Ao publicar a
primeira edição do BCWS, no dia 22 de outubro de 1997, com 22
anos, eu "soltava o busca-pé e corria atrás da vareta". Da definição dos
assuntos à transmissão de arquivos ao servidor — então do sistema
Geocities —, passando pela elaboração de todo o conteúdo, eu fazia tudo
sozinho. E tudo era novo para mim nessa coisa fantástica chamada
internet, da qual eu era usuário havia menos de um ano.
Com uma proposta clara de cativar mentes e corações dos entusiastas por
automóvel, o site não demorou a conquistar colaboradores — em geral de
forma espontânea, embora algumas vezes eu tenha convidado leitores ou
colegas da imprensa a escrever. Fossem jornalistas ou apenas apaixonados
por veículos, essas pessoas formaram o que hoje posso considerar uma
grande e bela equipe.
Claro, não é a mesma dos primeiros anos, pois muitos não puderam ou não
quiseram continuar. Dois deles, o Carlos Guimarães e o Fabiano Mazzeo,
migraram para outros sites (Carsale e o extinto Autoplaza,
nesta ordem), atraídos pelas boas oportunidades da "bolha" da internet
na virada do milênio. Como o grupo de sites mais reconhecidos pelos
fabricantes nunca passou de cinco ou seis, eu costumava dizer que metade
da concorrência era formada pelo próprio BCWS...
Houve também colaboradores que mudaram de "lado do balcão", passando a
prestar serviços a fabricantes ou importadores, o que faz cessar a
colaboração por uma questão de ética. Aconteceu com o Luiz Alberto
Pandini (hoje assessor de imprensa do representante Porsche) e com o Bob
Sharp por algum tempo entre 2002 e 2003 (também na Porsche).
Do atual time, os mais antigos são o Iran Cartaxo, que chegou ainda no
início de 1998, e o Francis Castaings, que participa desde 1999. O Iran
conheceu o site ainda em suas primeiras semanas, através de uma
mala-direta por e-mail, e logo me convenceu a publicar sobre algo de que
poucos falavam — preparação de motores —, muito tempo antes que o
tuning virasse febre. Depois deles, mais de 20 vieram abordar
assuntos tão diversos quanto supercarros e serviço, modelos antigos e
motos, competição e curiosidades.
Um dos últimos a chegar foi o Luís Perez, vindo do jornal Folha de S.
Paulo, com seus artigos picantes e às vezes polêmicos. Não faz muito
tempo, tive que administrar uma crise quando ele escreveu uma coluna
rebatendo o que o Bob Sharp havia escrito, pouco tempo antes, sobre
cinzeiros e acendedores de cigarros. O Bob ficou possesso mas, pensando
bem, é impossível que se escreva tanto em intervalo de uma semana sem
que haja um raspão entre temas e, claro, colunistas. No final os ânimos
se acalmaram e tudo voltou à normalidade — ainda bem.
Atritos também ocorreram entre mim e alguns colaboradores. Ainda me
lembro dos puxões-de-orelha (virtuais, claro) em um deles, que
veio escrever ainda muito novo, aos 15 anos. Vez ou outra deixava de
entregar um artigo na data combinada, justificando-se por ter ido
passear de bicicleta no fim-de-semana... Embora em certo momento eu
tenha preferido interromper a parceria, somos amigos ainda hoje.
Alguns simplesmente desapareceram, depois de — ou mesmo sem — informar
que encerrariam sua participação no site. Houve até colaboradores de um
só artigo, que talvez não tenham se realizado como esperavam, apesar do
talento e da capacidade de muitos deles. E acredito que passem de uma
dúzia aqueles que não cheguei a conhecer pessoalmente, pois houve
colaborações de quase todo o país e muito de nosso contato era restrito
à internet.
Depois de quase sete anos, posso dizer que ensinei um pouco a muita
gente, mas também aprendi muito com todos eles. Aprendi a gostar de
temas em que pouco me inteirava em outras épocas. Aprendi a compreender
o modo como cada um prefere trabalhar, o tempo que cada colaborador
dedica a um artigo, o estilo que adotam diante do monitor. E aprendi
que, não importa a idade, a experiência ou as preferências, toda essa
gente tem algo em comum: uma paixão praticamente inesgotável pelo
automóvel.
É isso, em última análise, que nos mantém aqui, trabalhando para ter o
leitor sempre conosco.
|