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Em busca do prestígio

Com a terceira geração do Vectra, desenvolvida aqui, a GM
almeja recuperar o posto de "sonho da classe média"

por Fabrício Samahá

Fabrício Samahá, editorA General Motors revelou, há alguns dias, a primeira foto oficial daquele que poderá ser o mais importante lançamento do ano para a indústria automobilística nacional: a terceira geração do Vectra. Pela primeira vez desde o lançamento do modelo, em 1993, será um projeto próprio da filial brasileira, sem semelhança técnica ou de desenho com seu homônimo da Opel alemã.

A marca da gravata aposta suas fichas nesse sedã médio-grande, com o qual pretende recuperar a posição de prestígio desfrutada pelo segundo Vectra no final da década de 1990 e, em meados dos anos 80, pelo Monza. Nos últimos cinco anos, a liderança de vendas entre os sedãs médios e, não menos importante, esse espaço nos sonhos da classe média foram tomados pelas japonesas Honda e Toyota, com Civic e Corolla, nesta ordem (vale notar que a GM mantém o Astra entre os médios mais vendidos, mas com a soma da versão hatch, que inexiste nesses concorrentes).

O interesse de gerar expectativa e prejudicar a venda dos adversários, ao mesmo tempo em que não há prejuízo à própria marca (pois o antigo Vectra já deixou de ser produzido), explica a estratégia da GM de divulgar aos poucos o novo carro. Como se sabe, em maio um protótipo disfarçado pela decoração xadrez passou diante dos jornalistas presentes ao lançamento do Omega 2005, no campo de provas de Indaiatuba, SP. É provável que mais informações sejam fornecidas gradualmente nos próximos meses, até a estréia efetiva no último trimestre.

Pelo que se viu até agora, o novo Vectra promete. Terá belas linhas, opção de motor de 2,4 litros flexível e o sempre relevante atrativo da novidade, enquanto os nipo-brasileiros já têm mais de três anos nas gerações atuais. Ainda, o comentado atraso no lançamento do novo Renault Mégane — deve chegar só em março, não mais este ano — dará alguns meses de primazia à GM com o primeiro sedã médio da nova safra, que não demorará a contar com as evoluções de Civic e Corolla. É possível que a Volkswagen chegue junto com o Jetta, a nova geração do Bora, mas ainda não se sabe a que preço.

Outros pontos deixam dúvidas. Sabe-se que de Vectra o novo carro tem pouco: foi desenvolvido sobre a plataforma do Astra atual, lançado na Europa em 1997. É preciso ver como ficarão comportamento dinâmico e, sobretudo, conforto de rodagem com um conjunto inferior ao do próprio segundo Vectra — que foi o único automóvel produzido no Brasil com suspensão traseira multibraço, bem mais elaborada que o simples eixo de torção do Astra.

Há expectativa também quanto ao acabamento interno, pois carros de luxo há muito deixaram de ser a área de atuação da GMB. Se repetir as falhas do Astra, por exemplo, o novo carro pode encontrar dificuldade em competir na faixa de R$ 90 mil, que é onde se espera que entre a versão de 2,4 litros. Note-se que nessa classe não concorrerá com modelos nacionais, mas com importados de alta tecnologia, como Honda Accord 2,4 e Citroën C5 2,0.

Há quem acredite que a liderança entre os médios — agora falando do segmento de R$ 50 mil a R$ 70 mil — não saia mais das mãos dos japoneses, que cativam pela fama de qualidade e confiabilidade. Pode ser. Mas um esforço de memória mostra que o posto de "sonho da classe média" já foi ocupado por marcas e modelos muito diversos (Del Rey, Monza, Santana, Tempra, Omega, Vectra, Civic, Corolla) nos últimos 20 ou 25 anos. E nada impede que a GM o resgate com esse novo Vectra. É esperar para ver.

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Data de publicação: 9/7/05

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