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Acrescentar, não substituir

Em mais um caso de previsões falharem, a internet veio
somar, não prejudicar ― mas nem todos perceberam

por Fabrício Samahá

Fabrício Samahá, editorQuando a televisão surgiu no final da década de 1940, falou-se no fim do cinema. O mesmo com o videocassete ao terminarem os anos 1970. Depois foi o fax, que viria acabar com o serviço dos correios, e o tiro de misericórdia do correio eletrônico. O último “acabar com” foi a internet, a nova mídia que — pensava-se — abalaria seriamente as estruturas de outra, a impressa. Nada disso aconteceu.

Somente a quarta parte do que os estúdios cinematográficos faturam — e que não é pouco — provém de exibição em salas de projeção. O resto é resultado da venda e/ou aluguel de fitas ou discos de vídeo. Os correios de todo o mundo experimentam uma expansão fabulosa, com as remessas expressas ocupando um lugar de destaque. E os jornais e revistas continuam mais firmes e fortes do que nunca, apesar da internet e as edições eletrônicas de publicações.

Hoje, praticamente todo jornal e revista tem seu espaço na internet — note o leitor que a grafamos com inicial minúscula, pois não há mais razão para escrever Internet —, que representa o complemento perfeito. Até os veículos de comunicação que não imprimem nada, como o rádio e a televisão, por mais poderosos que sejam, não podem prescindir de poder ser acessados na grande rede mundial. Quem nunca viu um jornalista de telejornal da TV Globo recomendar “veja mais em nosso site”?

Acrescentar foi o que ocorreu quando este editor, há quase sete anos, decidiu criar sua própria revista. No segmento de veículos havia as Cinco Grandes — Autoesporte, Carro, Motor Show, Oficina Mecânica e Quatro Rodas — e Um Grande em caderno de jornal, o Jornal do Carro, do Jornal da Tarde. Foi a internet que tornou possível o surgimento do BCWS. Sem ela seria necessário um importante investimento para lançar uma revista e para mantê-la nos primeiros meses ou mesmo anos, até que o empreendimento se tornasse rentável. As cinco revistas e o caderno estão aí até hoje.

Depois do BCWS vieram outros web sites automobilísticos e hoje são Cinco Grandes — nós, Carsale, CarroOnline, Motor Car e Webmotors. Curiosamente, o nome dos cinco faz uso do inglês, certamente espelho do caráter mundial da internet. É que não existe edição regional: não importa onde se esteja no planeta, basta um computador, hoje disponível em qualquer lugar, como os baratos cybercafés, para se ler este ou qualquer outro site.

Muitos leitores nos escrevem sugerindo uma edição impressa do BCWS e quem sabe isso um dia aconteça. Seria o verdadeiro ciclo invertido — primeiro revista eletrônica, depois a edição em papel. É a prova de que há lugar para todos, inclusive para quem prefira folhear fisicamente uma revista, em vez de rolar e mudar de página com o mouse.

Inacreditavelmente, ainda há mentes que acham que web site não é mídia de massa. Foi o caso recente do lançamento para a imprensa do Nissan 350Z, em que nenhum dos cinco sites foi convidado a andar no carro. A esperta (?) empresa deixou de contar a alguns milhões de leitores, muitos dos quais consumidores, como é este carro esporte japonês. Acima de tudo, desrespeitou-os ao achar que internet é bobagem. Ainda não percebeu que houve um acréscimo no panorama editorial.

Uma nova maneira de dizer “morreu e não sabe”.

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Data de publicação: 12/6/04

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