Best Cars Web Site

Atenção aos retrocessos

Edição n°. 148 - 19 de abril de 2003

Comprar um automóvel zero-quilômetro no Brasil tem suas armadilhas. De tempos em tempos, os fabricantes descobrem novas maneiras -- ou, em sua falta, reaplicam as antigas -- de reduzir os custos de produção, eliminando equipamentos ou funções que mesmo o consumidor atento deixa de observar na hora da aquisição.

Quem se sentar no banco traseiro do Celta 2003, versão de três portas, terá uma surpresa ao afivelar o cinto: os laterais traseiros não são mais retráteis, sem dúvida mais convenientes e seguros, pois se ajustam automaticamente ao corpo. A mesma involução ocorreu anos atrás no Ka, que -- como o modelo da GM -- foi lançado com cintos retráteis de série também atrás.

Recentemente a Parati recebeu uma revisão em versões e equipamentos de série. As versões mais em conta ganharam direção assistida como padrão mas, em contrapartida, as superiores -- como a recém-lançada Crossover -- perderam o ar-condicionado de série, sem que o preço tenha sido reduzido de acordo.

Outros equipamentos, mais difíceis de perceber, são alvo fácil do processo de "depenação" por que passam vários automóveis. Meses após lançar o Clio nacional, a Renault retirou-lhe o espelho de cortesia no pára-sol do motorista, que até hoje não retornou, e o comando adicional de buzina na alavanca esquerda da coluna de direção -- as primeiras unidades traziam uma bem-vinda redundância, para atender ao mesmo tempo à preferência francesa e à do resto do mundo.

No novo Polo, as luzes de cortesia das portas desapareceram ainda em 2002, restando em seu lugar meros refletores, que até enganam... com as portas fechadas. No
Ka modelo 2003, o espelho de cortesia do motorista, a tomada de energia 12V e o limpador do vidro traseiro, antes de série, passaram a ser opcionais. Já no Corsa 1,8, junto da redução de preço em agosto último, gerada pelo menor IPI, a GM removeu itens como o desembaçador do vidro traseiro, essencial em qualquer veículo.

E não são apenas os carros pequenos os atingidos. O Astra não passou mais que algumas semanas com um rádio/toca-fitas de excelente qualidade, utilizado nas primeiras séries em 1998. Pouco depois, avaliada outra unidade pelo BCWS, já havia um sistema de áudio muito inferior, que permanece até hoje.
Pouco antes, em 1997, o Omega GLS perdera as convenientes telas de proteção solar no vidro traseiro.

No Vectra, o modelo 2000 adotou pintura básica (primer) em partes menos aparentes, como o compartimento do motor, e o 2003 a estendeu às partes expostas ao abrir a tampa do porta-malas. Ao abrir o capô dos últimos Kadetts GL, em 1997, o interessado podia perceber que até o revestimento fonoabsorvente da parede de fogo (divisória entre motor e habitáculo) fora abolido.

Há ainda os casos em que se nota o despojamento, mas sua extensão é bem maior do que aparenta. Quem trocar seu picape Strada Working 1,5 pelo novo Fire 1,25, estimulado pela redução de preço, certamente notará que o painel é o mesmo do antigo Palio. O que poucos perceberão é há muito mais retrocessos em relação à Working nessa versão: embreagem de comando a cabo, ar-condicionado mais ruidoso e de ajuste de temperatura difícil, central elétrica não-integrada (que a Fiat chama de sistema Venice).

Embora possam ser enquadradas pelo Código de Defesa do Consumidor, como Luís Carlos P. Garcia mostra em Questões de Direito desta edição, não se espera mesmo que os fabricantes anunciem as involuções sempre que elas ocorrem. Daí a importância de examinar com atenção o veículo -- e a relação de equipamentos divulgada -- e de se orientar por quem está atento aos detalhes, como é padrão desde sempre em seu BCWS.

Atualidades - Página principal - E-mail

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados