205/55
à frente e 225/50 atrás.
Tudo era parte de um pacote de alterações que afetava 85% dos
componentes do carro, segundo a Porsche. No motor havia boas novidades
como cilindros e cabeçotes fundidos em alumínio, duas velas por cilindro
e maior cilindrada, 3.600 cm³ (100 x 76,4 mm). A versão mais simples da
linha — lançada só um ano depois como modelo 1990 — era chamada de
Carrera 2 e, como a Carrera 4, extraía 250 cv e 31,6 m.kgf. Honrando a
família, faziam de 0 a 100 em 5,9 segundos, ainda em segunda marcha, e
chegavam a 260 km/h. Continua
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