Em 1967 Shelby aplicou dois compressores e deu 772 cv ao Cobra Super Snake, que teve apenas duas unidades -- a única que restou valeu US$ 5,5 milhões Foto: Barrett-Jackson

Relançado pela AC em 1984, o Cobra ganhou versões como a Mk IV, a Superblower (em preto) e a 212 S/C de motor Lotus Esprit (em vermelho)

CSX 4000 (em azul) e 8000: os Cobras 427 e 289 de rua refeitos pelo próprio Carroll e que ainda hoje podem ser comprados em forma de kit

O renascimento   O Cobra ressurgiu na Inglaterra em 1984, quando a AC retomou sua produção. O chamado Mk IV (os britânicos designam por "mark" as evoluções de um modelo) combinava carroceria e suspensão do antigo 427 (ou Mk III) ao motor Ford V8 302 de 4,95 litros com injeção, então em uso no Mustang. No fim dos anos 90, recuperada de uma crise financeira, a empresa ampliou o leque com as versões Superblower, dotada de compressor, e CRS ou Carbon Road Series, que usava carroceria de fibra de carbono para menor peso.

Ao lado de Cobras 289 e 427 praticamente iguais ao dos anos 60, a AC passou a oferecer variedades inusitadas como o 212 S/C, com motor V8 de 3,5 litros, dois turbos e 350 cv de Lotus Esprit — o número 212 indicava a cilindrada em polegadas cúbicas, um resquício de tradição. A carroceria de fibra de carbono era maculada por um defletor dianteiro e havia modernidades como câmbio de seis marchas e pneus da série 50.

Depois de anunciar sua mudança para a República de Malta (pequeno país formado por um arquipélago a sudoeste da Itália) e cessar a produção, a AC recolocou o Cobra no mercado com uma heresia ainda maior: uma versão com portas asas-de-gaivota e motor Chevrolet! Apresentado em abril passado, o AC Cobra Mk IV é feito pela empresa alemã Gullwing com carroceria de alumínio, seções superiores das portas articuladas no centro do teto (as partes inferiores são convencionais), freios de Porsche e o V8 de 6,2 litros do Corvette atual, com escolha entre 437 cv na versão GT e estúpidos 647 cv na GTS. Apesar de todo o rompimento com as tradições, é sem dúvida uma proposta interessante sobre o grande clássico.

Cinco anos depois que a AC fizera o mesmo do lado de lá do Atlântico, Carroll Shelby recolocou o Cobra no mercado norte-americano em 1989, enquanto trabalhava para a Chrysler no desenvolvimento do Viper. O 427 S/C usava chassis e carrocerias remanescentes de 1966 para montar novos carros. Em 1995 era apresentada a versão CSX 4000, correspondente ao 427 dos anos 60 e em produção ainda hoje. A carroceria pode ser de plástico e fibra, alumínio ou mesmo fibra de carbono. Para o distinguir das muitas réplicas existentes, o carro traz uma Declaração de Origem assinada pelo próprio Carroll. Os CSX 7000 e 8000, por sua vez, dão continuidade ao Cobra 289 em versões de corrida e de rua, nesta ordem. O 7000 pode ter carroceria de plástico/fibra ou alumínio, e o 8000, apenas plástico/fibra.

O Cobra marcou a década de 1960 em todo o mundo. Talvez por isso seja construído sob forma de réplicas em vários países. Carroll Shelby torce o nariz para as cópias e diz que, se fosse doado para uma instituição de caridade um dólar para cada réplica construída, já ficaria muito satisfeito — ele, que usa coração e fígado transplantados, mantém uma dessas entidades para financiar transplantes de órgãos a crianças carentes. A naja sobre rodas foi sua obra máxima e por gerações encantou, e ainda encanta, aqueles que amam a força bruta sob o comando do pé direito.

Ficha técnica
_ Cobra 260 (1962) Cobra 289 (1963) Cobra 427 (1966) Cobra Mk IV (2002)
MOTOR
Posição e cilindros longitudinal, 8 em V
Comando e válvulas por cilindro no bloco, 2
Diâmetro e curso 96,5 x 72,9 mm 101,6 x 72,9 mm 107,7 x 96 mm 101,6 x 76,2 mm
Cilindrada 4.265 cm3 4.727 cm3 6.997 cm3 4.942 cm3
Taxa de compressão 10:1 11:1 11,5:1 9:1
Potência máxima 260 cv a 5.800 rpm 275 cv a 5.750 rpm 425 cv a 6.000 rpm 225 cv a 4.200 rpm
Torque máximo 37,2 m.kgf a
4.800 rpm
43,1 m.kgf a
4.500 rpm
66,4 m.kgf a
3.700 rpm
41,4 m.kgf a
3.200 rpm
Alimentação carburador de corpo quádruplo 2 carburadores injeção multiponto
CÂMBIO
Marchas e tração 4, traseira 5, traseira
FREIOS
Dianteiros e traseiros a disco a disco ventilado
Antitravamento (ABS) não
SUSPENSÃO
Dianteira e traseira independente, braços sobrepostos
RODAS
Pneus dianteiros 6,50-15 185-15 205-15 225/50 R 16
Pneus traseiros 6,70-15 185-15 205-15 255/50 R 16
DIMENSÕES
Comprimento 3,848 m 4,2 m
Entreeixos 2,286 m
Peso 950 kg 1.050 kg 1.150 kg 1.120 kg
DESEMPENHO
Velocidade máxima 220 km/h 230 km/h 265 km/h 216 km/h
Aceleração de 0 a 96 km/h 6,0 s 5,5 s 4,8 s 5,3 s
Dados de desempenho aproximados

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