Na edição deste mês de uma de minhas revistas prediletas, a americana
Car and Driver, uma carta me chamou a atenção. Um leitor da
Flórida lamentava a escolha de versões com câmbio manual para um
comparativo de sedãs familiares, alegando que "a maioria dos compradores
nesta categoria compra câmbios automáticos".
O que respondeu o editor? "Não pretendemos agradar a todos os 17 milhões
de compradores de carros novos por ano, apenas os mais de um milhão da
ala lunática que busca o máximo de satisfação em dirigir, mesmo em
veículos mundanos. Trocar marchas maximiza a diversão."
Não entrarei aqui no mérito da questão sobre a "diversão de trocar de
marchas", mas o fato é que pensei imediatamente em nosso BCWS ao
ler a resposta daquele colega do norte. Desde o surgimento deste site,
em outubro de 1997, temos buscado atender a um segmento de leitores --
chame-se ou não de "ala lunática"... -- a que a maioria das publicações
não dá a devida atenção.
Seria ótimo poder atender a todos os brasileiros (e, claro, os
estrangeiros que sempre aparecem por aqui e são muito bem-vindos) que se
interessam por automóveis com as informações que cada um espera ver. Mas
sabemos que quem tenta se especializar em tudo acaba não se tornando
especialista em nada.
Por isso, definimos desde o início um rumo preciso para o BCWS:
atender ao entusiasta, aquele que tem -- relembrando o mote que usamos
até outubro do ano passado -- paixão por automóvel. Das avaliações e
comparativos aos artigos de carros do passado, preparação ou
automobilismo, nosso escopo sempre foi, é e será acrescentar informação
a quem já conhece automóvel, embora com uma linguagem acessível que não
priva o iniciante do entendimento.
Deixaríamos de comparar modelos da base do mercado ou de colocar um
deles no destaque de "capa", caso fosse a grande novidade do momento?
Absolutamente não, porque informar o entusiasta também envolve esses
veículos, não raro os que estão a seu alcance. Mas uma dessas avaliações
não ficaria sem o Comentário Técnico ou sem aqueles detalhes a que a
maioria das publicações não se refere.
Não faz muito tempo, um amigo comentou que a crise por que vem passando
a internet, com sites saindo do ar e outros atravessando dificuldades
financeiras, teria a ver com a falta de identidade desta fantástica
mídia, uma certa ausência de rumo. Minha resposta a ele foi imediata: o
BCWS sabe, desde seu início, a quem se destina e aonde quer
chegar com sua linha editorial.
Talvez esteja aí a razão de nosso sucesso, em cinco anos e meio, e do
entusiasmo com que continuamos olhando sempre à frente.
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